Cortes sensatos
O economista Marcos Mendes dá hoje, no jornal Valor, uma contribuição substantiva ao que poderia ser um bom debate pré-eleitoral. Demonstra em artigo que há muita margem para reduzir gastos correntes do governo sem afetar programas sociais.
Concessões espúrias
Alberto Dines aponta caminhos para a mídia garantir padrões de relevância.
Dines:
– A Seleção está vencendo mas não está convencendo, e isto pode criar condições para que o país, enfim, deixe o gramado. A brutalidade dos motins nos presídios do Espírito Santo e a nova ofensiva do PCC em São Paulo mostraram novamente o poder do crime organizado mas, pelo visto, nem a mídia nem o governo impressionaram-se muito. Mas a manchete de ontem na Folha de S. Paulo mostrou como a grande imprensa pode contribuir para mudar o país. Basta querer. A repórter Elvira Lobato revelou que desde 2003 o governo federal distribuiu para parlamentares nada menos do que sete concessões de TV e vinte e sete para rádios educativas. A orgia é inconstitucional, legislador não pode ser concessionário de um serviço público. Este Observatório de Imprensa vem denunciando a irregularidade há anos e até já ofereceu subsídios à Procuradoria Geral da República. É evidente que nem a Câmara ou o Senado vão se mexer. Mas em época de eleições é bom lembrar que algumas almas ficam mais sensíveis diante do tamanho dos abusos.
Clique aqui para ler a reportagem.
A família de Bussunda
Alberto Dines constatou que a mídia durante o fim de semana omitiu, por ignorância, quem foi a mãe do humorista Bussunda. No Globo de hoje Ancelmo Gois informa que Helena Besserman Viana, médica e psicanalista falecida em 2002, foi quem denunciou à Sociedade de Psicanálise o médico Amílcar Lobo. Ele assistiu a sessões de tortura na ditadura.
Helena havia sido presa no golpe de 64. Era ligada ao Partido Comunista. Em sua casa, nos anos finais da ditadura, se reuniam antigos dirigentes do Partidão. Tão antigos que o grupo era chamado O Milênio, em homenagem à soma de suas idades. Na adolescência, ela integrou uma organização socialista judaica.
Sérgio Besserman Viana, irmão de Bussuda, ex-presidente do IBGE, também participou, como estudante, da luta contra a ditadura.
Favelas sem rosto
O Globo deu manchete no sábado: “Mundo tem um terço da população urbana em favelas”. A finalidade desses grandes agregados numéricos é causar impacto. São cálculos, muitas vezes sem consistência, que não servem para se conhecer melhor a realidade específica, concreta, de favelas e bairros pobres.
Dias atrás, no mesmo Globo, explicava-se, por exemplo, que algumas favelas do Rio de Janeiro crescem além de toda medida porque são menos violentas do que outras, de onde muitas famílias procuram fugir. Ou seja: as situações são diferentes e requerem políticas diferentes.
Crime e castigo na internet
O advogado Renato Opice Blum, especializado em direito eletrônico, da informática e da internet, diz que há meios para reprimir crimes cibernéticos, e que isso acontece no Brasil com mais freqüência do que sugere a cobertura jornalística.
Opice Blum:
– A divulgação na imprensa de decisões judiciais específicas envolvendo crimes na internet, situações de atos ilegais na internet, acaba trazendo um benefício prático muito grande, porque consegue demonstrar que a internet não é um mundo sem leis e há repressão prática, nós saímos do conceito teórico de que existem riscos e partimos para o conceito prático de que esses riscos, além de existirem, geram também responsabilidades civis e criminais. E essas responsabilidades muitas vezes podem doer no bolso da pessoa, na medida em que a pessoa pode não só ficar sujeita a uma pena privativa de liberdade, mas também ao pagamento de uma indenização.
Eu acho que precisa trazer a decisão [judicial]. Falar: “Olha, não é mais utopia, é realidade. O sujeito foi condenado”.
Mauro:
– Renato Opice Blum diz que uma estatística brasileira causa espanto no exterior, como causaria no país se fosse devidamente divulgada: já houve no Brasil 5 mil decisões judiciais envolvendo a internet.
Constituinte boliviana
As eleições para uma Assembléia Constituinte na Bolívia se realizam daqui a duas semanas. Como de praxe, a cobertura pela mídia brasileira será feita na última hora. Decisões da Constituinte boliviana tendem a produzir tensão na fronteira com o Brasil.
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