ENSINO DE JORNALISMO
Antônio Brasil (*)
Viajar de avião, principalmente para os Estados Unidos, se tornou um inferno. Mas nem todo mundo está contando prejuízos com o terrorismo e a guerra. Além da indústria de armamento e dos noticiários internacionais, outro setor da nova economia está contabilizando um verdadeiro boom de grandes negócios. São as empresas especializadas em reuniões virtuais por videoconferência. Executivos, homens de negócios, advogados, conferencistas e tantas outras atividades que necessitam interagir com um grande número de pessoas de diferentes partes do mundo estão descobrindo a viabilidade dessas reuniões virtuais.
A tecnologia disponível para esse tipo de interação já está tecnicamente e economicamente disponível para a maioria dos mortais. Trata-se de mais um subproduto da revolução interativa da internet, com a linguagem do vídeo e da televisão ao vivo. Ao contrário das claudicantes companhias aéreas, as primeiras vítimas dos novos tempos de terror, os índices de crescimento do setor de videoconferência explodem, no bom sentido, é claro.
O medo de voar em tempos de terrorismo kamikaze impulsiona essa atividade comunicacional de uma forma radical. E já aparecem anúncios oferecendo videoconferências regularmente na nossa imprensa especializada. Os cadernos de informática destacam as maravilhas da interação em tempo real para todos os interessados. Os empresários que apostaram nessa idéia estão rindo de ponta-a-ponta. O interesse cresceu muito e a ociosidade das facilidades disponíveis é coisa do passado.
E o que isso tem a ver com o jornalismo ou o ensino de Jornalismo? Tudo! Imagine só o potencial dessa tecnologia para os editores em suas redações durante as reuniões diárias de pauta. O contato visual entre seres humanos ainda é fundamental. Os velhos filmes de ficção científica, como Flash Gordon, nos anos 20, já anunciavam o futuro da videoconferência. Apesar da eficiência do telefone e da "caixa de sapato" – aquele sistema privativo de audioconferência disponível há anos em empresas como a Globo ?, sempre houve a necessidade da complementação visual nas discussões entre os jornalistas. Além da carência por uma conversa "olho no olho", sempre sonhamos em mostrar gráficos, fotos, ou mesmo jornais para justificarmos nossas pautas, para convencermos nossos editores de que aquela matéria merecia ser produzida. Uma explosão de dados como nunca se viu!
Mas é no ensino a distância que a videoconferência demonstra todo o seu potencial. Principalmente para os professores de comunicação de disciplinas audiovisuais como o telejornalismo. Pare um instante para imaginar. Você, professor, corrigindo aquelas matérias produzidas em vídeo pelos seus alunos no conforto da sua residência em tempo real, ao vivo. É óbvio que a videoconferência também pode ser utilizada em qualquer outra disciplina. Mas a interação audiovisual disponibilizada por essa tecnologia é verdadeiramente excitante em termos de possibilidades educacionais para um futuro que insiste em dizer que já chegou!
(*) Jornalista, professor de Telejornalismo da Uerj