Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A dimensão do crime organizado
>>O repórter e o mafioso

Propaganda e comunicação


 


Fernando Rodrigues soma na Folha os gastos do governo com propaganda oficial, mas não discute a natureza dessa propaganda. Ontem, no Roda Viva da TV Cultura, segundo o Estadão, o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, não abordou esse tópico. Na Folha e no Globo, auditoria do Tribunal de Contas da União pede que um dos ministros antecessores de Franklin, Luiz Gushiken, seja multado sob a acusação de ter forjado orçamentos e de não ter exercido controle sobre gastos publicitários dependentes do governo federal.


 


As três notícias são dadas separadamente mas tratam de um só e mesmo assunto.


 


A dimensão do crime organizado


 


Alberto Dines anuncia que o programa de hoje à noite do Observatório da Imprensa na televisão tratará das conexões entre notícias do crime organizado que são apresentadas separadamente na mídia.


 


Dines:


 


– Na terça passada, exatamente há uma semana, assistimos pela televisão à batalha campal no Catumbi, centro velho do Rio, entre a polícia e os traficantes. Ninguém lembra mais dos 13 mortos e dos feridos por balas perdidas.  Hoje só se fala na supermáfia desbaratada pela Polícia Federal e da qual supostamente fazem parte alguns magistrados. Acontece que esta supermáfia está na esfera do crime organizado, faz parte dele,  assim como o narcotráfico. É a mesma guerra da semana passada, porém em outra frente.  Você vai entender isso no Observatório da Imprensa: hoje à noite às onze e trinta na TV-Cultura e ao vivo, às dez e quarenta, na TV-E.


 


O repórter e o mafioso


 


Uma das maiores derrotas da Máfia italiana no mundo decorreu da prisão em São Paulo de Tommaso Buscetta, sem um tiro disparado, em 1983. Naquele tempo investigações de um jornalista podiam levar a polícia a entrar em ação, como relata o autor de importantes reportagens sobre Buscetta, Luarlindo Ernesto, hoje repórter do jornal O Dia.


 


Luarlindo:


 


– Eu comecei em 58, garoto ainda, fazendo jornalismo investigativo. Nós nos antecipávamos às investigações da polícia. E isso era bem melhor para o leitor porque ele não tinha só o lado oficialesco, ou o lado oficial da história. Você tinha como escrever sobre aquilo que você investigou e confirmou.


 


Em 83, eu, baseado numa série de crimes que aconteceram em apartamentos alugados por temporada na Zona Sul, investigando isso, cheguei a um cidadão chamado Dom Tommaso Buscetta. Provei que ele estava de volta ao Brasil. Porque eu já tinha trabalhado no caso da extradição dele em 72, quando ele foi preso junto com o pessoal da Brise de Mer. É a máfia francesa, Brisa do Mar. Foi preso até pelo famigerado delegado Sérgio Fleury. Foram feitas prisões em Brasília, Bahia, Paraná, Rio de Janeiro. Dom Tommaso foi deportado em seguida. Em 83 ele tinha fugido da Itália e voltou ao Brasil. Eu já estava desconfiado dele porque ele tinha posses aqui no Brasil [às quais] nem a Polícia Federal tinha conseguido chegar, fazenda no Pará, além da mulher e filhos brasileiros, que ele tinha conseguido. 


 


Mauro:


 


– Luarlindo Ernesto diz que hoje o trabalho dos repórteres se tornou mais complicada.


 


Luarlindo:


 


– Eu acho que hoje em dia é mais difícil porque está se fazendo jornalismo baseado nas informações oficiais. Principalmente na área policial. Porque os jornais enxugaram os quadros de repórteres e isso fez com que as redações fiquem impossibilitadas de deixar dois, três repórteres investigando um caso a fundo. Então, é melhor pegar logo o lado oficial, que é mais rápido. E mais barato.



– Em breve será publicada a entrevista completa de Luarlindo Ernesto.


 


Privilégios e vazamentos


 


A manchete do Globo hoje dá peso maior à decisão de um juiz do Supremo de mandar para casa o último dos magistrados que haviam sido presos na Operação Furacão, feita no Rio, e peso menor ao vazamento que permitiu a juízes acusados de ações criminosas em São Paulo escapar da prisão.


 


São duas discussões importantes. Uma diz respeito à natureza da República brasileira, que não considera os indivíduos  iguais perante a lei. A outra tem relação com a primeira, porque coloca autoridades acima da lei, mas é de natureza prática: é preciso definir quantas polícias podem agir no Brasil. Porque hoje existem, muito esquematicamente, dois grandes grupos: um se coloca a serviço da sociedade e outro a serviço de organizações que as leis do país consideram criminosas.


 


Tanure e IstoÉ


 


Mônica Bergamo noticia na Folha que ficaram mais complicadas as negociações da compra da IstoÉ pelo empresário Nelson Tanure.


 


Crise energética


           


É urgente que a imprensa faça um trabalho sério sobre as possibilidades de haver novo apagão de energia a partir de 2009.