Morro e asfalto
É importante a declaração do ministro da Defesa, Waldir Pires, no jornal Valor de hoje, de que o Exército não deve entrar no combate à criminalidade. Forças Armadas defendem a soberania nacional. Pires contraria declarações eleitoreiras do presidente Lula.
Mas o ministro foi infeliz quando disse: “Todos sabem que o Exército não está preparado para subir o morro”. O problema está tanto no morro como no asfalto. O morro sofre mais. Falar só no morro é preconceito.
Não misturar PT com PCC
Que o PCC ache que está ajudando o PT, é um problema da quadrilha. Isso de modo nenhum compromete o PT com o PCC. A politização eleitoreira desse assunto é um desastre.
Campanha ruim, cobertura idem
Cada vez que os jornais publicam listas de deputados denunciados por envolvimento com a máfia das ambulâncias, prestam bom serviço público. Os acusados, é claro, devem ter amplo direito de defesa.
Mas a divulgação das denúncias não redime a cobertura eleitoral, que raramente terá sido tão bisonha. Isso se deve antes de mais nada à característica da campanha propriamente dita, até aqui vazia e repetitiva como o horário obrigatório.
Excesso de guerras
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, mostra como uma guerra pode esconder outra.
Egypto:
– Nas últimas semanas, o noticiário sobre a guerra do Iraque na mídia americana ficou em plano secundário, perdendo espaço para o conflito entre Israel e o Hezbollah e para os desdobramentos da descoberta, em Londres, dos planos de atentados terroristas em aviões de carreira.
Uma matéria da Associated Press, divulgada na semana passada, mostrou que no início deste ano os principais telejornais das três maiores rede de TV aberta dos Estados Unidos dedicaram, em média, 39 minutos semanais ao Iraque. Após o início do conflito no Líbano, ainda segundo a AP, a média caiu para 13 minutos por semana.
Repórter ameaçada
O jornal O Dia denuncia a inércia das autoridades policiais do Rio de Janeiro diante das ameaças sofridas pela jornalista Maria Mazzei, autora de reportagens sobre venda de cadáveres por funcionários do Instituto Médico-Legal do estado.
Esclarecer o povo
O professor de Direito da USP Fabio Konder Comparato, que acaba de lançar o livro Ética – Direito, moral e religião no mundo moderno, indica para a mídia uma missão democrática.
Comparato:
– Há um fato que precisa de qualquer maneira passar para o povo. É que o único responsável pelo seu destino e pelo futuro da nação brasileira é o próprio povo. Não são os outros, não são os representantes, não são os governantes. E, portanto, é preciso em primeiro lugar que o povo tome conhecimento dos grandes assuntos, assuntos de importância nacional. As riquezas nacionais, a sua disponibilidade, ela deve ser decidida por quem? Pelo Lula, pelo Congresso Nacional? Ou é preciso que haja uma ampla discussão entre todos os cidadãos e eles votem? É da maior importância que se comece a desbloquear esses mecanismos de decisão popular.
Mauro:
– Comparato é o coordenador do Fórum Permanente de Reforma Política criado pela Ordem dos Advogados do Brasil. Ele quer a participação de entidades representativas da imprensa.
Comparato:
– Eu insisti em que houvesse a participação de entidades representativas de setores importantes da sociedade civil, e que pudessem fazer pressão sobre o Congresso Nacional. E obviamente, entre essas entidades devem estar algumas dos meios de comunicação de massa.
Orkut virou “mico”
O Google brasileiro entrou em conflito com o Ministério Público Federal sob a acusação de não ajudar a identificar racistas, pedófilos e neo-nazistas que usam as páginas do site de relacionamento Orkut. No Rio, o Tribunal Regional Eleitoral multou um candidato que usava o Orkut para fazer propaganda eleitoral.
O Orkut, como se sabe, foi dominado por brasileiros. Por isso se tornou estrategicamente desinteressante para a empresa Google internacional. E o escritório brasileiro não tem autonomia suficiente para modificar o produto de modo a atender a Justiça brasileira.
Microsoft e Yahoo! são mais prudentes e costumam só lançar produtos quando têm estrutura montada para atendimento ao cliente. Isso não significa renunciar à popularidade. O Yahoo Respostas brasileiro, por exemplo, lançado há um mês, já é o segundo do mundo, atrás apenas do americano.
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