INTERNET EM CRISE
"Fundos da Internet perdem fôlego", copyright Jornal do Brasil, 3/09/01
"Quem se lembra dos fundos de Internet? Aqueles investimentos criados durante o boom das empresas de tecnologia no início do ano passado? Agora, com a queda no crescimento econômico mundial e a aversão ao risco por parte dos investidores, especialmente em relação ao mercado de ações, a rentabilidade desses fundos despencou. Alguns deles, de acordo com levantamento da Thomson Financial Invest Tracker, apresentaram queda de 99,80%.
Nos bons tempos, um dos casos de maior sucesso foi o Ip.com (Investidor Profissional). O mesmo que registra do lançamento ao hoje queda de lucro superior a 50%. ?Uma cota agora está no valor de R$ 4,5 mil, enquanto o investimento inicial foi de R$ 10 mil. Quem desejar vender, vai ter prejuízo. Essa queda se deve ao pessimismo atual em relação às empresas de Internet. Houve exageros no passado?, admite a gestora do Ip.com, Ana Dantas. Ela enfatiza, no entanto, que ao fim do período de maturação do investimento, este prejuízo não vai existir. ?Este é um investimento de longo prazo. O resgate do fundo só ocorre em 2005?, reforçou.
Difíceis de achar – Encontrar esses fundos não foi trabalho fácil. Apesar da nova classificação dos fundos, feita recentemente pela Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid), esta modalidade de aplicação não aparece em nenhuma delas porque pode pertencer às categorias fundo de ações, DI, alavancado ou outros. ?São considerados fundos de investimentos em valores mobiliários?, explicou Ana Carolina Zogno, analista da Thomson Financial Invest Tracker.
Alguns gestores não querem falar sobre seus produtos. As assessorias de imprensa dos bancos Liberal e Pactual explicaram que a direção das empresas não tinha interesse em falar a respeito, porque os fundos ou ainda estavam em fase de captação ou já estavam fechados. Foi preciso uma pesquisa junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O gerente de credenciamento de investimentos institucionais, Luis Felipe Lobianco, usou palavras-chave para identificá-los, como tecnologia, internet, telecomunicações.
Pesquisa – Numa pesquisa rápida, foram encontrados 12 fundos: ABN Amro Telecom, Safra Tecnologia, Santos e Funds Internet, Fundo Votorantim Tecnologia, Fundo de Investimentos e Ações Pactual Internet, GP Internet de Investimentos em Ações, Sudameris Estratégico (novo nome do Sudameris Futuro Fundo de Investimentos), Ip.com, Rio Bravo Investimentos em Tecnologia, MVP Tecnologia, CRP Tecnologia. Alguns desses fundos, explicou Lobianco, são mais genéricos, para investimentos em empresas de base tecnológica.
Ainda na pesquisa da CVM, identificou-se que existiram os fundos Maxima Tecnologia e Liberal Tecnologia. Outros não chegaram a ser lançados, como o Web.Leverage (do gestor independente Oswaldo Cochrane Neto), e o CSP Internet, do Banco Garantia (na relação enviada pela Anbid, apontando os fundos de ações setoriais telecomunicações) constam nomes diferentes. Dos fundos identificados pela CVM, apenas sete foram encontrados pela Thomson Financial Invest Tracker. E três deles têm rentabilidade positiva. O valor mínimo de aplicação é de R$ 1.000,00.
Metas – Ana Dantas, do Investidor Profissional, que administra recursos da ordem de R$ 300 milhões e lançou o primeiro veículo público de investimentos em Internet no Brasil, explica que queda de rentabilidade em fundos fechados podem ocorrer em determinado período, mas tendem a se diluir com o tempo. No caso do Ip.com, a meta é rentabilidade superior a 50% ao ano, após cinco anos, com opção de mais um ano. Este foi o primeiro fundo 100% Internet negociado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), com captação inicial de R$ 50 milhões. Investe exclusivamente em negócios embrionários de Internet, com potencial de valorização.
Felipe Candiota, da Agrif, empresa de análise de fundos de investimentos, alerta que o cotista deve ter cautela ao participar de fundos private equity (fechados ou institucionais). Os fundos de Internet, contou, quando lançados, tiveram, por um lado, muitos elegios e, por outro, sofreram inúmeras críticas. ?E até chacota porque muitas vezes eram feitos investimentos em empresas que tinham um site, mas não eram eminentemente ligadas ao mercado de tecnologia?, reforçou Vitor Duarte, diretor da Risk Funds, empresa de análise de risco.
?Os grandes investidores também perderam muito dinheiro. Aplicavam diretamente na Nasdaq (Bolsa de tecnologia dos Estados Unidos). E com a quedas da bolsa, o resultado foi dramático?, enfatizou Candiota."
UOL
"UOL diminui prejuízo e amplia receitas no primeiro semestre", copyright Valor Econômico, 29/08/01
"O Universo Online anunciou ontem seus resultados financeiros no segundo trimestre do ano e o consolidado para o semestre. Nos primeiros seis meses de 2001, o maior provedor de internet do país teve um prejuízo líquido de R$ 107 milhões e uma receita total de R$ 169 milhões.
