O BRASIL NO EL PAÍS
“Na capa do ‘El País’, Marta ataca elites”, copyright O Estado de S. Paulo, 7/1/04
“RIO ? Síntese das contradições brasileiras, marcadas pelo abismo entre pobres e ricos, São Paulo é o melhor ponto para observar o Brasil um ano após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirma a última edição da revista EP(S) ? El País Semanal, publicada aos domingos pelo diário El País, da Espanha. Chamada na capa pelo título ?Brasil Ano 1 ? Retrato de São Paulo, espelho em que se mira o país de Lula? e ilustrada por uma foto da prefeita Marta Suplicy (PT) sorridente, com a capital paulista ao fundo, a reportagem mescla críticas e elogios ao País e ao presidente.
O ?gigante da América Latina? é a 12.? economia do planeta, mas no social está no fim da fila, diz o repórter Francesc Relea. Lula, segundo a reportagem, ainda não conseguiu romper o ?ciclo infernal? causado pela má distribuição de renda que deprime o mercado interno, ?apesar de ter vencido os preconceitos daqueles que duvidavam de sua capacidade?.
Marta diz ao El País que as elites ainda não começaram a mudar e ?não querem repartir, como demonstraram recentemente no Congresso ao se negarem a aumentar o imposto de 4% que as grandes fortunas pagam pelas heranças?. Ela afirma que muitos funcionários do governo, como a secretária-executiva do Bolsa-Família, Ana Fonseca, saíram dos quadros da Prefeitura. ?Estamos há três anos no governo, e se começa a ver o resultado de nossa administração.?”
O BRASIL NO LE MONDE
“Luiz Eduardo critica Lula no ?Le Monde?”, copyright O Globo, 8/1/04
“Em entrevista ao jornal francês ?Le Monde?, o ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares acusa o governo federal de nada fazer contra a violência nos bairros pobres. ?O governo está lavando as mãos diante do verdadeiro genocídio de jovens negros e pobres das favelas e dos bairros problemáticos?, afirmou o ex-secretário ao jornal francês.
Para Luiz Eduardo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem preferido manter uma ?política baseada na velha concepção que considera a insegurança uma simples conseqüência dos problemas sociais?. Na entrevista, o ex-secretário diz ainda que está deixando o PT.
Segundo jornal, Brasil teria 45 mil homicídios por ano
O ?Le Monde? afirma que, no Brasil, ocorrem 45 mil homicídios por ano. De acordo com a reportagem, a taxa quadruplicou em 20 anos e, entre os países que não enfrentam guerras civis, o Brasil detém o recorde de mortes por arma de fogo.
Luiz Eduardo ficou nove meses no governo e saiu diante de denúncias de que contratara a mulher e a ex-mulher. ?O desapontamento começou muito cedo, já que a Secretaria de Segurança Pública ficou no âmbito do Ministério da Justiça, em vez de estar ligada diretamente à Presidência?, disse ele ao jornal francês.
Na reportagem, Luiz Eduardo é citado como um dos ?primeiros intelectuais brasileiros a se mostrar simultaneamente preocupado com os direitos humanos e com a eficácia do combate à criminalidade?. O jornal diz ainda que ele criou a Delegacia Legal, no Rio, desburocratizando o atendimento policial.
Luiz Eduardo também critica duramente a polícia. Diz que as taxas de elucidação de homicídios mostram uma tendência à impunidade ? já que apenas 4% dos casos no Rio de Janeiro e 12% em São Paulo são resolvidos. Diz ainda que a divisão de tarefas entre a Polícia Militar, encarregada de fiscalizar, e a Polícia Civil, responsável pelas investigações, cria uma ?esquizofrenia institucional?. ?O governo deveria tomar a iniciativa de fazer uma reforma nas polícias com o mesmo vigor empregado nas reformas da Previdência e tributária?, disse o ex-secretário ao jornal francês.”
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“Bastos responde às críticas de Luiz Eduardo”, copyright O Globo, 9/1/04
“BRASÍLIA. O Ministério da Justiça respondeu ontem às críticas do ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares à política de segurança do governo Lula. Em entrevista ao jornal francês ?Le Monde?, Luiz Eduardo acusou o governo de ?lavar as mãos? diante da escalada da violência no país. Em carta mandada ontem ao jornal, o ministério chama de improcedentes as críticas do ex-secretário e ressalta que, ao pedir demissão, ele elogiou o governo.
O texto diz que o governo Lula vem implementando desde o começo do mandato ?a mais ousada política de segurança pública feita no país nos últimos 20 anos?. Cita, como exemplo principal, o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e o combate às fraudes e à lavagem de dinheiro.
A carta menciona a Operação Anaconda, da Polícia Federal, que levou à prisão um juiz federal, uma auditora aposentada da Receita Federal e policiais federais acusados de montar um esquema de venda de sentenças judiciais com atuação em São Paulo e ramificações em outros quatro estados. Mas não cita que o ex-secretário pediu demissão diante de denúncias de que contratara a mulher e a ex-mulher.”
O BRASIL NA ECONOMIST
“Revista dá destaque a livro sobre o MST”, copyright Folha de S. Paulo, 9/1/04
“INGLATERRA ? A revista semanal inglesa ?The Economist? dá destaque, em sua próxima edição, ao primeiro livro a respeito do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) publicado nos Estados Unidos, ?To Inherit the Earth? (Herdar o Planeta Terra), da Food First Books.
Segundo a resenha, os professores americanos Angus Wright e Wendy Wolford conseguem mostrar no livro que o MST é ?imprescindível para o projeto mais amplo de estabelecer a democracia e a justiça no Brasil?.
A revista diz que a luta dos sem-terra é violenta e ?põe um milhão de pobres contra poucos fazendeiros que agem com a impunidade dos barões feudais?.
?O MST é herdeiro da tradição dos quilombos e de Canudos?, afirma a ?Economist?.”
O BRASIL NO NYT
“Deu no The New York Times“, copyright Folha Online (www.folha.com.br), 5/1/04
“Sei que tem um toque provinciano, mas não deixa de ser emocionante estar em Nova York, sábado de manhã, abrir o ?The New York Times? e ver uma reportagem, com direito a generosa chamada de primeira página, sobre uma invenção social brasileira ? questão social brasileira, na imprensa estrangeira, geralmente mostra desgraça, matança, selvageria.
A reportagem indicou como a bolsa-escola virou, no Brasil, uma proposta suprapartidária, capaz de melhorar a educação, reduzir a pobreza extrema e, ao mesmo tempo, disseminar-se pelo mundo. É, de fato, uma das melhores idéias sociais do país, embora muito tenha para ser aperfeiçoada, a começar do fato de que, no geral, a escola pública é ruim.
Nessa experiência, há algumas valiosas lições, a serem pensadas neste ano. Duas delas: 1) proposta social boa é aquela que tem foco, não se dispersa, capaz de ser avaliada permanentemente. 2) Não deve ser um projeto de um indivíduo, de um partido ou de governo, mas de toda uma nação, para que independa das veleidades.
Se Lula conseguir ampliar a Bolsa-Família, que absorveu a bolsa-escola, agregando governadores e prefeitos, terá marcado um gol social ? e teremos um dos mais importantes programas do mundo de complementação de renda.”