Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

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>>A TV pública

Devastação no Pantanal

A revista Época traz nesta semana uma reportagem sobre o tema meio ambiente, inserida na seção de ciência e tecnologia.

Ali estão assinalados os nomes de três empresas do setor de mineração, que têm excelentes relações com a imprensa: Vale do Rio Doce, Votorantim e Rio Tinto. Elas são citadas com cautela, mas não se pode escapar do que afirma a reportagem: as empresas do setor são as principais estimuladoras da produção irregular de carvão vegetal que vem destruindo o Pantanal Matogrossense.

Numa semana em que a chamada bancada ruralista, fortalecida pela banda podre do Congresso e estimulada pela omissão da imprensa, tenta fazer passar uma lei que pode enfraquecer ainda mais a luta pela preservação do patrimônio ambiental brasileiro, a reportagem de Época merece muita reflexão.

Ela reproduz um estudo até então inédito revelando que o Pantanal já perdeu 40% de sua cobertura vegetal.

A devastação se concentra nas terras altas, mas afeta diretamente os alagados porque as cabeceiras dos rios que formam a região pantaneira estão nos planaltos.

As empresas mineradoras são parte do problema.

A reportagem foi ouvir seus argumentos, e colheu apenas da Vale do Rio Doce a promessa de que vai participar das discussões sobre como conter a destruição.

A Rio Tinto alegou que vendeu sua mina para a Vale e a Votorantim não atendeu a reportagem até o prazo final de fechamento da edição.

Ficam faltando os vilões de sempre, aqueles que se organizam para reduzir o rigor da legislação de proteção ambiental.

Segundo o estudo citado pela revista, a ampliação das pastagens é outra das principais causas do desmatamento no Pantanal, assim como acontece na Amazônia.

Mas ocorre ali uma cadeia econômica destrutiva.

O crescimento do cultivo da cana nas terras baixas, no período da seca, reduz o espaço para o gado, que já havia se integrado ao ambiente pantaneiro.

Os pecuaristas migram para as terras altas e desmatam para ampliar suas pastagens.

Os produtores de carvão vegetal completam o serviço.

O retrato é desolador e ameaça um dos mais apreciados patrimônios naturais do mundo.

Até esta terça-feira, os chamados grandes jornais, sempre atentos para repercutir intrigas políticas das revistas semanais, ainda não haviam dado a menor atenção à denúncia publicada pela Época.

Carne ilegal

Para que não se diga que a questão ambiental passa sem registro, o Globo e a Folha noticiam que o Ministério Público Federal entrou com ações contra 21 grandes pecuaristas e frigoríficos que comercializam carne de gado criado ilegalmente na Amazônia.

A Folha de S.Paulo diz que 69 empresas comerciais, entre elas as redes Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar, foram alertadas pelo Ministério Público.

É pouco.

Para se mostrarem realmente comprometidos com a causa ambiental, os jornais deveriam agora estar informando o leitor sobre a necessidade de exigir de seu supermercado o fornecimento de um certificado de origem da carne que vende.

Só através do consumo consciente a Amazônia tem uma chance de ser salva.

E essa tarefa necessita do engajamento da imprensa.

A TV pública

Alberto Dines:

– Qual a diferença entre a inglesa BBC e as americanas APT e PBS? Entre a TV-Brasil, a Rede Cultura e a TV-E espanhola? Todas são empresas publicas de radiodifusão, mas cada uma tem características próprias, cada país tem um formato diferenciado.

As duas redes brasileiras são mais estatais, as anglo-saxônicas são mais públicas, a TV-E espanhola é estatal, mas está procurando uma sinergia com o setor privado, seguindo, aliás, a experiência francesa.

O que as aproxima é o interesse público. Na semana passada realizou-se em Brasília, o 2º Fórum de Televisão Pública onde desfilaram os diferentes modelos. Nossa mídia comercial evidentemente não deu atenção ao evento. Mas o Observatório da Imprensa estava lá. Veja o resultado hoje à noite às 22:40, ao vivo pela TV-Brasil. Em S. Paulo no Canal 4 da NET e 181 da TVA.