Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

>>Alerta máximo
>>Noticiário magro

Alerta máximo


As denúncias de que há manobras para livrar de punição deputados envolvidos na crise de corrupção são caso para alerta máximo, e a mídia tem procurado fazer seu papel de vigilância. O Painel da Folha dá hoje nomes de dois possíveis beneficiários, Wanderval Santos, do PL, e Vadão Gomes, do PP.


O deputado Osmar Serraglio passa uma sensação de impotência ao ameaçar colegas com a justiça das urnas. Falta uma reportagem que ilumine os bastidores da nova maracutaia, palavra que, por sinal, o presidente Lula nunca mais usou. O desafio é vencer o fortíssimo corporativismo parlamentar.



Propaganda suspeita


Nesta quarta-feira, 4 de janeiro, a Folha noticia auditoria em que o Tribunal de Contas da União constata irregularidade praticada pela Caixa Econômica Federal a favor do banco BMG. Enquanto se acumulam denúncias de irregularidade na gestão dos Correios, da Caixa e de outras empresas, elas fazem em horário nobre da televisão propaganda institucional. Como se nada tivesse acontecido. A mídia ignora a manobra de seus anunciantes.


E la nave và


Como entender o descasamento entre crise política, gestão governamental medíocre e os seguidos êxitos destacados no noticiário de economia? A Bolsa de Valores e o risco-país batem novos recordes positivos. Será que investidores já conseguem enxergar melhor o potencial do país quando alia tamanho e sofisticação da economia a alguma solidez das instituições, apesar dos pesares. E onde fica a dolorosa desigualdade social? Incapaz de perturbar o coro dos contentes? Faltam explicações.



Noticiário magro


A baixa produção não é exclusividade do Congresso Nacional. O Alberto Dines reclama do regime de emagrecimento por que passam os jornais nesta temporada.


Dines:


– Os primeiros minutos do Jornal Nacional de ontem foram inteiramente tomados por catástrofes aéreas, catástrofes subterrâneas e catástrofes fluviais. Os jornais dos últimos dias podem ser lidos nos mesmos dez minutos. A culpa deve ser dos tais multiplicadores de opinião, que parecem não estar interessados em multiplicar opiniões, cansados de tanto opinar nos últimos seis meses. Por isso quem está fazendo notícia é a Mãe-Natura. No hemisfério norte, caprichou no inverno, talvez o pior deste pequeno século. Aqui no hemisfério sul, a Natureza recorreu às velhas enchentes. Irritada com tanto besteirol, resolveu mostrar que o presidente Washington Luís tinha toda a razão quando proclamou que “governar é abrir estradas”.


Hoje ninguém se lembra nem quer se comparar a Washington Luís, o presidente derrubado por Vargas na chamada revolução de 1930. Mas aquele fluminense que fez carreira em são Paulo antecipou JK em 25 anos, um quarto de século. E dele ninguém se lembra. Enquanto a ministra da Casa Civil briga com o Ministro dos Transportes para saber se as estradas federais são mais esburacadas do que as estaduais, percebe-se que o buraco maior é aquele que em meteu-se o leitor de jornais e revistas. Paga pelas mirradas edições que lhe entregam nestes dias de verão o mesmo preço que lhe custam aquelas fartas edições do meio do ano que levavam duas horas para serem lidas. Um abuso.


Fiscalizar as obras


É evidente que as obras anunciadas ontem fazem parte de um pacote regido pelo calendário eleitoral. Não há novidade nisso. O que a imprensa precisa apurar é, primeiro, se são de fato as obras mais relevantes. Ouvir mais vozes. A transposição do São Francisco, por exemplo, pode até ser relevante, mas vem sendo adiada há um século e meio. Segundo: será que as mudanças tecnológicas e na geografia econômica não afetam planos antigos? É preciso checar se todos os projetos ainda são válidos. Terceiro, acompanhar a realização das obras. Obra pública, no Brasil, ainda é a principal fonte de receitas escusas. Ou já terá sido superada por alguma outra fonte, como a publicidade governamental?



Espionagem conspícua


Idéias e iniciativas do novo diretor da Abin, Márcio Buzanelli, já competem pelo pódio do anedotário nacional. É uma flor da entressafra no noticiário de política. O novo chefe da espionagem também gosta de publicidade, como seu antecessor, Mauro Marcelo.


Abin é a sigla de Agência Brasileira de Inteligência, vejam só.