Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Amor pelo PT virou ódio
>>Noticiário fragmentado

Amor pelo PT virou ódio


Que não se estranhem as reações irritadas na imprensa com a iniciativa petista de barrar o depoimento do caseiro Francenildo. A mídia foi no passado a grande parceira do PT nas denúncias em CPIs. O amor foi traído e virou ódio.


Ribeirão Preto


Bom serviço presta hoje o Estadão ao recapitular as acusações que pesam contra a gestão do então prefeito de Ribeirão Preto Antonio Palocci. Se o PT era beneficiário de irregularidades, sua direção já as conhecia e as subestimou. A Folha faz um apanhado dos casos que incomodam o partido de Lula.


Politicamente, é difícil para o presidente trabalhar com a hipótese de Palocci deixar o Ministério da Fazenda. Mas pode acontecer.



Noticiário fragmentado


Alberto Dines pede uma cobertura menos fragmentada da crise política.


Dines:


– O nível da discussão está baixando, a tensão está subindo e parece que a mídia não está conseguindo juntar todos os cacos para oferecer ao público um quadro da gravidade de situação. A intervenção do Supremo no Congresso é inédita sobretudo porque o mandado de segurança que a produziu foi impetrado por um dos vice-presidentes do Senado. Isso nunca se viu. Como nunca se viu uma intervenção aberta das Forças Armadas num estado da federação sem qualquer pedido formal do governo estadual. A família Garotinho só pensa nas prévias do PMDB no domingo mas o Estado do Rio de Janeiro, neste exato momento, deixou de ser um estado autônomo – essa é a verdade. Não estamos muito longe de uma ruptura em partes vitais do aparelho republicano mas os meios de comunicação, aparentemente, não querem ou não conseguem digerir o volume de fatos e deles tirar conclusões.


A mídia só sabe lidar com fragmentos, mais interessada no que contou o caseiro da mansão onde se reunia a República de Ribeirão Preto em Brasília do que nos desdobramentos políticos e institucionais do enfrentamento entre Judiciário e Legislativo. Mais uma vez o cidadão brasileiro só vai entender o que está se passando hoje quando ler os livros de história amanhã.


Análise, no fim de semana


Para cumprirem adequadamente seu papel, as revistas que circulam amanhã devem trazer novas informações sobre os assuntos que dominaram o noticiário durante a semana. E, ao mesmo tempo, apresentar análises que permitam uma visão articulada da conjuntura política. O mesmo serviço de alto interesse público se espera dos jornais de domingo.


Mas os jornais de hoje já trazem algumas reflexões relevantes. Uma delas é que a campanha eleitoral será dura. A pancadaria, literalmente, pode anteceder a campanha. Pode ocorrer já na luta interna dentro do PMDB entre governistas e oposicionistas.


Olhar para a frente


Começam a circular análises sobre o racha no PSDB fazendo paralelo com o que aconteceu no PMDB com a ascensão de Orestes Quércia, eleito governador em 1986 numa campanha em que seu correligionário Fernando Henrique Cardoso, entre outros, apoiou a candidatura do empresário Antônio Ermírio de Morais, pelo PTB. Depois nasceu o PSDB.


Alckmin também é um político do interior paulista, também não foi aluno nem professor da USP, mas imaginar que a cisão atual no PSDB é uma imitação do que ocorreu no PMDB é sintoma de preguiça mental. O que interessa é saber quais são as diferenças entre a atual e outras conflagrações no PSDB.


É a periferia


O que acontece na periferia paulistana interessa pouco aos dois grandes jornais da cidade. Sem sombra de menção na primeira página, hoje a Folha noticia que em um mês 13 corpos foram encontrados queimados em carros carbonizados na região metropolitana.


Imprensa livre muda o jogo


Embora tenha servido a outras finalidades, entre elas obter melhores informações sobre os locais atingidos, a ação do Exército no Rio foi essencialmente uma negociação baseada na asfixia do comércio de drogas. Continua no ar a pergunta sobre como o Estado brasileiro pretende recuperar os territórios hoje ocupados pelo tráfico.


A revelação, pela Folha de S. Paulo, de que houve uma negociação ativa, não tácita, entre militares e traficantes, removeu o véu que cercava o assunto. Com esse caso, e o da carteirada de seu comandante, o Exército descobre tardiamente, na própria pele, a existência no Brasil de uma imprensa que tem qualidades e defeitos, mas acima de tudo é livre.


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