Caso Celso Daniel
Talvez por não dispor de outro caminho, o governo e o PT usam todas as possibilidades de confronto no Congresso para tentar impedir que as investigações parlamentares cheguem a novas comprovações ou revelações. Mas até aqui isso não funcionou. A CPI dos Bingos marcou para quarta-feira da semana que vem a acareação de Gilberto Carvalho com os irmãos do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel.
Caixa 2 é crime
Claudio Weber Abramo, da Transparência Brasil, relembra hoje, na Folha de S. Paulo, que o dinheiro do Caixa 2 vem da corrupção e usá-lo é crime. A mídia tem resistido à tentativa de diferentes instâncias políticas de apresentar fundos ilícitos de campanha eleitoral como algo natural e inevitável.
Urucubaca
Ninguém pode negar que o governo do presidente Lula atrai urucubaca. Seu terceiro ministro do Trabalho, Luiz Marinho, está hoje na primeira página dos jornais envolvido em escândalo por um ex-diretor da Volkswagen alemã. Marinho, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, foi o protagonista de uma negociação bem sucedida com a matriz da Volks na Alemanha, em 2001, que evitou demissões na filial brasileira. Na época, a negociação ganhou grande destaque positivo na mídia.
Imprensa de memória curta
O episódio do “mensalinho” recebido de funcionários de seu gabinete pelo senador Geraldo Mesquita, do P-Sol do Acre, revelado hoje, é mais uma comprovação do erro que a imprensa comete ao não dar as biografias dos personagens que estão dos dois lados da crise do “mensalão”. Não basta dizer quem são os acusados. É preciso esclarecer quem são acusadores e juízes.
O caso do senador Geraldo Mesquita é relevante. O Jornal do Brasil revelou em abril que nove parentes do senador Mesquita trabalhavam em seu gabinete. Mas em abril ainda não tinha começado a crise do “mensalão”…
Descuido
O jornal Valor afirma hoje que focos de aftosa foram detectados em Eldorado, Mato Grosso do Sul, um mês antes do anúncio público da doença. Os primeiros sinais teriam surgido antes ainda, em agosto. Governo e pecuaristas dormiram no ponto. O prejuízo, está em manchetes de hoje, não pára de aumentar. A grande imprensa só agora, duas semanas depois, está descobrindo o que de fato aconteceu, porque mandou repórteres à região atingida pelo surto de aftosa.
Poder contestado
O Estado de S. Paulo desta sexta-feira, 21 de outubro, diz em editorial que o ministro Nélson Jobim quebrou o decoro durante o julgamento do pedido de liminar impetrado pelo deputado José Dirceu e não tem mais condições para presidir o Supremo Tribunal Federal. E lembra que Jobim revelou ter incluído no texto da Constituição de 1988, da qual foi relator, matéria não votada pelos constituintes. O Estadão usa uma palavra que descreve bem um estado de espírito muito freqüente na imprensa em face dos poderes da República, uma das explicações da crise atual: leniência.
Livro liberado
A Justiça liberou a venda do livro Na Toca dos Leões, do escritor e jornalista Fernando Morais, que havia sido embargada devido a ação movida pelo deputado Ronaldo Caiado, do PFL de Goiás. Caiado contestou a afirmação, a ele atribuída em diálogo reproduzido no livro, de que mulheres deveriam ser esterilizadas para combater a superpopulação. Caiado pode recorrer da decisão.
Milhares de Diademas
A campanha do Sim no referendo ganhou ontem apoio da revista The Economist. Não tem efeito prático, mas é interessante para o debate, que não terminará no próximo domingo. The Economist diz que o voto no Não seria um revés na política de segurança pública. Aceita a tese de que o controle de armas foi provavelmente a razão principal da queda do número de homicídios verificada em 2004. A revista, que é quase sempre conservadora, mas liberal no sentido amplo da palavra, ignora o principal argumento da frente do Não, que é a perda de um direito dos cidadãos. A The Economist não é pessimista. Acha que o referendo só vai determinar uma mudança no ritmo da necessária política de controle de armas. Se ganhar o Não – que hoje de manhã tinha 70% das preferências entre internautas da Folha online – , The Economist propõe que milhares de governos locais sigam o exemplo de Diadema, na Grande São Paulo. A cidade adotou medidas eficazes e fez baixar muito o número de homicídios.