O resultado representa uma diminuição das perdas da empresa da ordem de 35% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Quando ao faturamento, o aumento foi de 70,1%.
?São resultados que estão dentro do que prevíamos e que mostram que continuamos caminhando para resultados positivos?, diz Ricardo Florence, diretor de Relações com o Mercado.
O aumento de assinaturas é o principal responsável pela melhora do desempenho. Entre um ano e outro, o número de clientes saltou 86% – as assinaturas respondem por 77% do faturamento do provedor. As receitas com publicidade e com comércio eletrônico também cresceram: o aumento foi de 56%.
No balanço da empresa, o único dado que destoa do cenário de melhora é o salto do prejuízo do segundo trimestre em relação ao primeiro. Enquanto em 2000 a companhia havia conseguido reduzir suas dívidas de um trimestre para o outro, neste ano houve uma piora da situação.
O UOL teve um prejuízo de R$ 81 milhões no segundo trimestre – mais alto do que o prejuízo do mesmo trimestre do ano passado, que foi de R$ 79 milhões.
Florence justifica parte das perdas com os custos de reestruturação que a companhia teve por conta da absorção do site Zip.Net. Depois de fechado o negócio, o provedor demitiu 200 funcionários e reorganizou parte de seus produtos. ?Tivemos um custo alto com essa operação?, diz ele. Pelo menos R$ 38 milhões dos gastos estão relacionados ao processo. ?São números que não vão se repetir.?
O executivo acrescenta que outro custo alto do primeiro semestre foi financeiro, o que também deve diminuir em um futuro próximo. ?Conseguimos quitar nossas dívidas de curto prazo e os custos financeiros de nossa operação vão cair muito.?
O ponto de equilíbrio financeiro do UOL, o ?break even?, já foi anunciado anteriormente para o final deste ano. Florence, porém, se mostra cauteloso e não quer falar em prazos.
MERCADO
"Viana irá assumir a Globo Cabo", copyright Valor Econômico, 29/08/01
"O presidente da BR Distribuidora, Luiz Antônio Viana, foi convidado e aceitou assumir o comando da Globo Cabo. A operadora de TV paga e acesso à internet de alta velocidade, vem passando por ampla reestruturação. Já foram afastados 1,6 mil empregados e há expectativa de alterações na estrutura organizacional. O anúncio oficial de mudanças no comando será realizado em assembléia de acionistas que ainda não foi convocada.
Viana, que também foi sondado para ocupar a presidência da Telemar, deve permanecer ainda cerca de um mês frente à BR. Carioca, começou a vida profissional no BNDES, na década de 70, de onde transferiu-se para o Banco Mundial, em Washington.
O grande destaque da carreira de Viana foi a reestruturação do grupo Pão de Açúcar, que atravessou uma crise séria no início da década de 90. Foi ele o responsável pelo plano de redução do número de lojas, corte de funcionários e ajuste a uma nova filosofia do grupo de valorizar o consumidor. Criou, com sucesso, a figura do ombudsman no Pão de Açúcar, o que acabou estabelecendo uma canal direto de comunicação entre o consumidor e os supermercados.
A reestruturação societária da Globo Cabo já está sendo desenhada. Prevê a incorporação da Globotel, sua controladora, que por sua vez está sob o guarda-chuva da Globo Comunicações e Participações.
A operação irá fortalecer o caixa da empresa, que registrou no segundo trimestre prejuízo líquido de R$ 188,1 milhões, 6,5% menor do que as perdas de R$ 201,2 milhões no período anterior. No semestre, a Globo Cabo acumulou perdas de R$ 389,3 milhões, contra R$ 158,5 milhões em igual período do ano passado.
A reestruturação que está sendo desenhada prevê que a Globo Cabo irá incorporar ao seu balanço R$ 452 milhões do ágio pago com a aquisição das operadoras Multicanal, Vicom, NetSul e Unicabo e que estavam com a Globotel. Com a incorporação, a Globotel será extinta. A operação, que ainda não foi fechada pelos acionistas, irá aliviar a contabilidade e garantir que no terceiro trimestre o patrimônio líquido passe a positivo em R$ 318,2 milhões.
As mudanças na Globo Cabo virão acompanhadas da implementação de novas estratégias visando à oferta de serviços que aumentem a rentabilidade da malha de 35 mil quilômetros de cabos coaxiais e fibras ópticas. Uma das alternativas em estudo está na oferta de serviços para a área corporativa. Em paralelo, estão sendo projetadas novas aplicações do uso da rede de televisão a cabo para banda larga e novas ofertas de pay-per-view.
Microsoft e Bradesco são parceiros da Globo Cabo no desenvolvimento de soluções de TV interativa. Está sendo iniciado um teste, com 200 assinantes em Sorocaba (SP), permitindo que, por meio do controle remoto, o usuário busque informações bancárias. Há um outro projeto, batizado internamente de ?Brand Channel?, já assinado com a Varig (incluindo Star Aliance), Mastercard e Hotéis Hilton, que visa a oferecer em uma primeira fase pacotes turísticos e em uma segunda fase passagens para clientes Net e os corporativos Vicom."