Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Garotinho ponto a ponto
>>Frias homenageado

Garotinho ponto a ponto


O ex-governador Anthony Garotinho fez ontem o que deveria ter feito antes de iniciar uma greve de fome. Enviou ao Globo, por intermédio de um advogado, documento em que questiona ponto por ponto acusações relativas ao financiamento de sua pré-campanha. O jornal publica hoje o extenso texto (ocupa toda a página 8) e responde a cada um dos itens.



Frias homenageado


Alberto Dines comenta a homenagem feita ao responsável pela mais importante reforma da imprensa escrita das últimas décadas no Brasil, Octavio Frias de Oliveira, patriarca da Folha de S. Paulo.


Dines:


– A homenagem que foi prestada ontem à noite ao publisher da Folha de S. Paulo, Octavio Frias de Oliveira, merece ser comentada. Em primeiro lugar, porque este que é um dos homens mais poderosos do país é igualmente um dos mais discretos. Não é jornalista mas foi o responsável por uma das mais importantes e perenes revoluções na imprensa quando em 1975, em pleno regime de auto-censura imposto pelos militares, transformou a Folha de S. Paulo num jornal de opinião. Não é jornalista mas sabe cercar-se de bons jornalistas e este é um dos principais atributos de um publisher. Não é jornalista mas nos últimos 30 anos capitaneou a transformação de um jornal regional num dos grandes veículos jornalísticos nacionais. E agora, aos 94 anos, Octávio Frias de Oliveira, continua presente na cabine de comando da Folha de S. Paulo. Não é preciso ser jornalista para participar de grandes façanhas jornalísticas. Mas é preciso acreditar na imprensa como transformador da sociedade para montar uma história com tantos êxitos.



América caliente


Com impressionismo, ideologização, politização e ainda pequena cobertura no local, a mídia brasileira foi obrigada a olhar para a Bolívia. Se um único correspondente brasileiro tivesse ficado em La Paz depois da eleição do presidente Evo Morales, as decisões sobre gás e petróleo dificilmente teriam causado a surpresa que causaram ao governo e ao público brasileiros.


E convém não esquecer logo a Bolívia. A nacionalização é apenas o primeiro ato de um complicado processo Constituinte. Mas há também eleições na Colômbia em 28 de maio e segundo turno no Peru em 4 de junho. Quem vai apurar tanta notícia?


Pressa e imperfeição


O editor de Internacional da Folha de S. Paulo, Marcos Guterman, aponta problemas que precisam ser encarados para que melhore a cobertura internacional na imprensa brasileira.


Guterman:


– Primeiro, a questão do preparo do jornalista que vai cobrir um evento fora do Brasil. Quanto mais familiarizado com o assunto ele estiver, facilita um bocado, e essa familiaridade não pode ser obtida simplesmente só com a leitura do jornal. Ela tem que ser derivada de outros fatores, como, sobretudo, preparo intelectual. O sujeito ter lido livros e artigos sobre o país que ele vai cobrir, o assunto que ele vai cobrir, evidentemente facilita.


Agora, o problema é o jornal diário. A gente manda o sujeito para fora, geralmente, estou falando aqui no caso particular das coberturas da Folha, mas imagino que isso se repita com outros veículos, é o fato de que a gente manda sempre, em geral, em cima da hora, em condições bastante adversas. O sujeito chega ali para cobrir sem ter feito contatos prévios para fazer entrevistas, etc., e aí tem o problema da pressão para botar no jornal coisas que a concorrência está dando, que a gente sabe que a concorrência vai dar no dia seguinte, por causa da internet. A internet oferece aquele elemento de pressão que a gente joga para cima do correspondente. “Nós temos isso que tal agência está dando?”. O correspondente muitas vezes é obrigado a responder a essa pressão colocando coisas no jornal em que ele mesmo talvez não acredite tanto que sejam verdade, mas o fato da concorrência estar dando o obriga às vezes a agir contrariando as suas convicções.


Um ano no ar


Hoje, 4 de maio de 2006, se comemora um ano da estréia deste programa.


Agradecemos a todos os ouvintes e às seguintes pessoas, que nos ajudam diariamente a colocar o programa no ar e na internet: na Rádio Cultura FM de São Paulo, José Roberto Walker, que teve a idéia de lançar o programa, Valter Cális, Adriana Braga e Sérgio Ribeiro. Nas rádios MEC AM e FM do Rio de Janeiro, André Luiz Rabelo, João Marcelo Gouveia Lopes e Jonilton Mendes. Nas rádios Nacional FM e AM de Brasília, Carlos Senna e Marcílio de Souza. Deve-se ao presidente da Radiobrás, Eugenio Bucci, com a ajuda de Marcia Detoni, a ida do programa para Brasília. No site do IG, Rodrigo Bernadás, Bruno Ondei, Mariana da Silveira Castro e Frederico Marques Affonso Ferreira. No site do Observatório da Imprensa, Andrea Baulé e Clóvis Checchia Júnior.


A todos, e mais uma vez aos ouvintes e leitores, o nosso agradecimento.


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Leitor, participe: escreva para noradio@ig.com.br.