Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Vestígios do apartheid

MONITOR DA IMPRENSA

ÁFRICA DO SUL

Um grupo de professores da província de Joanesburgo, África do Sul, considerou imprópria para estudantes de colegial uma série de trabalhos literários, disse Rachel L. Swarns [The NewYork Times, 23/4/01]. Entre os textos condenados estava Hamlet, July?s people, da Prêmio Nobel de Literatura Nadine Gordimer, e textos de autores negros. Para Nadine, a decisão lembra os tempos do apartheid. Sua novela foi considerada extremamente racista e protetora.

A reação da mídia africana foi rápida e furiosa. O ministro da Educação, Kader Asmal, que estava de férias quando a lista foi divulgada, condenou os professores e telefonou a Nadine para se desculpar e assegurar que nenhum livro seria proibido. No domingo, dia 22, o chefe do Departamento de Educação da região de Joanesburgo e Pretória apareceu ao vivo em rede nacional com a escritora e se desculpou. Ele disse que as recomendações foram rejeitadas por seu gabinete.

Os professores, todos brancos, estavam revendo a lista de livros dos graduandos para garantir que valores pós-apartheid de tolerância e igualdade eram transmitidos. Também disseram ter avaliado o estilo e a qualidade do material. July?s people, um romance de 1981 sobre uma família de brancos que escapa da guerra civil com a ajuda de seus empregados, foi rejeitado por não apresentar boa gramática. Hamlet foi considerado eurocêntrico e pessimista.

SUPLEMENTO CULTURAL

Depois de anunciar modifica?es em seu suplemento semanal de literatura, o Chronicle, o maior jornal de São Francisco (Califórnia, EUA), recebeu protesto de diversos leitores. Segundo Reed Johnson [Los Angeles Times, 20/4/01], a idéia de mudar ou reduzir a seção cultural foi considerada uma afronta à auto-estima literária da cidade.

O jornal nega a redução do número de páginas, e afirma que as mudanças farão a seção ficar mais abrangente e mais fácil de localizar. Depois de ter sido adquirido pela Hearst, recentemente, o Chronicle tem passado por um processo de replanejamento geral. A estréia da seção estava prevista para o último domingo de abril, dia 29, com novas seções dominicais de comentários, análises e estilo de vida. Segundo Phil Bronstein, vice-presidente e editor-executivo, a idéia é trazer mais entrevistas com autores e ensaios, além das tradicionais resenhas.

Em todo o país, estão diminuindo vários suplementos culturais ? que não atraem muitos anunciantes. No dia 19, o Boston Globe anunciou que seu suplemento de livros de domingo, que vinha separado, deve ser incorporado a outra seção. O caderno do New York Times, o mais influente do país, reduziu o espaço para ensaios. O Seattle Times cortou dois terços do número de resenhas. Isso talvez explique por que o Chronicle não convenceu seus leitores.

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