Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Verdade escondida, mentira apoiada

FOLHA DE S.PAULO

Roberto Lopes

Ao mesmo tempo que a Folha de S.Paulo mostra seu interesse pela verdade, ela mostra seu total descaso. Ao mesmo tempo que a Folha trabalha para o país, ela o agride, ela o engana, ela o trai e o corrompe.

A editoria "Mundo" da Folha de S.Paulo continua sendo um território intocável, uma embaixada de governos e empresas corruptos, freqüentemente escondidos sob a expressão "agências internacionais", a qual sequer faz sentido. A expressão "agências internacionais" deixa os artigos do "Mundo" sem uma fonte real, pois ela não significa nada. Quantas agências são? Cem? Vinte? São tantas que não haveria espaço para mencioná-las? Ou o problema é que sempre são as mesmas duas ou três agências e elas ocupam quase o caderno todo, quase todos os dias?

Para piorar, a Folha parece tentar enganar o leitor ao colocar nos artigos o crédito "Da Redação" e, no fim, em letras menores, "Com agências internacionais".

A Folha continua a apoiar e acobertar crimes contra a humanidade, mesmo quando a redação, o Conselho Editorial e seu ombudsman estão cientes de que a Folha publica mentiras tão absurdas que podem ser refutadas em poucos minutos. Artigo publicado neste Observatório tem mais informações sobre os crimes que a Folha acoberta e apoia [veja remissão abaixo].

Quanto mais a Folha é informada sobre suas mentiras, mais ela parece determinada a protegê-las. Por exemplo: é altamente questionável que a Folha dedique páginas inteiras a FYROM (Ex-República Iugoslava da Macedônia), sempre referindo-se enganosamente ao país como "Macedônia"; e não diga que a ONU reconhece o país apenas como FYROM ? iniciais de Former Yugoslav Republic of Macedonia [abaixo, link para página da ONU].

É suspeito também que a Folha em "seus" longos artigos sobre FYROM não compartilhe com o leitor o fato de que FYROM não tem absolutamente nenhuma relação histórica, cultural ou lingüística com a Macedônia nem com qualquer outra parte da Grécia. Por quê? O jornal optou por uma mentira e agora deve tentar protegê-la?

Como marionete

Desde 1998, enviei a vários endereços da Folha aproximadamente 200 mensagens. Quase toda semana, me vejo obrigado a enviar novas mensagens para reiterar meus protestos ou para refutar
novas mentiras, sempre sobre os mesmos assuntos, sempre das mesmas supostas "agências internacionais".

Para minha surpresa e decepção, o Painel do Leitor e até mesmo o ombudsman se revelaram completamente indiferentes às graves acusações que faço à Folha e aos seus gravíssimos erros. Em 2000, a responsável pelo Painel do Leitor me fez acreditar durante meses que publicaria em breve uma mensagem minha descrevendo os problemas com o caderno "Mundo" e também com a então ombudsman, Renata Lo Prete.

Perguntado no dia 11 de janeiro deste ano sobre o andamento daquela mensagem, Luiz Antonio Del Tedesco, atual responsável pelo Painel do Leitor, até hoje não respondeu. Cinco
meses deveriam ser mais que suficientes para uma resposta. Mesmo enviando a pedido de resposta ao ombudsman, não a obtive.

O comportamento tanto de Renata Lo Prete como do atual ombudsman, Bernardo Ajzenberg, ilustram perfeitamente o comportamento contraditório da Folha. O jornal se diz a serviço do país mas o engana e seu compromisso com o leitor se limita a situações nas quais certas mentiras não são mencionadas.

A então ombudsman, quando perguntada sobre o sistemático apoio da Folha a vários crimes
contra a humanidade, disse, junho de 2000, que não via motivo para pedir correções à Redação. Compreensivelmente, eu quis saber o porquê e se ela considerava apropriado a Folha publicar mentiras e acobertar genocídios, invasões, limpezas étnicas e outros crimes. Também perguntei se ela podia apontar algum erro em minhas mensagens. Ela deixou seu cargo, vários meses depois, sem responder estas simples perguntas, as quais foram reenviadas várias vezes.

O atual ombudsman, este parece estar disposto a seguir sua antecessora no que se refere às mentiras repetidas quase todos os dias pelo caderno "Mundo". Perguntado em 29 abril sobre as mesmas mentiras do caderno "Mundo", até hoje ele não me enviou uma resposta.

Durante três anos, enviei à Folha informações e fontes de informações mais que suficientes para demonstrar para qualquer pessoa honesta que o caderno "Mundo" tem errado. O silêncio com que a Folha responde meus protestos e acusações e a atitude vergonhosa daqueles que deveriam representar o leitor me fazem considerar a hipótese de que pelo menos parte do mais importante jornal do país pode ser manipulada. Não vejo outra explicação para pessoas mentirem conscientemente.

Os jornalistas têm a obrigação de ser capazes de demonstrar o que publicam. Se for o caso, que a Folha demonstre o que publica e refute meus protestos. Sinto-me envergonhado por ver o principal jornal do meu país agindo como uma marionete, como se não fôssemos capazes de pensar e precisássemos que os EUA e a Inglaterra nos dissessem o que é a verdade e o que não é.

O que a Folha espera para parar de apoiar vários crimes contra a humanidade? Uma ordem dos EUA?! Por alguma razão, o jornal age como se houvesse ofensas contra a humanidade graves e outras perfeitamente aceitáveis, a ponto de até apoiar algumas delas. Os jornalistas da Folha parecem tentar esquecer que nós também somos alvos, e que pessoas honestas não apóiam crimes.

Leia também

Crimes contra a humanidade ? Roberto Lopes

Página da ONU sobre FYROM

    
    
              &nnbsp;      

Mande-nos seu comentário