Manchetes de feriado
A Folha dá em manchete uma baixaria praticada contra Alckmin no site do PT. O Estadão noticia hoje o que já se sabia ontem: o Ibope distancia Lula de Alckmin. O Globo inventou a seguinte manchete: “Alckmin diz que Brasil não cresce sem baixar imposto”. É duro cavar manchetes em feriados. [Nota em 16/10: ver abertura do programa 374.]
Agora, debates em excesso
Alberto Dines critica a corrida aos debates e entrevistas dso candidatos e o formato televisivo destinado a buscar audiência a todo custo.
Dines:
– No primeiro turno os debates foram virtuais, já que o favorito não estava presente. A guinada do segundo turno foi marcada pelo debate da Band no último domingo. Lá estavam os dois finalistas e uma grande surpresa: a contundência do candidato Alckmin. O espetáculo eleitoral passou assim a ficar muito bem cotado. Diante deste produto supervalorizado, nenhuma emissora quis ficar de fora. Assim além do debate final na TV Globo já estão sendo agendados um debate no SBT e outro na Record, sem falar nos próximos Roda Viva marcados para as próximas segundas. Isso sem contar a série de sabatinas nos grandes jornais iniciada ontem no Globo. O pêndulo brasileiro exibe novamente a sua principal característica: o caráter extremado, exagerado, drástico. Ou não há debates ou temos debates demais. Agora o perigo está na possibilidade da saturação, o efeito bla-bla-blá. Sobretudo porque estes confrontos entre candidatos estão sendo formatados para atender ao Ibope e aos altos índices de audiência. Com blocos muito curtos, os candidatos terão que apelar para coisas muito fortes, fortes e novas. E será que o estoque de denúncias e acusações de ambos os lados é suficiente para garantir uma sustentação até o dia 29 ? E quando é que os marqueteiros vão perceber que o pobre do eleitor quer propostas concretas, razoavelmente expostas?
Fascismo em marcha na Rússia
Esta é uma homenagem à jornalista russa assassinada Anna Politkovskaya. Há 30 anos, num ensaio publicado no Brasil sob o título “Menos que um”, o poeta russo exilado Joseph Brodsky escreveu:
“Era uma vez um menino. Ele vivia no país mais injusto do mundo. O qual era governado por criaturas que, por todos os critérios humanos, deviam ser consideradas degeneradas. O que nunca aconteceu”.
A revista The Economist desta semana fala em “ditadura dos fora-da-lei” e diz que a Rússia, embora ainda não tenha chegado lá, caminha para o fascismo. O jornal onde Anna Politovskaya trabalhava, o Novaya Gazeta, é um dos raros independentes que restaram no país. Confia tão pouco na Polícia que oferece um milhão de euros a quem der pistas seguras sobre o assassino da jornalista.
Segmentação e síntese
A gerente corporativa de comunicação do grupo Votorantim, Malu Weber, recebeu o prêmio de Personalidade do Ano dado pela Associação Brasileira de Jornalismo Empresarial, Aberje. Ela faz um paralelo entre comunicação interna e a mídia geral.
Malu:
– Acho que a gente pode fazer uma comparação entre os desafios que temos com a comunicação interna e com a mídia. Tanto um quanto outro têm que falar com diversos públicos. Eu sou a favor da mídia segmentada. Acredito que não dá para você falar com o acionista e com o chão de fábrica a mesma linguagem. E da mesma forma para fora, também. Mas acho que também temos o grande desafio de falar com o todo, de falar com o corporativo, de passar as mensagens como um todo. Tanto para dentro quanto para fora. Acho que fica aí o nosso grande desafio. De termos, sim, mídias segmentadas, e ao mesmo tempo fazer a comunicação do todo, a grande síntese, e com qualidade.
Concorrência à vista?
A Net, operadora de TV por assinatura das Organizações Globo, comprou a Vivax, forte no interior de São Paulo. A Net, diz hoje o jornal Valor, vinha incomodando as operadoras de telefonia fixa por oferecer pacotes de acesso à internet em banda larga, voz e TV por assinatura. Se tudo correr bem, começará a haver finalmente concorrência na telefonia fixa, hoje um oligopólio no Brasil.
A revista The Economist circula hoje com um dossiê algo cético sobre a chamada convergência de serviços propiciada pela internet. Diz que, embora as empresas já estejam investindo muitos bilhões de dólares na convergência, falta combinar com o consumidor. A revista relembra que a bolha de 2001, associada a falências, fraudes, custou a destruição de um trilhão de dólares de investidores.
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