Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Viva a mídia canadense!

GUERRA AO CANADÁ

Marinilda Carvalho

Foi a mídia canadense, quem diria, que descobriu e levou às primeiras páginas a represália política por trás do veto do Canadá à carne brasileira. No pano de fundo, a briga entre Davi e Golias, ou melhor, Embraer e Bombardier no mercado internacional de aviões. Nossa mídia tomou as dores de Brasília – até se compreende –, mas não custava apurar mais cedo o que estava por trás da decisão de Ottawa. Afinal, a Embraer <www.embraer.com> nasceu estatal em 1969, mas foi privatizada em 1994, comprada pelo grupo Bozano, Simonsen e os fundos de pensão Previ e Sistel, que hoje detêm 60% do capital. Só que em 1999 grandes grupos aeroespaciais europeus conquistaram 20% das ações com direito a voto: Dassault Aviation, Snecma, Thales e EADS.

Se duvidar até a Bombardier tem um naco deste latifúndio: ela é dona de um monte de empresas de transportes – em terra, mar e ar – da Europa e mundo afora. Tem nada menos que 56 mil empregados e negócios em três continentes. O faturamento dela em 2000 foi de US$ 13,6 bilhões, 90% gerados fora do Canadá. É mole?

Mas isso está no site da empresa – <www.bombardier.com>, versões em inglês e francês –, não exige investigação. Tínhamos que ter ido atrás das influências da Bombardier sobre o governo canadense, porque o Canadá é a Bombardier, a Bombardier é o Canadá.

A imprensa canadense foi.

Leiam abaixo mensagem do nosso colaborador Isak Bejzman, que por sua vez recebeu informe da Exame/News.

"Eles estão do nosso lado?

Embargo canadense foi por motivos políticos, aponta enquete de jornal de Toronto

A maioria dos internautas que votou numa enquete online do jornal The Globe and Mail, de Toronto, acha que o governo canadense decretou o embargo à carne brasileira por razões políticas. Do total de 2.621 votos registrados até as 21h de sexta-feira (9/2), 74% atribuíam o embargo a razões políticas, contra apenas 26% dos que creditavam o bloqueio a preocupações de ordem sanitária.

Na mesma edição, o jornal canadense publicou artigo intitulado ‘Nossa guerra com o Brasil’, com críticas ao primeiro-ministro Jean Chrétien. O texto dizia que era falta de bom senso o governo canadense brigar com o Brasil, ‘país cujo apoio é crucial para qualquer projeto de livre comércio’, justamente quando se aproxima o momento das negociações para a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).

Outros jornais canadenses, como Montreal Gazette e Ottawa Citizen, estamparam a disputa comercial entre o Brasil e o Canadá em suas primeiras páginas. O assunto também esteve no ar durante todo o dia nos veículos online. (Mariane Corazza)"

Os leitores lá em Toronto já estavam votando "do nosso lado" desde a semana passada, e nós aqui chorando sobre o leite derramado da vaca louca. Muita emoção, pouca apuração.

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