A dívida da humanidade
Os jornais deram grande atenção ao relatório sobre a ‘pegada ecológica’ da humanidade, divulgado ontem pela Ong WWF.
O eixo principal da notícia dá conta de que, para manter a vida moderna, consome-se 30% mais do que a capacidade da Terra de oferecer recursos naturais.
Cada ser humano precisa, hoje em dia, da produção equivalente a 2,7 hectares de área biologicamente produtiva do planeta.
Acontece que a área disponível é de apenas 2,1 hectares por pessoa.
A diferença, segundo especialistas citados pela imprensa, é o que se chama de débito ambiental.
Assim, feitos os cálculos, o consumo de recursos naturais já ultrapassa em 30% a capacidade do planeta de se regenerar e recuperar esse patrimônio.
Nesse ritmo, e considerado o crescimento populacional, em 2030 serão necessários dois planetas como a Terra para alimentar, vestir e abrigar a humanidade e manter as demais necessidades da vida contemporânea.
Cada um dos três principais jornais destacou um aspecto do estudo, mas de maneira geral o material publicado contém informação suficiente para aconselhar o leitor a prestar atenção aos seus hábitos de consumo.
O Globo escolheu o título mais explícito: ‘Humanidade está em débito com planeta’.
A Folha de S.Paulo vai na mesma linha, mas o Estadão preferiu destacar um aspecto positivo para os brasileiros, ao observar que o Brasil é o segundo maior credor ambiental do mundo.
O jornal paulista está se referindo ao fato de que o Brasil é o segundo país do mundo, logo após os Estados Unidos, com uma boa relação entre seu patrimônio de recursos naturais e sua produção de bens.
A diferença se dá no consumo: enquanto cada brasileiro usa o resultado de uma área biologicamente produtiva de 2,4 hectares para viver, um cidadão americano consome o equivalente ao produto natural de 9,4 hectares.
Os campeões mundiais do consumo de recursos naturais são os habitantes dos Emirados Árabes, que gastam 9,5 hectares cada um.
A Folha de S.Paulo foi o jornal que trouxe o tema para mais próximo da compreensão dos leitores, ao observar que, como mais de três quartos da população mundial vivem em países com débito ambiental, a humanidade está produzindo uma ‘bolha’ de crédito ambiental, que pode conduzir a uma crise ecológica sem precedentes.
Mais ou menos parecido com a atual crise financeira.
Só que muito pior.
A boa notícia é que, nesse caso, a humanidade não depende das decisões dos financistas, mas de uma mudança de comportamento de cada consumidor.
A liberdade de cada um
Sai novo ranking sobre a liberdade de imprensa no mundo.
Luiz Egypto, editor do Observatório da Imprensa:
– A organização Repórteres Sem Fronteiras divulgou semana passada a sua classificação anual sobre a liberdade de imprensa no mundo. O levantamento compreende o período de 1º de setembro de 2007 a 1º de setembro deste ano. Foram compilados dados de 173 países para aquilatar o grau de liberdade que usufruem os jornalistas e os meios de comunicação de cada um, além das medidas criadas pelos Estados nacionais para respeitar e fazer respeitar essa liberdade.
Os critérios para estabelecer a posição no ranking de um país são balizados pelo conhecimento dos dados gerais sobre a mídia local, os informes sobre agressões, prisões e ameaças diretas e indiretas contra jornalistas e seus veículos, casos de censura e autocensura, pressões judiciais e econômicas e a existência de meios públicos e independentes.
À exceção de Canadá e Nova Zelândia, os vinte primeiros colocados são países europeus – Islândia à frente. O Brasil está na posição número 82, atrás de Suriname, Uruguai, Chile, Argentina e Equador, para ficar apenas nos sul-americanos. Repórteres Sem Fronteiras atribui a posição do Brasil ‘a alguns casos graves de violência contra a imprensa’. De acordo com a organização, a principal lição da pesquisa é a constatação de que é a paz, e não necessariamente a prosperidade econômica, a principal responsável pela garantia da liberdade de imprensa.
Nos últimos lugares da classificação está o trio Turcomenistão, Coréia do Norte e Eritréia – posições que mantêm pelo menos desde 2005.