Dimas, Funaro, Rural…
Quando parecia que tudo agora seria apenas campanha eleitoral, surgem novas evidências de corrupção. Denuncia-se que Dimas Toledo, ex-diretor de Furnas, cobrava “pedágio” de construtoras e prestadoras de serviço.
Fundos de pensão e o doleiro Lúcio Bolonha Funaro aparecem associados.
E dirigentes do Banco Rural poderão ser indiciados pela Polícia Federal. A Folha de S. Paulo publica hoje uma linha do tempo que mostra o Banco Rural metido em trapalhadas desde a época do finado PC Farias, no governo Collor.
Folias e lucros
O Alberto Dines comenta a temporada de folias roqueiro-carnavalescas e cervejeiras.
Dines:
– Hoje à noite acaba o “micareme” roqueiro propiciado pelas bandas dos Rolling Stones e U-2. E em seguida entramos no clima carnavalesco propriamente dito. O embalo é o mesmo, mudam as músicas, o ritmo, a percussão, o idioma, os cenários, as cores e as vedetes. A indústria também é a mesma. O Carnaval, mais propriamente os desfiles carnavalescos, hoje são segmentos do show-business, mega-shows em movimento. O rock foi importado, os desfiles carnavalescos estão sendo exportados. Do Rio para S.Paulo e de S. Paulo para Salvador, Recife e o resto do mundo. Cada capital brasileira é coberta por uma rede de TV e cada rede tem a sua cerveja de estimação como patrocinadora. No antigo entrudo o povo se divertia na rua, gozava os governantes e depois se recolhia sossegado. Hoje, o povo fica em casa para que as redes de TV faturem os milionários patrocínios. É sobre isso que vamos falar hoje à noite no Observatório da Imprensa. Às dez e meia na rede da TVE e às onze na Rede Cultura.
Álcool incombustível
Até agora a imprensa não conseguiu explicar direito a novela do preço do álcool combustível e colocar guizos no pescoço dos gatos.
A lógica da audiência na TV
O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, diz que a publicidade liberou a mídia da dependência em relação ao dinheiro da política, o que é muito bom, mas que a lógica da venda de audiência, levada às últimas conseqüências, mistura informação com entretenimento. Ele fala do caso atual da Rede Globo.
Maia:
– Os meios de comunicação não vendem entretenimento e notícia. Vendem audiência, que traz publicidade, que traz faturamento. A busca de recuperação de audiência afetou o caráter jornalístico. Por exemplo, quando se tem um caso de um médico que burla, que não tem diploma de médico e atende as pessoas, isso é notícia para um minuto. Mas não, se transforma esse fato, com câmera oculta – e que nem precisava de tanta câmera oculta assim –, se transforma esse fato numa novela.
Mauro:
– Maia vê prejuízo para outras notícias e dá o exemplo da política.
Maia:
– A cobertura do fato político sai prejudicada no tempo, porque, ao invés de se aprofundar a notícia política, que sempre tem no mínimo dois lados, o do governo e o da oposição – isso é feito de forma centimetrada no caso da BBC, por exemplo -, ela é transformada numa notícia quase que simplesmente informada, com pouca linha de observação, de interpretação.
Mais informações em “Maia diz que novela invade telejornalismo”.
Chávez, o supremo
O noticiário de hoje sobre a Venezuela deixa claro que um mínimo de competência da oposição deixaria o presidente Hugo Chávez mais preocupado. Por muito pouco ele se destemperou ontem e ameaçou ficar no poder até 2031. Considerando-se que Chávez tomou posse em 1999, seriam 32 anos. Ainda perderia para Fidel Castro, que acaba de emplacar 47 anos no poder.
Mas, por enquanto, se depender da oposição venezuelana, Chávez pode dormir tranqüilo. Quem deve temer é a liberdade de imprensa.
Rebeliões sem causa
Os jornais desta terça-feira, 21 de fevereiro, noticiam uma onda de rebeliões iniciada ontem em presídios no estado de São Paulo. Nem uma palavra sobre possíveis razões dessa coincidência.
Gripe e febre
A gripe aviária já é uma calamidade em vários países pelo impacto econômico. Se no Brasil o combate a ela for tão eficaz quanto o combate à febre aftosa, e a mídia tão inepta para as dificuldades, estamos feitos.
Olhar seletivo
O responsável pela publicação das caricaturas de Maomé, Fleming Rose, diz em artigo traduzido hoje pelo Estadão que não se pode ser tolerante com os intolerantes. Certo. Mas o encadeamento de fatos que Rose apresenta no texto é unilateral. Não conta, por exemplo, que um mês antes uma rádio de Copenhague foi fechada depois que um apresentador dinamarquês pediu morte para os imigrantes muçulmanos.
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