BUSH SOB FOGO CRUZADO
Que o Washington Post tem sistematicamente atacado o governo Bush quanto à guerra ao Iraque, não é novidade. De uns tempos para cá, porém, esse ataque tem sido mais incisivo. No dia 10/8, o jornal dedicou um artigo de capa de cerca de 6 mil palavras, escrito por Barton Gellman e Walter Pincus, que, segundo Sridhar Pappu [The New York Observer, 18/8/03] é o mais fervoroso e perturbador sobre o assunto já publicado no Post.
Com isso, o jornal da capital federal americana assume a dianteira, à frente do New York Times e outros, na cobrança ao governo dos EUA da reconstrução do Iraque e da busca de armas de destruição em massa, principalmente agora que os dois assuntos devem fervilhar com a aproximação das eleições presidenciais.
Nicholas Lemann, novo reitor da prestigiosa Escola de Jornalismo da Universidade de Colúmbia, disse que "essa é uma estratégia que [o ex-editor-executivo] Ben Bradlee desenvolveu e colheu frutos, e que se tornou popular com o caso Watergate… É a maneira do Post de estar no mundo como o New York Times."
"Se você quer tornar uma publicação fundamental, precisa dar notícias quentes", disse David Von Drehle, redator sênior da equipe nacional do Post. "Precisa dizer coisas que as pessoas não encontrarão em nenhum outro veículo. É impossível se interessar por política americana, Casa Branca e política internacional sem ler o Washington Post. Não é leitura opcional."
Para Lemann, "o que o Post tende a fazer é abrir mão de 95% dos assuntos, dedicando-se fortemente a 5%, concentrados na grande história do momento, como a guerra no Iraque. Assim, em artigos avulsos, acabam superando o Times."
Mas de maneira geral, a cobertura do Times é bem mais forte, afirma Lemann. "Não há comparação. As reportagens to Times têm alcance bem maior e uma missão bem mais ambiciosa."