Contra as aventuras
A batalha está todo santo dia em muitas páginas dos jornais. Vai se intensificar se o crescimento do PIB vier ralo, como se prevê agora. O ex-presidente do BNDES Luís Carlos Mendonça de Barros, um crítico, declara hoje na Folha de S. Paulo seu apoio à política de Palocci. Escreve: “Já sofremos bastante com a heterodoxia irresponsável e não podemos arriscar nosso futuro com outra aventura do tipo ´mais inflação para termos mais crescimento´. Isso não existe, e a estabilidade de preços, tão duramente conquistada, não pode ser ameaçada novamente”.
As acusações contra Palocci, relembradas hoje em editorial da Folha, relacionam-se sobretudo com o financiamento do PT na esfera do poder municipal. Palocci paga por um vício de origem.
Por que Jefferson caiu
Desde o início da crise o presidente Lula e o PT lutaram para descaracterizar o “mensalão”. O presidente insiste em dizer que Roberto Jefferson foi cassado porque não conseguiu provar suas denúncias. Jefferson perdeu o mandato porque assumiu que foi corrompido.
O balé do Supremo
O Alberto Dines chama a atenção para as idas e vindas da votação de ontem no Supremo sobre o caso do deputado José Dirceu.
Dines:
– Mauro, o Supremo deve ser respeitado e preservado porque representa os ritos da justiça e a majestade do direito. Mesmo quando esquece o essencial e patina nas firulas. Mas é curioso examinar como se comportaram na quarta-feira os dez ministros da suprema corte quando julgaram o recurso do deputado José Dirceu para suspender o processo de cassação do seu mandato. Vamos começar pelo comportamento do presidente Nelson Jobim. Como o placar estava cinco a quatro e um dos magistrados estava ausente, em vez de reservar-se como eventual desempatador na próxima semana Jobim votou e empatou. Quem vai ficar com o voto de Minerva será o ausente e não o presidente da Corte. Tem mais: dois ministros viraram a casaca ao longo do julgamento. O ministro Eros Grau votou contra o recurso de Dirceu, mas no meio do julgamento mudou o seu voto. O mesmo fez o ministro Gilmar Mendes: primeiro votou a favor de Dirceu depois mudou o voto sem maiores explicações. Isso faz parte, o magistrado tem direito ter dúvidas. Mas o certo seria que as hesitações ocorressem antes do voto e não depois. Ficou parecendo que os meritíssimos estavam praticando cara-ou-coroa. O pior é que os grandes jornais acharam normal, exceto o Globo, que ontem registrou a vacilação.
Juiz candidato
Dines, está cada vez mais evidente que o ministro Nelson Jobim quer estar, de um modo ou de outro, na campanha de 2006. Ou como candidato a vice de Lula, o que seria ótimo para o PT, ou como candidato a presidente pelo PMDB, o que é mais difícil de avaliar hoje, porque Jobim, como ele mesmo lembrou ontem, não disputa eleição desde 1990.
A fórmula da propaganda
A propaganda obrigatória do PSDB exibida ontem repetiu as fórmulas convencionais. Um quadro idílico das administrações de Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin, ilustrado por muita filmagem de inaugurações e visitas, e o uso de manchetes da imprensa na pancadaria contra o PT.
Deputados concessionários
O site Congresso em Foco noticiou ontem representação levada há um mês à Procuradoria Geral da República pela advogada Taís Gasparian, em nome do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, Projor, entidade mantenedora deste Observatório da Imprensa. Um estudo coordenado pelo professor Venício Lima mostrou que quase dez por cento dos deputados federais são concessionários diretos de radiodifusão, o que é vedado pela Constituição. O assunto ganhou repercussão em blogs.
A iniciativa do Projor, segundo o professor Venício Lima, aponta um importante caminho para todos os movimentos e instituições comprometidos com a democratização das comunicações no Brasil.
Mídia e poder
Os deputados brasileiros que possuem concessões de rádio e televisão são aprendizes perto do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi. Ele controla hoje, incluindo-se a rede estatal RAI, 90% da televisão aberta do país.
O caso de Berlusconi é abordado em dossiê sobre a Itália na edição da revista The Economist que circula nesta sexta-feira, 25 de novembro. Quando voltou ao governo, em 2001, o homem mais rico da Itália sofria acusações pesadas. Mandar na mídia ajudou-o a conservar o poder.