Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

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Escândalos para todos

Os escândalos do Congresso Nacional voltam a ganhar destaque nos jornais desta terça-feira.

Desta vez, a novidade é que os desmandos no uso de passagens aéreas atingem a cúpula e o núcleo dos parlamentares que se tornou conhecido como a “banda ética”, em contraposição à notória “banda podre” do Parlamento.
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Ou seja, parece que o Congresso asssumiu como orientação a frase do falecido cronista Sérgio Porto, que sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta decretou: “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”.

O Brasil acaba de inventar a democratização das falcatruas.

O presidente da Câmara, Michel Temer, e o deputado carioca Fernando Gabeira, aquele que levantou o dedo contra o antigo dirigente Severino Cavalvante e ajudou a empurrá-lo para fora do cargo e do Congresso, acabam de admitir que também entraram na farra das passagens aéreas e permitiram que parentes seus viajassem ao Exterior com bilhetes de suas cotas pessoais.

Temer ainda tenta justificar-se, alegando que havia o entendimento de que o sistema de passagens para os deputados e senadores funcionava como uma espécie de crédito que podia ser usado ao bel-prazer.

Gabeira promete ir ao plenário pedir desculpas.

Com certeza vai chorar.

Nenhum dos dois, porém, oferece um esclarecimento sobre como funciona o sistema e como devem ser corrigidas as distorções compostas por décadas de benefícios acumulados, que transformam os parlamentares em cidadãos de categoria especial.

Os jornais também deixam seu papel incompleto, ao insistir na reprodução dos escândalos sem realizar um esforço para decifrar o emaranhado de privilégios que fazem o Congresso Nacional parecer, ao cidadão comum, um circo de desqualificados que pouco trabalham e muito usufruem do dinheiro público.

Um Parlamento enfraquecido pela reputação negativa é um convite ao surgimento de salvadores da pátria e um perigo para a democracia.

Como já foi dito neste Observatório, o chamado Pacto da República, firmado na semana passada pelos líderes dos três Poderes, não passou de um factóide.

Celebrado pela imprensa, o conjunto de entendimentos pela ética e a governabilidade ainda não produziu outro efeito do que a punição de um delegado da Polícia Federal, que foi acusado de abuso após algemar um banqueiro.

A ilha da fantasia

Há quem diga que Brasília se transformou num caldeirão de irregularidades porque foi construída longe dos centros de decisão de negócios e da política que realmente conta.

Mas também existem os que defendem o distanciamento do poder político, que do centro geográfico do Brasil ficaria menos vulnerável à influência das forças econômicas do Centro-Sul e mais acessível às outras regiões do País.

Em um caso e em outro, o brasileiro deveria contar com uma imprensa vigilante na fiscalização dos poderes republicanos.

A sucessão de escândalos pode induzir o leitor mais distraído a concluir que, se ficamos sabendo deles, é porque os jornais estão cumprindo seu papel.

Difícil é explicar e entender por que, entra mandato e sai mandato, e o Congresso Nacional segue sendo o palco de tantas notícias depreciativas.

Será Brasília? Será a imprensa? Ou será isso mesmo o Brasil?

O Observatório da Imprensa segue cumprindo sua missão de oferecer a oportunidade para os debates necessários.

O funcionamento de Brasília está na pauta desta semana.

Alberto Dines:

– Ao completar 49 anos e iniciar as comemorações pelo seu cinqüentenário, Brasília, volta à ordem do dia. Quando Juscelino Kubitschek lançou a Novacap e a idéia de transferir a Capital para o planalto goiano a imprensa não gostou, preferia ter o poder ao lado. Valeu a pena, o esforço, os recursos despendidos, a inflação que provocou. Mas agora com o poder tão distanciado dos grandes centros, Brasília volta a ser discutida. Assista ao Observatório da Imprensa, hoje pela TV-Brasil, em rede nacional, às 22:40. Em S. Paulo pelo Canal Quatro da Net e 181 da TVA.