Médio e Extremo Oriente
Enquanto já se discute abertamente a possibilidade de uma intervenção militar internacional na Líbia, para atalhar a marcha rumo à guerra civil, o governo chinês bloqueia o acesso à rede social LinkedIn, informa o correspondente da Folha de S. Paulo em Pequim, Fabiano Maisonnave. As autoridades da China temem a convocação pela internet de manifestações de protesto.
Há um paralelismo entre a maneira como as ditaduras do Oriente Médio foram tratados pelos governos e pela mídia do Ocidente, em nome de interesses econômicos e estratégicos, e a maneira como a ditadura chinesa é tratada. O que não quer dizer, evidentemente, que esteja à vista, no grande país da Ásia, uma sublevação como as que sacudiram o norte da África.
Dilma e a mídia
Alberto Dines:
-A participação da presidente Dilma Rousseff nas comemorações dos 90 anos da Folha de S. Paulo ofereceu mais alguns elementos para compor uma “Doutrina Dilma para a Mídia”. A presidente concordou em escrever um texto sobre a efeméride no jornal, mas não mencionou o nome do jornal. Compareceu e discursou no evento na Sala S. Paulo porque ali estavam representados todos os poderes, mas na sua oração embutem-se alguns reparos que não podem ser ignorados. O mais importante deles é a sua saudação a uma imprensa livre e plural. O adjetivo plural merece uma análise mais demorada porque raramente é utilizado nas proclamações a favor da imprensa. Ao contrário: sua utilização é mais freqüente nos círculos e textos que criticam a concentração e a falta de diversidade da nossa mídia. A sutil lembrança de que o primeiro periódico brasileiro foi impresso no exterior para escapar do controle da censura inquisitorial também não pode passar despercebida porque em 2008 tanto a Folha como a maioria dos grandes veículos brasileiros ignoraram ostensiva e coletivamente os 200 anos da entrada do Brasil na Era Gutenberg. De forma discreta, em clave baixa, a presidente Dilma Roussef marca novas posições e demarca-se de outras sugerindo indiretamente à imprensa um comportamento menos badalativo e mais perspicaz, menos ruidoso e mais profundo.
Regulação em ritmo lento
Mauro Malin:
– O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, descartou ontem a possibilidade de envio imediato do projeto deixado por Franklin Martins, ministro da Comunicação Social de Lula, para a regulação da mídia. Depois de uma conversa com a presidenta Dilma Rousseff, Bernardo disse que pode haver “alguma bobagem” no texto.
O ministro descartou qualquer possibilidade de criação de mecanismos de censura. Nas suas palavras, abre aspas. “é preciso fazer uma grande defesa da liberdade de imprensa”.
Censura no Pará
Por falar em censura, repercute hoje no Estado de S. Paulo e na Folha a decisão de um juiz do Pará de impedir que o jornalista Lúcio Flávio Pinto publique notícias sobre processo que envolve os donos do jornal O Liberal, da TV Liberal e de várias emissoras de rádio. A decisão foi divulgada ontem no site do Observatório da Imprensa.
Romulo Maiorana Júnior e Ronaldo Maiorana foram indiciados em processo por fraude para a obtenção de recursos da Sudam, Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia. A decisão do juiz de censurar o Jornal Pessoal de Lúcio Flávio Pinto foi tomada sob o argumento de que o processo corre em segredo de Justiça.
Lúcio Flávio, que é colaborador do Observatório da Imprensa, disse que vai recorrer da decisão “em defesa do direito constitucional à liberdade de imprensa, com hierarquia superior ao segredo de Justiça”.