Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Ainda política e polícia
>>Circulação estagnada

Ainda política e polícia


Lembra a história de Al Capone, o gângster americano que acabou na cadeia por causa do imposto de renda. O cerne da crise do “mensalão” é político, mas o caminho para desfazer a rede de cumplicidades mafiosas é criminal. O gerente de restaurante que poderá provocar a derrubada de Severino Cavalcanti resolveu procurar as revistas semanais depois de ouvir o discurso do deputado Gabeira contra o presidente da Câmara. Mas o assunto acaba canalizado para a Polícia Federal. E a Veja foi consultar um perito para comprovar a autenticidade do documento de gaveta assinado por Severino.


A Veja, por sinal, só ontem terminou de apurar a matéria que saiu sábado em sua edição semanal, e já estava na televisão na noite de sexta-feira. Muitas vezes o prato chega meio cru às mãos do leitor.


Retaliação


O Painel da Folha desta quarta-feira, 7 de setembro, noticia uma ameaça de Severino Cavalcanti: em represália às denúncias que a mídia veicula, a assessoria do deputado divulgaria um dossiê com nomes de jornalistas que teriam recebido irregularmente verbas da Câmara. Pode ser blefe.


Pé-de-chinelo


Nas histórias do “mensalão” ainda não apareceram mocinhos, só bandidos. O que muda são as modalidades de trambiques e, sobretudo, a escala da corrupção. Severino Cavalcanti, nos termos das acusações que lhe são feitas, faz jus ao título de “rei do baixo clero”. A suposta propina do restaurante fica muito distante dos milhões de dólares operados pelos Delúbios, Valérios, Dudas, Malufes. Maluf, por sinal, faz publicar hoje matéria paga em que acusa seu doleiro de tentar extorsão. Na escala dos milhões, os financiadores são outros. As CPIs e a polícia ainda não disseram qual é a fonte da dinheirama.


História oficial


No site da Mendes Júnior, que reapareceu ontem nas denúncias contra Maluf, há uma página dedicada à história da empreiteira de obras públicas. Na parte relativa ao período 1994-2003 não há registro de obras para a prefeitura de São Paulo. Na semana passada, a Folha de S. Paulo noticiou que o relatório final da CPI sobre o Tribunal de Contas do Município de São Paulo constatou ter havido pagamentos indevidos nos contratos referentes a diversas obras, entre elas a avenida Água Espraiada e o túnel sob o Rio Pinheiros.


Circulação estagnada


O editor do Observatório da Imprensa online, Luiz Egypto, comenta o resultado de uma enquete feita na semana passada sobre as preferências de leituras de internautas.


Egypto:


– Todas as semanas, o Observatório na web promove uma enquete em nossa “urna eletrônica”. A iniciativa não tem valor científico, por tratar-se de uma mera sondagem, mas os resultados obtidos sempre trazem informações interessantes.


Na edição da semana passada, mil e cento e dois internautas responderam à seguinte pergunta: “Qual o meio que você mais usa para acompanhar o noticiário da crise política?”


Exatos 50 % disseram acompanhar a crise pela internet, 17% pela TV aberta e outros 17%, pelos jornais. Oito por cento responderam que seguem a crise pelo rádio, 6% pela TV paga e apenas 2% pelas revistas.


É natural que numa sondagem dirigida a internautas, a internet saia em vantagem. Mas chamou a atenção a baixa votação das revistas e, sobretudo, o bom desempenho dos jornais, que se igualaram aos índices da TV aberta. Isto denota o prestígio que ainda goza o meio impresso – muito embora, como mostramos na edição desta semana, a circulação dos jornais tenha aumentado apenas residualmente em função do noticiário sobre a crise.


Abertura e desigualdade


O Brasil melhorou sua posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano calculado com base em dados de 2003 mas continua um dos países mais desiguais do mundo.


O Ministério da Fazenda, noticia-se hoje, propõe um grau maior de abertura da economia, e resistem a ela os ministérios do Desenvolvimento e das Relações Exteriores, partindo de pressupostos diferentes.


A abertura, ou inserção, como preferia o ministro da Fazenda de Collor Marcílio Marques Moreira, pode ser um ingrediente para reduzir a concentração de renda, porque o país passaria a depender menos de mão-de-obra barata e mais de aumento da produtividade da economia. Em matéria de mão-de-obra barata, ninguém compete com China e Índia.


Por falar em Collor, Lula, que vai hoje à noite à TV, pediu que as pessoas saiam no Sete de Setembro de verde e amarelo. Collor também pediu.