Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>A verdadeira censura
>>Horário e negócios

A verdadeira censura


O autor do livro proibido Roberto Carlos em Detalhes, jornalista e escritor Paulo César Araújo, estará hoje à noite no programa de televisão do Observatório da Imprensa para discutir o lamentável episódio de censura.


Paulo César Araújo:


– A censura, que volta de forma violenta contra uma obra literária à qual eu me dediquei quinze anos pesquisando,  pensando e refletindo. Se ele tivesse movido um processo por calúnia, vá lá. Podia ganhar ou perder. Mas nem isso. O processo é apenas em cima de invasão de privacidade e uso de imagem. Só isso. E por causa disso o livro vai para a fogueira.
 
Mauro:
 
– Paulo César Araújo concorda com a percepção de que houve pouca manifestação da sociedade, nesse caso, em defesa da liberdade de expressão.
 
Paulo César Araújo:
 
– Está começando agora. O debate é importante, nesse programa e em outros, justamente por isso. Porque isso mexe com nós todos, jornalistas, escritores, sociedade, que[m] defende idéias, que[m] sabe sabe da importância do livro na sociedade brasileira ou em qualquer sociedade.
 
Mauro:
 
– Paulo César Araújo critica as declarações do ministro da Cultura, Gilberto Gil, a respeito da proibição do livro. Gil disse que Araújo deveria ter consultado Roberto Carlos, desconhecendo que o autor procurou o artista sistematicamente ao longo de quinze anos. O programa de televisão do Observatório da Imprensa vai ao ar pela TV Cultura de São Paulo às onze e quarenta da noite, e antes, ao vivo pela TV-E do Rio de Janeiro, às dez e quarenta.


Falhas na pista e no noticiário
 
Os dois jornalões paulistas abrem suas primeiras páginas, hoje, com fotos semelhantes da pista interrompida do Aeroporto de Congonhas. Nenhum deles foi capaz de avisar aos viajantes, no domingo, que os problemas em Congonhas iriam recomeçar. Nenhum foi checar se a obra na pista auxiliar havia sido terminada. Não havia sido. Ontem, vários pilotos decidiram não usar a pista. Num vôo da Gol, na hora do almoço, o pouso na pista 500 metros mais curta fez muitos passageiros baterem com a cabeça no encosto da poltrona da frente.


Horário e negócios
 
O responsável pela classificação indicativa no Ministério da Justiça, José Eduardo Romão, diz que o debate com as emissoras de televisão vai mudar de patamar:
 
Romão:
 
– Qual é o nível do debate neste momento? Há distinção clara entre dois interesses. Há interesses comerciais representados pela Abert, claramente fixados ou evidenciados quando se discute fuso – não tem mais jeito; quando se fala em fuso se fala em modelo de negócios. E é pela manutenção desse modelo de negócios que a Abert tem brigado contra a classificação indicativa. A classificação indicativa, por outro lado, não quer diminuir margem de lucro. Ela quer promover a defesa de crianças e adolescentes. Essa é a oposição evidente que se deu. E quando eu falo isso, falo amparado não pelas minhas próprias conclusões que trouxe daqui, ou que, como um gestor do Ministério, produzi, mas é o Zico Góis, um diretor de uma empresa comercial, como a MTV, que diz claramente que o problema é a margem de lucro. Que o problema é modelo de negócios. Que são interesses comerciais contra garantia de direitos da criança e do adolescente.
 
Quando as emissoras fazem menção à liberdade de expressão, fazem como se fossem indivíduos, como se fossem pais e filhos, particulares, que foram usurpados pelo Estado. Ah, quem é que acredita nisso? O ponto aqui é, para nós, a liberdade de uma empresa que decidiu pleitear uma concessão, obteve uma concessão e por isso tem que se submeter a determinadas regras, que não se aplicam aos particulares. A classificação será sempre indicativa para pais. Ninguém vai entrar na casa de pai algum, de responsável algum, e verificar o que você está exibindo para o seu filho. Mas quando se trata de concessionários, esses, sim, têm que ter limites para a veiculação daquilo que produzem.
 
Mauro:


– Em editorial, a Folha critica: “Não dá para querer arvorar em defesa da liberdade de expressão o que na realidade são conveniências mercantis”.


Clique aqui para ler a entrevista de José Eduardo Romão.


Cartéis e jornalistas


Cartéis da droga matam jornalistas e autoridades no México. A Folha noticia hoje que mil pessoas morreram desde o início do ano. Em 2006, o PCC seqüestrou um jornalista da Rede Globo em São Paulo. No Rio de Janeiro, jornalistas já aparecem em noticiários televisivos vestidos com coletes à prova de balas. É uma das conseqüências do discurso de “guerra”, reforçado hoje no Globo


O que se vê na TV
 
O presidente Lula dá hoje entrevista coletiva. O Globo noticia que ontem, na inauguração de uma fábrica, ele criticou o jornalismo televisivo.


Mídia e Chávez
 
O Estadão dá hoje no caderno Economia denúncia de que o Estadão e o Globo fazem parte de um complô midiático internacional para derrubar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A denúncia, que mistura alho com cebola, como diria o presidente Lula, é de uma organização de jornalistas venezuelanos.