Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

>>A volta da euforia
>>Observatório na TV

A volta da euforia


Passado um ano de crise financeira internacional, os jornais brasileiros transitaram do mais tenebroso catastrofismo para uma insistente desconfiança e agora embarcam alegremente na celebrada volta da pujança total aos mercados.


É manchete ou destaque na maioria dos diários, nesta terça-feira, a notícia de que o banco Santander prepara a emissão de ações na Bolsa de Valores de São Paulo, em volume bilionário, como nos recentes tempos da euforia total.


Os detalhes da operação disponíveis na imprensa informam que o banco de origem espanhola deve inaugurar a retomada com o lançamento de ações no total aproximado entre R$ 11 bilhões e R$ 13 bilhões, o que representaria a maior oferta pública de ações no mercado nacional em todos os tempos.


Os analistas estão de olho em detalhes como o volume da distribuição de lucros aos acionistas e as condições da oferta de crédito após essa operação, fatores que podem indicar o estado de confiança do mercado e confirmar a condição do Brasil como líder da retomada do crescimento econômico mundial após a crise.


No entanto, os jornais ainda se apresentam pouco críticos em relação às condições em que se processa a retomada da economia.


A Folha de S.Paulo é o único dos grandes diários que chama a atenção dos leitores para o fato de que a crise econômica internacional reforçou a concentração do setor bancário no Brasil.


Sabe-se, embora não seja tema frequente no noticiário, que a reforma iniciada em 1995 com o Proer – Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional – tornou mais sólido o sistema, porém não produziu melhores condições de concorrência entre os bancos.


Com isso, nem sempre o sucesso de uma operação como a anunciada nesta terça-feira corresponde a benefícios para a sociedade como um todo.


Concentração significa menos alternativas e menos poder de barganha para os clientes, diante das taxas de juros e de serviços cobradas pelos bancos.


Quando celebra a retomada do crescimento econômico, a imprensa deveria perguntar, como a citação latina: “Cui bono?” – quem ganha com isso? 


Observatório na TV


O presidente Lula da Silva declarou em Nova York, onde foi receber um prêmio internacional ao serviço público, que pretende promover no Brasil um debate sobre políticas públicas para a democratização da internet.


Esse é o tema do Observatório da Imprensa na TV, nesta terça-feira.


Especialistas convidados, entre os quais o cientista político Marcus Figueiredo, o jornalista Caio Túlio Costa e o senador Eduardo Azeredo, irão debater o uso da internet durante o processo eleitoral, tanto em relação às campanhas quanto em relação ao noticiário sobre as eleições.


O senador, que relatou o projeto de reforma eleitoral, provocou polêmica ao propor a proibição aos portais de empresas de comunicação social de veicular na internet pesquisa que contenha manipulação de dados ou dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação sem motivo jornalístico que o justifique.


Depois, voltou atrás e encaminhou novo texto, propondo a liberdade na internet durante as eleições.


O novo texto do relator retira as restrições à web impostas anteriormente e determina que “é livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral”.


No entanto, há controvérsias sobre a eficácia e a conveniência da proposta.


Uma das questões é como regular e assegurar o direito de resposta em condições compatíveis com o eventual dano causado por postagens maliciosas ou incorretas – fatos muito comuns durante as campanhas eleitorais.


O Observatório da Imprensa passará a ser exibido a partir desta terça-feira, às 23 horas.


Ao vivo na TV Brasil, em rede nacional.


Em São Paulo pelo canal 4 da Net e canal 181 da TVA.