O futuro da mídia
Um clima de curiosidade marca os anúncios da participação de representantes da mídia tradicional no evento anunciado como Proxxima 2012, que em sua sexta versão tenta reunir o que há de mais avançado em marketing digital em todo o mundo.
O encontro, que está marcado para os dias 9 e 10 de maio, em São Paulo, costuma antecipar ou registrar a consolidação de tendências no setor de comunicações dirigido ao relacionamento de empresas com seus clientes.
O patrocínio de empresas como Globo.com, Grupo Estado, revista Veja e Grupo RBS garante pelo menos uma sessão com debates sobre como administrar a passagem entre dois mundos.
O painel que deverá reunir representantes de jornais e revistas, TV aberta e por assinatura, rádio e internet, vai apanhar as empresas até aqui dominantes num momento de transição, marcado pela falta de uma estratégia clara e de um modelo de negócio capaz de assegurar o valor da mídia tradicional diante da evolução de milhares de pequenas iniciativas que pulverizam o interesse do público.
Um dos dilemas que estão sendo enfrentados e que se tornam progressivamente mais críticos é o da remuneração pela audiência.
Sabe-se que em alguns casos o valor da mídia tradicional vem sendo preservado quase artificialmente pelo mercado publicitário, enquanto não se impõe uma metodologia dominante para a avaliação da efetividade das novas formas de comunicação.
A variada oferta de métodos e tecnologias de mensuração dos meios digitais, em vez de criar um paradigma seguro para os anunciantes, acaba dificultando escolhas e produz um momento de insegurança.
Mas constata-se uma tendência à adoção de métricas que não apenas registrem a presença de pessoas em determinados pontos das redes digitais mas também forneçam informações sobre seu comportamento.
Assim, protagonistas de redes sociais, por exemplo, são mais valorizados quanto mais frequentes e ativos.
Por outro lado, há poucos estudos conclusivos sobre as características dos campos sociais que se formam e se desvanecem quase instantaneamente no ambiente chamado cibernético ou virtual.
Muitos teóricos tentam abordar essa questão a partir do olhar biológico, compondo referencias quase metafóricas como o conceito de “ecologia da comunicação”.
Mas os profissionais que administram o relacionamento com o público exigem parâmetros menos subjetivos e a convivência, na mesma planilha, de públicos ainda adeptos das mídias tradicionais com os protagonistas das redes digitais complica a tarefa dos especialistas.
Cai audiência da TV
Os estrategistas precisam pensar em termos de um modelo de negócio que não abandone as atuais gerações de leitores, mais longevas e ativas que seus antecessores, e contemple uma nova geração cujas escolhas são praticamente mutantes.
Os principais veículos dedicados ao mercado de comunicação acompanham atentamente o desenvolvimento dessa transição.
A versão online do jornal Meio&Mensagem, por exemplo, registra nesta quarta-feira, dia 11, que o número total de pessoas com acesso à internet no Brasil chegou a 79,9 milhões no quarto trimestre de 2011, com um crescimento de 8% sobre o mesmo período do ano anterior.
Os dados, do instituto Ibope Nielsen Online, indicam que 62,6 milhões de brasileiros vivem em casas onde há pelo menos um computador com acesso à rede e que a quantidade de usuários que usam banda de pelo 2 MB cresceu 300%.
Citando a coluna especializada do portal UOL, a revista eletrônica Adnews, publicação voltada com mais interesse para o mercado publicitário e de marketing, registra a queda na audiência da TV aberta, que em um ano perdeu 7% de seu público.
Informa também sobre um estudo do Instituto Verificador de Circulação, segundo o qual houve um crescimento de 29% nos acessos a sites de notícias entre janeiro e dezembro de 2011.
Outros detalhes mostram o surpreendente avanço das mídias digitais informativas no Nordeste e a explosão no uso de aparelhos móveis “inteligentes” que representam a convergência entre comunicação e informação.
O processo de migração para as mídias digitais constatado pela pesquisa traz alguns dados interessantes sobre o papel das redes sociais e dos buscadores de informação na divulgação de notícias.
É como se o público estivesse dando preferência a informações de fonte terciária, que já chegam através da própria rede de usuários, embaladas em um grande conjunto de apreciações.
O próprio empenho do IVC, tradicional parceiro da mídia impressa, em conhecer o comportamento da audiência nas mídias digitais, é um sinal dos tempos.
Justifica-se, portanto, a curiosidade com que se aguarda o que têm a dizer no evento sobre o futuro da mídia os representantes dos meios gutenberguianos.