Competição total
A concorrência entre os jornais virou coisa do passado. Agora, a disputa para valer acontece entre a mídia tradicional, que junta jornais, revistas e televisão, e o imensurável universo da internet.
O rádio ainda sobrevive bem, com custos mais baixos e com mais agilidade, podendo ser captado tanto nos antigos aparelhos de ondas curtas e freqüência modulada como nos computadores e nos tocadores de MP3 que invadiram o mundo.
Um dos sintomas mais interessantes dessa nova realidade é o fato de que, no Brasil, as informações sobre a mídia já não são encontráveis prioritariamente na imprensa clássica, mas em sites e blogs especializados.
Um deles, o AdNews (www.adnews.com.br), produz um boletim que acompanha os principais acontecimentos nos mundos da comunicação e da tecnologia, registrando novidades tecnológicas e novos negócios, que acontecem numa velocidade impossível de acompanhar pelos meios tradicionais.
Nesta semana, o AdNews informa sobre o 2o. Seminário Internacional de Jornalismo Online, que aconteceu em São Paulo, onde os mais destacados criadores de conteúdo para as novas mídias puderam contar o que vem por aí.
O ponto central dos debates foi a democratização da oferta de conteúdo, tema que provoca arrepios nos gestores de jornais, revistas e da televisão.
No meio do noticiário e de artigos sobre o tema, informa-se que a empresa de tecnologia e comunicação Google vai oferecer acesso à internet em banda larga para cerca de 3 bilhões de pessoas ao redor do mundo, a preços extremamente baixos.
Curiosamente, a fonte do AdNews é o jornal britânico Financial Times, o que mostra a tendência de se consolidar a complementariedade das mídias: um jornal de economia publica uma nota sobre um novo negócio, um site especializado reproduz e amplia essa nota, e a notícia circula pela rede, enriquecida por comentários de especialistas.
Essa é a nova natureza do jornalismo, que desponta como o conteúdo de maior valor na revolução digital.
Pode ser encarada como uma janela de oportunidade para a velha imprensa, mas também pode ser vista como um novo desafio para a sobrevivência das empresas que até aqui vinham monopolizando o jornalismo.
Mais um furo no papel
Falando em concorrência, o ‘Blog da Amazônia’, publicado pelo jornalista acreano Altino Machado, noticia hoje, com exclusividade, que os integrantes do Ministério Público Federal que atuam na Amazônia Legal e dos Ministérios Públicos estaduais da região vão levar um manifesto ao Congresso Nacional propondo uma reforma tributária ambiental.
Trata-se de uma importante iniciativa de introdução dos conceitos de sustentabilidade na política tributária.
O documento, que será entregue a todos os deputados e senadores que foram eleitos pelos Estados amazônicos, observa que o Projeto de Emenda Constitucional da Reforma Tributária, em tramitação no Congresso, é absolutamente omisso quanto à necessidade de vincular a taxação das atividades econômicas aos princípios da defesa ambiental.
O tema deveria ferver nas páginas dos jornais, pelo caráter inovador que impõe aos debates sobre a questão tributária.
Mas a tradição conservadora da imprensa provoca a desconfiança de que o assunto vai ficar restrito ao ambiente da internet.
Dez entre dez comentaristas da imprensa apenas se referem à questão tributária no Brasil em termos de alívio da carga imposta aos contribuintes.
Por essa razão, a proposta dos promotores públicos da Amazônia deveria merecer uma atenção especial da imprensa, porque coloca sobre a mesa uma das questões mais importantes do nosso tempo, que trata da inclusão da variável ambiental nos debates sobre o desenvolvimento econômico.
A prevenção ambiental via sitema tributário é um modelo consagrado em muitos países do mundo, e em alguns Estados americanos, como a Califórnia.
Além do aspecto educativo, que ajuda a desenvolver um empreendedorismo responsável quanto ao patrimônio comum, a proposta cria uma alternativa mais eficiente para a política centrada apenas na fiscalização e punição, sempre uma porta adicional para a corrupção.
O ‘Blog da Amazônia’ deu o furo. Vamos ver quanto tempo os jornais vão levar para passar o recibo.