Alberto Dines
Na edição 1696 de Veja, seção "Holofote" (pág. 38), o semanário da Abril revela como foi contagiada pelas próprias modas que inventa. De tanto louvar a doce vida no interior acabou assumindo todos os tiques e mutretas dos jornaizinhos provincianos.
Para vingar-se das críticas aqui registradas, ao referir-se à obra Histórias do Poder ? 100 anos de política no Brasil (Editora 34, três volumes), na qual este Observador aparece como um dos organizadores, menciona "o livro da General Motors" (empresa que patrocinou o projeto).
Nesta ordem de idéias, Veja deve ser chamada de "revista do Campari" ou da Renault ou da Embratel ou semanário do SBT ou de ACM ? tantos são os seus patrocinadores ostensivos ou escondidos.
Vendeta pueril (que Época, da mesma escola, já havia tentado), atinge os dois outros organizadores da obra que nada têm a ver com esse clima mesquinho de picuinhas e vinganças.
A.D.
A edição deste programa na noite de quinta-feira (GloboNews, 19/4) conseguiu colecionar, ao vivo e em cores, todas as deficiências da cobertura do mercado financeiro. Um clássico do nosso jornalismo dito "econômico".
Horas depois de encerrados os pregões das bolsas e dos mercados num dia febril mas, para o bom entendedor, nada excepcional considerando-se a atual conjuntura, o programa tentou passar uma superexcitação inteiramente superada.
Àquela hora, investidores e analistas já tinham contabilizado perdas e ganhos ou faziam planos para o dia seguinte. Portanto queriam dados, informações, sinais e percepções para os negócios de amanhã. Esta é a função do telejornalismo a cabo, teoricamente mais denso e consistente. E teoricamente dirigido a um público mais exigente.
E o que este público recebeu foram expressões como "terror", "histeria" etc., num clima, tom de voz e postura altamente dramatizados. E inconvenientes, considerando-se a sensibilidade dos chamados operadores do mercado. Os entrevistados ? profissionais experimentados, representando grandes investidores ? insistentemente convocados para confirmar a atmosfera apocalíptica, apesar de corteses, não conseguiam aderir à atmosfera de pânico e beira de abismo.
Não fosse assunto tão sério poderia ser visto como sátira.
Circo da Not?cia ? texto anterior