Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A crise em revista
>>Observatório da Imprensa na TV

A crise em revista

O 5o. Forum da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), que juntou na segunda-feira em São Paulo os principais executivos do setor, repete, em termos comparativos, o dilema do 8o. Congresso da Associação Nacional de Jornais, realizado no mês passado.

O principal desafio da imprensa de papel  é definir um modelo de negócio no meio digital, e essa questão se torna cada vez mais crítica conforme se desenvolvem as possibilidades dos novos meios, por uma razão lógica: as perspectivas são de predomínio da leitura digital e redução de vendas de publicações de papel, mas o meio eletrônico não remunera da mesma forma que o modelo tradicional.

A circulação das revistas no Brasil se encontra, neste início da segunda década do século, próxima do patamar de janeiro do ano 2000 – quase 30 milhões de exemplares por mês.

Além disso, as empresas seguem reforçando a tendência de produzir eventos e publicações especiais em torno de suas marcas mais conhecidas.

No entanto, faltam criatividade e inovação.

Um dos raros exemplos, citado no encontro, segundo o relato do Estadão, foi dado pela revista Superinteressante, que fez um making ofde uma reportagem, ou seja, descreveu o feitio de uma reportagem, em forma de jogo eletrônico.

 

Quem acompanha os debates de executivos de empresas jornalísticas desconfia de que a solução para o setor não será encontrada em manuais de gestão.

Nem mesmo a renovação dos quadros de executivos parece capaz de arejar o setor.

O ingresso do especialista em telecomunicações Silvio Genesini na  presidência do grupo Estado, por exemplo, não parece ter provocado grandes mudanças, e observadores se perguntam o que o banqueiro Fábio Barbosa foi fazer na Editora Abril.

Em recente encontro com editores, Barbosa disse que, como não conhece o setor, talvez seja capaz de fazer perguntas que os jornalistas já esqueceram.

O ex-presidente do banco Santander, que se celebrizou à frente do banco Real, tem parte da razão. O dilema é: será que os donos dos negócios de comunicação aceitam certas perguntas?

Um dos problemas centrais do setor é o extremo conservadorismo de suas cabeças e a incapacidade de pensar fora do contexto tradicional.

O conservadorismo se prende ao fato de que imprensa é poder, portanto concebe mudanças como ameaças.

O setor não poderá criar estratégias inovadoras enquanto estiver preso a esse paradigma.

Observatório da Imprensa na TV *

Há mais de quarenta anos, em 1969, o jornalista José Hamilton Ribeiro publicava a primeira edição do livro "O Gosto da Guerra". Contando suas experiências como correspondente na Guerra do Vietnã, José Hamilton mostrava que ser jornalista em conflitos armados nada tem de glamuroso. Cobrir o conflito custou a ele uma perna, que perdeu ao pisar numa mina.

Mas apesar dessa e de outras visões cuidadosas e críticas sobre esse tipo de cobertura, uma aura heroica ainda envolve a superexposta imagem do correspondente de guerra – tanto para o público, quanto para os jornalistas.

O Observatório da Imprensa desta terça-feira propõe desconstruir e debater a visão glamurizada do senso comum sobre o correspondente de guerra.

A importância dessa questão não tem a ver apenas com a violência e o sofrimento que o repórter é obrigado a testemunhar em coberturas desse tipo, mas também com o fato de que, cada vez mais, os jornalistas e o dever de informar têm se tornado alvos em potencial nos conflitos.

O que leva o jornalista a tornar-se vítima potencial? Como esse jornalista vê o valor da informação colhida in loco? Quais os riscos reais de um trabalho como esse?

Para discutir os limites da espetacularização e do bom jornalismo em conflitos, estarão no estúdio, acompanhando Alberto Dines, Antônio Scorza, fotógrafo da France Press, que passou 72 dias no Iraque; Leão Serva, jornalista e autor do livro “A Batalha de Sarajevo”; e Samy Adghirni, repórter da Folha que presenciou a Primavera Árabe no Egito.

O programa também contará com depoimentos de Diego Escosteguy, da revista Época, e do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva. Os correspondentes internacionais Sílio Boccanera, de Londres, Deborah Berlink e Andrei Netto, de Paris, falam ao programa via web.

Excepcionalmente nesta terça, o Observatório da Imprensa na TV irá ao ar das 22h30 às 23h30, pela TV Brasil, ao vivo, em rede nacional. Em São Paulo, pelo canal 4 da NET e 116 da Sky.

* Com Tatiane Klein e Lucas Campos.