Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Campanhas sub-reptícias
>>Responsabilidade social

Campanhas sub-reptícias


A crise de corrupção divide as manchetes com a previsão encolhida de crescimento do PIB em 2005. Esse é o pano de fundo de dois processos que vão marcar o futuro do Brasil por alguns anos: as decisões sobre a política econômica e as eleições de 2006, que não serão apenas para presidente da República, mas para governadores, Congresso Nacional e Assembléias Legislativas.


O debate sobre a política econômica é aberto. A cada dia se manifestam partidários e adversários da estabilidade, e também pessoas que dizem querer estabilidade com ajuste diferente, como foi o caso, ontem à noite, do ex-ministro José Dirceu no programa de televisão do Observatório da Imprensa.


A marcha das eleições é sub-reptícia. Candidatos ainda não proclamados por seus partidos, como Lula e Serra, percorrem programas de rádio e televisão.


Não encurralar a imprensa


No Observatório da Imprensa televisivo, Alberto Dines chamou a atenção para o risco político e institucional de se fazer contra a imprensa um tipo de pressão que a deixe encurralada. Isso significaria tornar muito difícil a superação da crise atual. A mídia é decisiva para a sociedade definir seus novos caminhos.


O ex-deputado Dirceu admitiu que foi erro do governo mandar para o Congresso Nacional um projeto que criava o Conselho Federal de Jornalismo, fonte de muitos atritos, no ano passado, entre o governo Lula, o PT e a imprensa.


Dirceu:


– Um projeto dessa natureza precisa ser amplamente debatido, como foi o caso da Ancinav, Agência Nacional de Cinema e Audiovisual, com a sociedade e com todos os interessados, particularmente com os jornalistas e com as empresas de comunicação. Não dá certo enviar um projeto do Executivo para a Câmara dos Deputados, dessa natureza, como outros, sem um amplo debate democrático antes, sem audiências públicas, sem um processo de consultas inclusive ao próprio parlamento. Foi um erro que nós cometemos.


Cristão-judaico-stalinista


No programa do Observatório, diante de uma pergunta do jornalista Caio Túlio Costa, ex-editor e ex-ombudsman da Folha de S. Paulo, Dirceu não admitiu ter usado durante muitos anos a prerrogativa de fonte privilegiada de jornalistas. Aluizio Maranhão, editor de opinião do Globo, perguntou ao ex-deputado se há alguma conspiração contra o governo e o PT com a participação da mídia. Dirceu respondeu que não há conspiração das elites com a mídia, mas que a imprensa ajuda a oposição a promover um sangramento do governo Lula.


Uma nota engraçada foi a referência de José Dirceu a sua formação “cristã-judaico-stalinista”.


Gato e rato


A Folha de S. Paulo mostra hoje que o fechamento de uma espécie de feira de produtos eletrônicos mergulhada na informalidade, o Stand Center, na Avenida Paulista, levou o público a procurar alguns quarteirões adiante, na Rua Augusta, o Promo Center, igualzinho ao que foi fechado. É um jogo de gato e rato.


Responsabilidade social


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, chama a atenção para a responsabilidade social da imprensa.


Egypto:


– A imprensa pode ser entendida como um negócio, mas definitivamente não é um negócio como outro qualquer. Por mais que responda a interesse privados, por sua própria natureza trata-se de uma atividade de profundo interesse público. A informação é um direito humano universal, tão importante quanto o direto à saúde, à educação, à moradia e correlatos. E os mediadores da informação, sobretudo os jornalistas, têm um compromisso indelegável com a precisão, a exatidão e a fidedignidade daquilo que levam ao público. O nome disso, em outras palavras, é responsabilidade social.


Difícil imaginar um negócio bem-sucedido sem um grau ótimo de responsabilidade social. Impossível conceber uma atividade econômica de relevo sem a adoção uma estratégia clara que garanta a consecução de seus objetivos e metas.


E qual a percepção que se tem da estratégia das empresas jornalísticas? Seu objetivo é transformar-se naquilo que o jargão chama de profit company, com foco único no lucro, ou atuar profissionalmente em prol do interesse público?


Atordoados com tanta mesmice no noticiário, os leitores perguntam. E a imprensa ainda não deu a resposta.


Amilcar de Castro


Saiu em livro, chamado Preto no Branco – A Arte Gráfica de Amilcar de Castro, que será lançado hoje, um panorama do trabalho do grande escultor que mudou a face dos jornais brasileiros. Onde antes praticamente só havia textos e linhas de separação, chamadas fios, Amilcar de Castro colocou fotografia e espaços em branco. Isso foi feito no Jornal do Brasil em 1957. Foi uma das mais importantes reformas gráficas da imprensa no Brasil e no mundo.