Ameaça contra Delcídio
É da maior gravidade a denúncia feita pelo senador Delcídio Amaral a respeito de ameaças contra sua família. Se os poderes da República – imprensa entre eles – vacilarem, sabe-se lá como será a campanha eleitoral.
Longe da imprensa
As CPIs vão, sim, acabar melancolicamente, porque agora governo e oposição estão irmanados no interesse em abafar. E a mídia, por mais que tenha lutado para revelar os fatos, não conseguiu ir muito longe na apuração. No entanto, empresas e instituições de algum modo associadas às denúncias, como os Correios, Furnas e o Sebrae, continuaram a funcionar ao longo de todos esses meses sem que tivesse sido produzida uma única reportagem a respeito delas.
A moda dos modismos
O Alberto Dines diz que uma reportagem da Folha sobre direita e esquerda exacerba os modismos.
Dines:
– Mauro, você comentou ontem a espalhafatosa matéria da Folha sobre o aparecimento de uma nova direita no Brasil como decorrência da crise do PT. Ora, este tipo análise, mundana e apressada, não ajuda a explicar nossa conjuntura política e, o que é pior, ainda distribui preconceitos e estigmas. Inclusive com relação a um dos intelectuais citados, veterano articulista da Folha. A questão da ideologia hoje em dia ficou ainda mais complexa justamente por causa de simplificações como esta da Folha. Todo aquele que é contra Bush é de esquerda? Bobagem. É direitista aquele que considera prioritário o combate ao terrorismo? Asneira. Admite-se este tipo de brincadeira política numa conversa de bar, botequim, não num jornal sério. Cabe à imprensa desfazer equívocos, esclarecer e não disseminar ingenuidades. Virou moda inventar modismos e o nosso jornalismo em vez de combater estas manias faz o possível para difundi-las. A crise do PT não tirou a direita do armário, como pretende a Folha, ao contrário, reforçou as convicções dos que sempre foram esquerdistas. Leviandade tem limite.
Radiobrás responde
A Radiobrás afirma nesta quinta-feira, 16 de fevereiro, em carta à Folha de S. Paulo, que a estréia de uma nova grade de programação na TV Nacional de Brasília não tem nenhuma relação com “o suposto deslocamento de equipes para reportagens especiais sobre obras e projetos do governo Lula”. É resposta a uma nota dada ontem no Painel da Folha. A Radiobrás diz que as decisões sobre a programação haviam sido tomadas há meses.
TV Globo e isenção
A TV Globo anunciou que pretende observar estrito equilíbrio na cobertura da campanha eleitoral. Mílton Temer, integrante da Executiva do Partido Socialismo e Liberdade, faz uma distinção entre cobertura de imprensa escrita e cobertura nos meios eletrônicos:
Milton Temer:
– O que o PSOL espera da cobertura dos meios de comunicação nesta campanha eleitoral é, antes de tudo, muita honestidade e muita transparência. Os órgãos de comunicação impressa, que são propriedades privadas, são entes privados, têm o direito de editorializar e assumir claramente a posição dos seus candidatos, desde que não sirvam como instrumento de calúnia para os candidatos dos candidatos adversários, porque aí existe a legislação para se responder a isso.
No caso da mídia eletrônica, há que haver um controle permanente, porque os efeitos dela são imediatos e são irreversíveis, e se trata no caso de meios de comunicação que são concessões de direito público entregues a entes privados. É preciso ter claro que o que os canais de televisão na verdade são são produtoras privadas que usam o meio público, que são os canais a elas concedidos e, portanto, não podem abusar disso no seu interesse privado. Elas têm que atender ao equilíbrio absoluto e, nesse caso, à igualdade de direito entre os candidatos apresentados.
Crime no Espírito Santo
Nenhum jornal estabeleceu nexo causal entre a libertação de José Carlos Gratz, ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, acusado de chefiar o crime organizado no estado, e a demissão, no final do ano passado, do secretário de Segurança, Rodney Miranda, após um episódio de aparente erro da polícia local numa escuta telefônica. Será que uma coisa não tem nada a ver com a outra?
Guerra na Rocinha
A polícia do Rio virou uma espécie de central de observação da briga de quadrilhas. Incapaz de impedir os conflitos. Será incompetência profissional ou inibição pelo envolvimento de policiais corruptos em atividades criminosas? E a mídia se limita a reproduzir declarações.
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