Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A luta interna do PT
>>Não esquecer o Judiciário

A luta interna do PT


O possível afastamento do ministro Antonio Palocci, contrariado com a hipótese de seu irmão Ademar ser chamado a depor numa CPI, e novas revelações sobre o esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André criam um quadro doloroso para a luta interna no PT, que tem um momento importante nas eleições para sua direção, neste domingo.


O país caminha


O Brasil não está parado. O processo de limpeza do Congresso avança com a lentidão que as regras do Estado democrático de direito impõem. Mas avança. Emissões de bônus do país batem recordes. O governo federal decidiu quem vai administrar o Fundo Garantidor das Parcerias Público Privadas. Será o Banco do Brasil. O governo de São Paulo foi liberado pela Justiça para privatizar a Companhia de Transmissão de Energia Paulista. Isso vai ajudar a recuperar a precária infra-estrutura do país.



A loucura coletiva da mídia


Em sua coluna desta sexta-feira, 16 de setembro, na Folha de S. Paulo, Luís Nassif escreve palavras lúcidas sobre o frenesi midiático. Critica a busca obsessiva por audiência: “O leitor quer sangue? Dê-lhe sangue. Quer desrespeito aos processos institucionais? Ofereça-lhe as sentenças capitais das matérias adjetivadas, em que não se dá ao acusado o direito de defesa e se escondem as provas. O que acontece, então, nesses momentos de catarse, em que se passa a banalizar a honra alheia, a não calibrar o poder do qual o jornalista se investe? Há uma loucura coletiva que transforma a anormalidade em padrão, como se cada desvairado definisse o novo piso da catarse”.


Não esquecer o Judiciário


O Alberto Dines aponta um efeito colateral positivo das decisões polêmicas tomadas ontem pelo Judiciário.


Dines:


– Mauro: ontem os jornais discutiram a decisão do presidente do STF, ministro Nelson Jobim, de suspender o processo de cassação dos seis deputados do PT. Hoje os jornais estão discutindo duas outras importantes decisões judiciais: a do mesmo Supremo que retirou o foro privilegiado para ex-autoridades e a do TRF paulista que negou o habeas corpus solicitado por Paulo Maluf e por seu filho, Flávio Maluf.


Discutir decisões judiciais é bom para o país, primeiro porque o contraditório é parte essencial do Direito, em segundo lugar porque no meio do turbilhão dos mensalões e mensalinhos havíamos esquecido completamente o Judiciário e suas mazelas. A imprensa tem uma nova pauta para cobrir. A sociedade brasileira agradece.


Visto para o México


Wladir Dupont, jornalista e escritor há muito radicado no México, afirma que a imprensa brasileira exagerou as conseqüências da decisão mexicana de exigir visto de entrada para brasileiros e ignorou que o maior problema é uso do México como trampolim para a entrada clandestina nos Estados Unidos.


Wladir:


– O México não cancelou, pediu apenas uma suspensão temporária do acordo que abolia o visto, para fazer uma revisão da situação. Isso é o que a imprensa não entendeu no Brasil. Tomou a coisa assim como uma espécie de represália, uma atitude hostil. A tendência é voltar à normalidade. De todas as formas, o Consulado brasileiro está se preparando para, a partir do dia 23 de outubro, voltar a atender os mexicanos que vão pedir o visto para o Brasil. Mas não há nada na atitude do México… algo agressivo, de represália, hostil, absolutamente. Por sua parte, o Itamaraty fez o que mandam as normas diplomáticas, a tal da reciprocidade.


Mas acontece que, por trás de tudo, está de fato o problema da passagem dos brasileiros que usam o México como trampolim para chegar aos Estados Unidos. E os americanos obviamente estão pressionando para que essa situação seja resolvida. Mas foi dado um tom de briga entre os dois países, e não é por aí”.


Foco é a Bolívia, não o Paraguai


O noticiário sobre as relações entre Washington e Assunção ganhou corpo a partir de reações argentinas e brasileiras. É polêmica a presença de tropas americanas no Paraguai. Já houve até bate-boca entre o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, e o chanceler brasileiro, Celso Amorim. Em entrevista dada ontem ao Observatório da Imprensa, o coronel da reserva Geraldo Cavagnari, pesquisador da Unicamp, chamou a atenção para o pano de fundo desse conflito diplomático, ignorado pela mídia: a situação na Bolívia, que preocupa os americanos.


Cavagnari, crítico da política externa do governo Lula, acha que faltou uma atitude firme do Brasil para sinalizar que não aceitará um curso de acontecimentos no país vizinho que coloque em risco interesses nacionais. A imprensa brasileira não informa sobre os problemas militares do país e não os debate, como se não existissem. (Para ler a entrevista de Cavagnari buscar ‘Americanos no Paraguai’ em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/blogs/emcimadamidia.asp )