A esquecida reforma política
O Tribunal Superior Eleitoral votou sobre a verticalização sem entender direito o que estava fazendo. O protagonismo do ministro Marco Aurélio Mello, presidente do TSE, contribuiu para que a mídia deixasse em segundo plano a discussão de fundo que o caso suscita: a reforma política e novas regras para eleições. A mídia tem dificuldade para cobrir processos. É movida a eventos.
Não basta noticiar
Alberto Dines mostra como a mídia pode influir, ou não, para a sociedade dar resposta a afrontas que sofre.
Dines:
– O depoimento do chefão Marcola aos deputados da CPI do Tráfico de Armas só confirma a necessidade de uma pronta resposta do Estado brasileiro à sedição representada pelo PCC. Marcola fez questão de não deixar dúvidas sobre o fim do motim nos presídios: só acabou quando seus advogados acompanhados pelas autoridades policiais passaram aos rebelados, por celular, a informação de que ele, Marcola, estava bem. Foi uma provocação explicita e inequívoca com o intuito de dizer que quem manda naquele pedaço do Brasil que está atrás das grades é o PCC e não o governo. Não se sabe o que o Estado brasileiro fará com esta constatação colhida por oito deputados federais. Qualquer reação já virá atrasada e enfraquecida. O motim do MLST na última terça-feira produziu uma resposta coesa de todos os partidos, poderes e instituições. Evidentemente capitaneada pela mídia. Já a resposta ao motim do PCC passados quase 30 dias continua deletéria e desfibrada. Evidentemente inspirada numa imprensa que sabe noticiar mas ainda não aprendeu a convocar.
Crime age
Que ninguém se iluda. O crime organizado se move com desembaraço. No Rio, bandidos julgam e executam. Em São Paulo, Marcola disse que já tem sucessor no PCC e que está jurado de morte por um grupo rival. Houve ameaças à comitiva de deputados que foi ontem a Presidente Bernardes. Presos realizam uma rebelião branca no estado. O jornal ABC Color, do Paraguai, citado pelo Midiamax News, de Mato Grosso do Sul, informa que a organização comandada por Fernandinho Beira-Mar estaria sendo reorganizada no estado. No presídio de Campo Grande invadido pela Força Nacional de Segurança houve tentativa de fuga. Depois da ocupação policial.
O governo federal não dá um pio e a imprensa não cobra uma ação integrada das autoridades.
Falta falar de futebol
Adalberto Piotto, âncora do programa de rádio vespertino CBN Total, resume uma conversa que teve recentemente no ar com colegas da crônica esportiva.
Piotto:
Os jogadores estavam reclamando da cobertura excessiva da imprensa na Copa do Mundo da Alemanha. A gente tem uma seqüência da mesma coisa toda hora. Há uma cobertura excessiva. E pode-se até compreender quando o repórter vai lá e grava um treino de cobrança de falta, que é uma coisa extremamente sem graça para a maioria, mas dá para entender. É segmentado, segmentado vai sempre fazer isso. O problema é quando você começa a mostrar jogo de computador de jogador, jogador escolhendo a cueca. E quando se faz um investimento imenso como esse, o que não se tem, por incrível que possa parecer, é uma cobertura de fato do futebol, do que vai acontecer. Uma cobertura mostrando como cada uma das seleções que vai enfrentar o Brasil está se preparando. E não se fez isso até agora, [salvo] um ou outro comentarista. Nós temos um monte de repórter lá especializado em Brasil, em “galera”, mas muito pouca gente especializada ou interessada verdadeiramente em futebol.
Talvez a mídia aberta vá fazer um pouco mais de oba-oba, faz parte do jogo. Mas mesmo assim esse oba-oba já está cansando, e está cansando antes da Copa começar.
México em campanha
A campanha para as eleições no México daqui a três semanas, dominada pela disputa entre Andrés Manuel López Obrador, do PRD, e Felipe Calderón, do PAN, governista, tornou-se uma guerra suja. Será que os jornais brasileiros vão esperar a véspera do pleito para mandar enviados especiais?
O estilo do país
No país das novelas, a CPI dos Bingos caminha para um final confuso, o PT vai digerir lentamente o ato insurrecional do MLST e a Varig míngua semana após semana.
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