Betti culpa a imprensa
O ator Paulo Betti não hesitou em ir a uma festa cortesã para o presidente-candidato Lula. Disse o que queria. Repórteres presentes ouviram e publicaram. Hoje, Betti escreve texto na Folha de S. Paulo para se juntar à extensa lista dos que põem a culpa na imprensa. Diz que está sendo submetido a um linchamento moral que deveria preocupar os democratas do país. O que deve preocupar os democratas é o cinismo, a derrocada de valores e o costume de atacar a imprensa. O texto de Paulo Betti omite convenientemente tudo que possa prejudicar sua argumentação.
Velha Minas Gerais
Chegou às páginas dos jornais, na Folha de hoje, uma guerra de versões que circula há dias na internet a respeito de supostas pressões do governador Aécio Neves contra jornalistas de veículos de Minas Gerais autores de críticas à sua administração. Existe em Minas, como em outros estados, uma longa tradição de pressão do poder sobre a imprensa. O instrumento mais usado não é a coerção, são as contas de propaganda oficial. Desde os tempos do Partido Republicano Mineiro, na República Velha, passando pelo governo de Juscelino Kubitschek, entre 1951 e 1955.
Digitais chavistas
Alberto Dines diz que o balão de ensaio lançado pelo governo a título de democratização da mídia tinha as impressões digitais de Hugo Chávez.
Dines:
– O confronto eleitoral está ai, mas o day after, o dia seguinte, não pode ser esquecido. Dentro de um mês ou no máximo dois, dependendo do número de turnos, estaremos diante da tarefa de retomar uma agenda estagnada desde maio de 2005. O país precisa ser rediscutido, revisado e, sobretudo reanimado. Inclusive na área da comunicação. Há dias, o governo lançou o balão de ensaio sobre a democratização da comunicação e, felizmente, logo voltou voltou atrás. Tinha as impressões digitais de Hugo Chávez. Mas a democratização da comunicação (com outro nome) oferece oportunidades consensuais que há anos esperam o pequeno empurrão que provocará grandes transformações. A Rede Pública de Televisão já existe, mas ainda não mostrou seu potencial para transformar-se em alternativa real, efetiva, à TV comercial. Enquanto os candidatos berram nos palanques o Observatório da Imprensa vai mostrar hoje à noite que parcerias são possíveis. Na TV-E e na TV-Nacional, às dez e cinqüenta. Na Rede Cultura, às onze e quarenta.
Palocci, Época e o caseiro
A Justiça Federal autorizou a quebra do sigilo telefônico da linha usada pelo então ministro da Fazenda Antonio Palocci, em março, quando foram passados à revista Época dados sobre a conta corrente do caseiro Francenildo Costa. Segundo a Folha de S. Paulo, a Polícia Federal apurou que o assessor de imprensa de Palocci, Marcelo Netto, ligou pelo menos três vezes para a redação da Época momentos antes da divulgação, no site da revista, do extrato bancário do caseiro. A revista prestou-se a uma tentativa de massacrar o caseiro para salvar o então ministro.
Mais inteligência em revistas
Segundo o The New York Times, em tradução publicada hoje pelo Globo, a revista Time decidiu mudar sua concepção editorial. Quer publicar mais opiniões, mais ensaios e mais análises. Um professor da Universidade de Nova York, Robert Boynton, diz que as grandes revistas americanas precisam decidir “se vão na direção da elite da mídia, com uma abordagem inteligente dos eventos da semana, ou se tentam ser tudo para todo mundo”. No Brasil, a revista de maior circulação, Veja, parece ter feito a segunda opção.
Bebida e velocidade
O noticiário do Globo de hoje sobre o acidente que matou no Rio cinco jovens na madrugada de domingo passa ao largo de uma questão que não pode ser ignorada: a publicidade de bebidas e a publicidade que mostra automóveis em alta velocidade fazendo as mais absurdas manobras.
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