A crise e seus limites
O quadro político, que parecia cada vez mais limitado ao contexto da campanha eleitoral, ganhou novos e potencialmente explosivos ingredientes. Mas os processos em curso tendem a se anular. De um lado, Silvio Pereira, se efetivamente depuser hoje no Senado, já sinalizou que não dirá nada capaz de comprometer o presidente Lula e outros dirigentes petistas. De outro lado, o esquema de compra fraudulenta de ambulâncias, sejam 17, 70 ou 170 os deputados envolvidos, é evidência das limitações que tolhem a busca da verdade no Congresso Nacional.
Estatuto da Igualdade Racial
Pode ser uma derrota para os movimentos negros a denúncia apresentada no Jornal Nacional contra o deputado Reginaldo Germano, do PP da Bahia, por suposto envolvimento com a máfia das ambulâncias. Ele é o autor do substitutivo do Estatuto da Igualdade Racial que tramita na Câmara dos Deputados.
Jornais melhoram, revistas pioram
Ontem à noite, no programa de televisão do Observatório da Imprensa, nosso colaborador Luiz Weis, responsável pelo blog Verbo Solto, lembrou, a propósito da greve de fome de Anthony Garotinho, que no final de janeiro, na abertura da corrida sucessória, a revista IstoÉ publicou a favor do ex-governador só parte de uma pesquisa do Ibope. A parte que o beneficiava. Garotinho não reclamou.
Weis constatou também que os jornais, até recentemente, costumavam fazer o que hoje fazem as revistas semanais: sensacionalismo com denúncias. Mencionou especificamente a dobradinha da Folha de S. Paulo com o procurador da República Luiz Francisco de Souza. De lá para cá, os jornais melhoraram. E as revistas, infelizmente, pioraram. Até hoje, por exemplo, não houve qualquer esclarecimento a respeito dos supostos dólares que, segundo a Veja, a campanha do PT teria recebido de Cuba em 2002.
Velocidade versus qualidade
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, comenta uma preocupação do encontro internacional de ombudsmans que se realiza em São Paulo. Trata-se do conflito entre velocidade, potencializada pela internet, e qualidade da informação.
Egypto:
– Terminou ontem, em São Paulo, a vigésima sexta conferência anual da ONO, uma organização mundial de ombudsmans. O encontro foi organizado pelo ouvidor da Folha de S.Paulo, Marcelo Beraba.
Fechado ao público, ao contrário do Fórum Folha de Jornalismo, que começa hoje, o jornalismo na internet foi um dos assuntos debatidos no primeiro dia do evento. De acordo com reportagem da Folha publicada ontem (terça, 9/5), um painel conduzido pelo professor Edward Wasserman, da Washington and Lee University, discutiu os desafios à ética que a velocidade e abrangência da internet suscitaram na prática do jornalismo.
É uma questão grave: como garantir o fundamento da credibilidade em meio à competição veloz e acirrada pela notícia? E um problema ainda maior: como lidar com as matérias tecnicamente erradas – ou mesmo as estritamente fajutas – que se mantêm disponíveis à consulta pública por meio dos motores de busca?
O jornalismo eletrônico deve submeter-se a um princípio básico das velhas redações de papel: nada pode substituir uma boa apuração.
Correspondentes fazem falta
Carolina Vila-Nova é repórter de Internacional da Folha de S. Paulo. Há quase um ano ela foi à Bolívia cobrir a crise provocada pela lei de Hidrocarbonetos, que levou à renúncia do então presidente Carlos Mesa. Ela previu que a crise seria de longo prazo. Em janeiro ela cobriu a eleição de Michelle Bachelet para a presidência do Chile. Carolina defende a existência de uma rede de correspondentes estrangeiros de jornais brasileiros.
Carolina:
– A maior falha da cobertura internacional hoje é a impossibilidade que os jornais têm de manter correspondentes fixos em vários países. Isso acaba tornando a cobertura muito reativa às crises que acontecem nos diversos países. Apesar da gente trabalhar com fontes de governo, fontes independentes, analistas, contar com os coleguinhas dos jornais dos outros países, o fato do jornalista estar naquele local dá a ele uma temperatura diferente do que está acontecendo.
Dívida de campanha
O senador Delcídio Amaral se licenciou e em seu lugar assumiu Antônio João Hugo Rodrigues, do PTB de Mato Grosso do Sul. Ele é dono de jornal, rádio e TV em Campo Grande. A Constituição proíbe que parlamentares sejam donos de concessões públicas, como emissoras de rádio e televisão. Mas a lei não se cumpre. Antônio João foi um dos financiadores da campanha de Delcídio em 2002 e lhe deu apoio político em seus veículos. Dívida de campanha.
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