Folga menor
O presidente Lula resolveu abreviar a folga do primeiro escalão do governo. Mais um episódio em que críticas da mídia influem, presume-se que positivamente, no andamento da vida pública do país.
Álcool inconfiável
Os produtores de álcool brasileiros continuam pouco confiáveis, como aconteceu nas últimas décadas sempre que puderam forçar o aumento dos preços. Em microeditorial, o Globo prognostica que o governo, mais uma vez, não tomará as providências anunciadas para evitar aumentos.
Banco do Brasil
O Alberto Dines diz que a imprensa deveria ter sido a primeira a questionar uma campanha publicitária do Banco do Brasil, mas não o fez. Fala, Dines.
Dines:
– A quem cabe discutir uma discutível campanha publicitária? E a quem cabe defender o patrimônio e a imagem de um banco público como o Banco do Brasil? Nos dois casos, a resposta é: a imprensa. Mas como é que a imprensa pode discutir uma campanha que ela própria vai veicular sem colocar em risco o seu faturamento como empresa? Pois é: como a imprensa demorou em perceber o desperdício de dinheiro representado pela nova e milionária campanha de anúncios do Banco do Brasil quem saiu em defesa da instituição foram os seus funcionários, os bancários. Eles não gostaram da idéia de trocar o nome na fachada de trezentas agências em dez estados brasileiros. No lugar da marca tradicional as agências seriam rebatizadas de Banco do João, Banco da Maria, Banco do Raimundo, Banco da Ana com o mesmo desenho e cores do original. Mais tarde, evidentemente, os painéis das fachadas serão novamente trocados. Os bancários condenam o custo da brincadeira publicitária e não concordam com o desrespeito a uma marca que em 2008 completará duzentos anos de existência. Aliás, o pretexto para a campanha é justamente iniciar as comemorações para o ducentésimo aniversário do banco. A imprensa pode até defender a validade comercial e mercadológica da campanha, mas não pode ser a última a divulgar as discordâncias que está gerando. Fica parecendo que a imprensa não tem coragem para enfrentar os anunciantes. E convenhamos: às vezes não tem mesmo.
Na internet, não colou
A rádio CBN noticiou reclamações de internautas que também não gostaram da idéia. Acharam que estavam diante de pirataria na rede. Essa tal publicidade foi daquelas que entram na história pela porta dos fundos.
À venda
Ancelmo Gois informa hoje que a revista IstoÉ está à venda. E menciona dois candidatos: Nelson Tanure, que já controla os títulos Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil, e arrendou a rede de televisão CNT, e o banqueiro Daniel Dantas.
Museu da Maré
O historiador Luiz Antônio de Oliveira é um dos coordenadores do Museu da Maré, uma favela do Rio de Janeiro. Ele participou em dezembro, em São Paulo, do I Fórum Brasil Memória em Rede e destaca a ajuda recebida da mídia para divulgar a atividade do Museu, inaugurado no ano passado.
Luiz Antônio:
– Ultrapassou muito as nossas expectativas. Dois dias antes já estavam ligando para entrevista, para ir no local. Um dia antes saiu cobertura. No dia, também, programas de rádio… Para a gente foi uma alegria. Porque ao mesmo tempo em que a imprensa chegava lá e falava: “Como é que vocês trabalham?” “A gente trabalhar com objetos que são doados por moradores”. Junto a isso tinha morador chegando com objeto. Então, não era uma fala abstrata. Concretamente aconteceu lá. Foi muito rico. E a imprensa fez uma cobertura muito generosa, muito legal. Abriu até uma perspectiva de discussão sobre museu na favela. “Ah, estão glamurizando a favela”. Nada disso. Então, serviu para a gente discutir isso, também. Ninguém quer glamurizar a favela, e sim fazer ali um processo de patrimônio histórico local. Faz parte do país, está integrado. É um trabalho cultural de identificação com o espaço. E daí se vê todo um trabalho de integração dos meninos, dos jovens, dos velhos.
Mauro:
– A colaboração da imprensa permitiu atingir um número elevado e diversificado de visitantes.
Luiz Antônio:
– Batemos sete mil visitas quando o museu fez seis meses. É importante constatar que uma massa grande da comunidade está indo ao museu, e grupos de fora. Muitos grupos de fora. Ônibus que são fretados, de universidades particulares, outros museus estão vindo ao Museu da Maré. E essas visitas são muito interativas, porque as pessoas narram, escrevem, no final, seus sentimentos em relação ao museu, à visita.