Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Congresso fora da lei
>>Privatizações

Disparates


Um político faz uma acusação marqueteira, cola em alguém um rótulo exaltado. A mídia reproduz como se fosse algo respeitável. E assim se intoxica o ambiente político com disparates que o mais elementar bom senso recomendaria descartar.


Congresso fora da lei


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala de um balanço onde se mostra que oitenta parlamentares federais eleitos controlam emissoras de rádio e televisão, o que é vedado pela Constituição.


Egypto:


– A Agência Repórter Social divulgou anteontem um levantamento mostrando que um terço dos senadores e dez por cento dos deputados eleitos em 1º de outubro são controladores de emissoras de rádio e televisão. Oitenta parlamentares estariam nessa condição privilegiada.


Como se sabe, a Constituição de 1988 transferiu para o Legislativo a prerrogativa de conceder e renovar concessões de canais públicos de radiodifusão. Antes, porém, da promulgação da Carta Magna, uma farra de distribuição de concessões a políticos, coordenada pelo então ministro das Comunicações Antonio Carlos Magalhães, na prática assegurou os votos que garantiram cinco anos de mandato ao presidente José Sarney.


O que parecia ser um avanço democrático na nova Constituição foi contaminado pelo conflito de interesses. Parlamentares concessionários de emissoras de rádio e TV têm assento na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática – justamente a instância que, na Câmara, decide as outorgas e as renovações. Segundo a Repórter Social, 12 dos deputados agora reeleitos estão nessa Comissão.


Conteúdo é esteio de avanço


O jornalista Caio Tulio Costa, primeiro dirigente do Universo Online e hoje o executivo principal da área de internet do IG, controlado pela operadora de telefonia Brasil Telecom, fala da importância do conteúdo nos portais.


Caio Túlio:


– O IG chegou a uma marcada recorde, histórica, de um milhão de assinantes de banda larga. Esse é um anúncio muito importante para o mercado de internet brasileiro. Isso coloca o IG na vice-liderança de acesso em banda larga no Brasil. Nós mostramos também aqui, hoje, um dado muito importante. Que de abril para cá o IG é o portal que mais cresceu em audiência. Nós crescemos 18%, sendo que os nossos concorrentes não passaram de 0,4%, 2% e no máximo 8%. Muita coisa tem colaborado nisso. A qualidade extraordinária dos nossos conteúdos, feitos por parceiros como, por exemplo, o Observatório da Imprensa. A grande quantidade e, mais do que quantidade, a qualidade de conteúdos que a gente vem agregando ao site. Conteúdos de parceiros importantes, que estão preocupados em fazer com que o internauta participe da construção desse conteúdo. As campanhas que fizemos de publicidade do próprio IG e várias transformações técnicas que fizemos nas nossas páginas. Outubro é o mês em que a fusão IG-iBest-BrTurbo completa um ano e o nosso objetivo é continuar nessa escalada rumo ao primeiro lugar na internet brasileira.


Mauro:


– O primeiro lugar em banda larga é do Terra, da Telefônica, que tem um milhão e meio de assinantes.


Concorrência


Os jornais, hoje, ignoram o anúncio do IG e destacam a Net, operadora de TV por assinatura das Organizações Globo, que anunciou alta recorde do número de clientes de televisão e banda larga. Mencionam-se também planos da TVA e da Telemar. Quanto mais concorrência, desde que não haja apelação, melhor.


Privatizações


Maria Silvia Bastos Marques, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, defende hoje no Estadão e no Globo as privatizações iniciadas em 1990. Menciona que em 1992 o prejuízo consolidado das siderúrgicas foi de 260 milhões de dólares e o lucro consolidado em 2005 foi de quatro bilhões de dólares.


A Vale do Rio Doce, hoje nas manchetes de economia por ter se tornado a segunda maior mineradora do mundo, tinha 11 mil funcionários em 1997 e tem hoje 44 mil empregados.


Isso a executiva não disse, mas imagine-se o que seria um governo de Lula do PT e “base aliada” com as pilhas de cargos em estatais de outrora.


Segundo Maria Silvia, serviços de telecomunicação – fixo, móvel, TV por assinatura e banda larga – agora são prestados a 141 milhões de brasileiros. A base de telefones celulares passou de 7 milhões em 1998 para cerca de 100 milhões hoje.


Esse capítulo da História brasileira recente ainda não foi devidamente compreendido pela mídia dita tradicional.