Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Blair, Lula e a imprensa
>>Companhia incômoda

Alagoas na berlinda
 
Vários jornais foram examinar melhor o universo alagoano, berço político de Fernando Collor, junto a quem Renan Calheiros emergiu para o palco principal da cena brasileira. É um avanço em direção a melhor apuração jornalística própria.
 
Cheque elástico
 
Noticia-se com tristeza o andamento da representação contra Renan Calheiros no Conselho de Ética do Senado, mas a imprensa não abriu mão de cumprir suas tarefas. Hoje, o Globo mostra que na papelada do presidente do Senado um mesmo cheque aparece em dois pagamentos diferentes.
 
Blair, Lula e a imprensa
 
Alberto Dines faz uma distinção entre queixas contra a imprensa feitas pelo quase ex-primeiro-ministro Tony Blair e o recém-reeleito presidente Lula.
 
Dines:
 
– As queixas contra a imprensa manifestadas pelo premiê Tony Blair e pelo presidente Lula na semana passada foram muito comentadas. Elas têm pontos em comum no seu teor, mas diferenciam-se  numa questão básica: o primeiro ministro inglês encerrou o seu mandato, é praticamente um ex-premiê. Ainda ocupa a casa 10 da rua Downing, em Londres mas não manda, não tem poder, pode criticar à vontade sem que isso represente uma ameaça. O presidente Lula, ao contrário, está no auge do poder, Assumiu o segundo mandato há seis meses, portanto manda e desmanda, faz e desfaz. O ataque de Tony Blair à imprensa do seu país pode ser entendido como reclamação de um simples cidadão, no máximo membro do parlamento. Já as críticas do presidente Lula, chefe do governo e chefe de estado,  por isso mesmo, podem ser vistas como intimidação. Um governo não pode apresentar-se como vítima da imprensa, não faz sentido, é brincadeira. A imprensa não prende, o governo prende, a imprensa não pode legislar, o governo pode. A imprensa não pode fechar um governo, no máximo pode combatê-lo, mas o governo pode suspender ou fechar um ou todos os veículos de informação com apenas uma assinatura. Tony Blair  nos interessa agora como um veemente observador da mídia. O presidente Lula, mesmo fazendo piada sobre a mídia, este pode preocupar.


Companhia incômoda
 
Na Argentina, setores da mídia resistem ao rolo compressor do presidente Néstor Kirchner, e a internet ajuda a divulgar informações que contrariam o jogo do primeiro mandatário. Ele quer evitar que na próxima eleição presidencial, marcada para outubro, seus adversários apontem qualquer tipo de proximidade dele com o ex-presidente Carlos Menem. Mas não será fácil. Mostram-se na televisão trechos de noticiários em que os dois aparecem fraternalmente juntos.
 
A Folha de S. Paulo deu ontem o endereço na internet de um vídeo que mostra grandes elogios feitos por Kirchner, quando governador de Santa Cruz, ao então presidente Carlos Menem.
 
Jornalista de televisão:
 
– Porém há mais sobre as relações carnais entre Carlos Menem e Néstor Kirchner.
 
Kirchner:
 
– Querido senhor presidente, o povo de Santa Cruz, de uma ponta a outra, lhe diz presente e lhe agradece a presença neste confim da Argentina, de todo o coração. Estou profundamente agradecido, porque discutindo nos termos da Federação, com compreensão do que é o país, com a experiência de ter sido governador de uma província pequena, sabedor de como é preciso lutar, sempre tivemos as respostas que nos solucionaram os problemas para que Santa Cruz vá saindo da situação que lhe coube viver (aplausos).
 
Mauro:
 
– Os jornalistas da televisão em seguida lamentam que esses trechos de filmagem do encontro de Kirchner e Menem tenham ficado esquecidos durante anos e anos, ao sabor das conveniências do ocupante da Casa Rosada.

Clique aqui e veja o vídeo.


A guerra carioca
 
Um morto, um ferido, uma criança traumatizada teriam sido bastantes para que se examinassem com grande reserva as operações policiais iniciadas há 47 dias no chamado complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Ontem, a morte de um engenheiro que abastecia seu automóvel a dois quilômetros do cenário de guerra elevou para 23 o número de mortes. Foram feridas 67 pessoas. Um morto a cada dois dias, quatro feridos a cada três dias. E cinco mil crianças sem escola até hoje. A imprensa limita-se a registrar, submissa ao discurso oficial.


Corrupção e insegurança
 
O Estadão manteve em grande destaque o noticiário sobre acusações de corrupção na Polícia Civil paulista. Falta agora analisar como esses fatos afetam a política de segurança pública estadual.