Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A conta da reeleição
>>Quando o consumo é uma droga

A conta da reeleição


Se Lula em campanha infringe a lei, que se cumpra a lei. Se não infringe, que se cobre a conta de Fernando Henrique Cardoso e dos parlamentares que inventaram a reeleição.



Nas estatais


Demorou, mas os efeitos das denúncias começam a chegar a empresas estatais. O Estadão noticia hoje que o contrato dos Correios com a SMPB de Marcos Valério não será renovado.


Editoria de marketing


A Folha de S. Paulo tem um talento inegável para se transformar ela mesma em notícia. Hoje, pelo terceiro dia consecutivo, uma polêmica entre dois de seus editores é tratada como notícia, agora nas páginas de Política, sob o título “Mamberti critica artigo da Folha”. O relevante tema é a chatice ou não da correção política de Bono Vox.


Quando o consumo é uma droga


O Alberto Dines pede mais atenção da mídia para o consumo de drogas, não apenas para o tráfico.


Dines:


– Mauro, foi compreensível o regozijo dos cariocas e da sua imprensa com a ausência de violência durante o mega-show de Mick Jagger no sábado passado. A manchete do Globo, na segunda seguinte, foi exemplo desta combinação de alívio e euforia: “Stones mostram ao mundo um Rio em paz.” A Cidade Maravilhosa merece este intervalo de sossego. Mas é preciso não esquecer que o narcotráfico a-do-ra, adora, este tipo de embalo coletivo. Com alguns mega-shows de rock e dois ou três carnavais por ano os traficantes ficam dispensados de recorrer a assaltos, seqüestros, arrastões ou combater gangues rivais. O consumo fica garantido e todos faturam a liberação de facto do uso de drogas. Não se pode tratar do narcotráfico sem levar em conta o mercado narcoconsumidor. A lei da oferta e da procura não pode ser abolida apenas numa de suas pontas.


Beleza não tem cor


Preconceito na coluna de Ancelmo Gois hoje no Globo quando se refere a Denise Assis, amiga de Caetano Veloso, como “bela negra”. Ela é bela, ponto. Não consta que alguém se tenha referido à primeira mulher de Caetano como a branca Dedé Gadelha, nem à segunda como a branca Paula Lavigne.


No Brasil o preconceito é tanto que o tabelião não queria registrar Preta Gil. O pai, Gilberto Gil, argumentou que se há os nomes Branca e Clara, por exemplo, não poderia haver veto ao nome Preta. O tabelião exigiu que Preta fosse acompanhado “de um nome católico”. Ficou Preta Maria Gadelha Gil Moreira.



Doença e economia


A mídia só agora capta todas as implicações econômicas e sociais da gripe aviária, que começaram a se tornar evidentes há mais de seis meses. Nesta quinta-feira, 23 de fevereiro, a manchete do Valor mostra como a propagação da gripe entre aves já afeta a soja brasileira. O preço cai porque diminui o consumo de rações.


O que Lula não viu em Arapiraca


A Agência de Notícias dos Direitos da Infância, Andi, faz uma seleção diária de reportagens sobre problemas das crianças brasileiras. Ontem, deixou passar uma boa matéria de Pedro Motta Gueiros, do Globo, sobre o lixão de Arapiraca, cidade visitada por Lula. A certa altura, diz: “Lula viu Arapiraca de cima”. E, adiante: “Do alto do morro, as 300 famílias do lixão de Mangabeira têm uma vista diferente de Arapiraca. A decadência do cultivo do fumo levou os moradores do campo para a cidade, que ainda não os consegue acolher. (….) No topo da montanha, enquanto o sol se põe, aquelas crianças sujas de lixo se tornam ainda mais invisíveis aos olhos de parte da cidade”.


Repórteres e fontes


O editor de Nacional do Estado de S. Paulo, Claudio Augusto, fala do risco que existe quando caem certas barreiras de profissionalismo entre o jornalista e sua fonte.


Claudio Augusto:


– Às vezes eu encontrava vereadores mais novos do que eu, mas eu chamava de senhor o tempo todo. Acho que, por mais contato que você tenha com a fonte, você tem que tratar o camarada como fonte. Quando você já começa a chamar pelo nome… Eu vejo repórteres mais novos aqui, eu até conversei com um deles, ‘Notei que você está chamando: ´Ô Zé, não sei o quê´. Olha, você não deve fazer isso’. “Não, mas o cara é minha fonte”. ‘Eu sei que ele é sua fonte. Mas você está criando uma relação que o camarada, quando precisar, ´Olha, não publica tal coisa´, ele vai se sentir livre para te pedir, porque você está estabelecendo uma relação que é mais de amizade do que de fonte e repórter.



A praia de Lula


Difícil não ver simbolismo nas belas fotos de Lula na praia no Piauí. Um homem que agora entra no mar sozinho, sem as amarras das relações que construiu para chegar ao poder.


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