Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Crise cada dia mais pesada
>>Show é com a mídia
>>Fatos e símbolos
>>Levantar o facho
>>TV Digital
>>Haiti
>>Escola pública paulistana
>>Ameaça de epidemia

Crise cada dia mais pesada


As notícias de ontem tornam a crise muito mais pesada. O caso Santo André, que envolve assassinato, pode acordar a qualquer momento.


Show é com a mídia


O jornal O Globo critica em editorial nesta sexta-feira, 15 de julho, o estilo pirotécnico da operação da Polícia Federal na Daslu e as algemas colocadas em junho em diretores da Schincariol, como se fossem traficantes e não acusados de sonegação de impostos. Só se esqueceu de mencionar que sem o concurso da Rede Globo de Televisão não teria havido pirotecnia.


A operação na Daslu mexeu com a elite. FolhaEstado Valor também publicam editoriais. Todos se esquecem de criticar o papel da mídia nas operações espetaculosas. A Folha valoriza a queda da barreira que deixava impunes delinqüentes de elite.



Fatos e símbolos


O Alberto Dines sugere que a imprensa seja capaz de perceber a simbologia dos acontecimentos.


Dines:


− A mídia anda tão atarefada que não reparou na coincidência: a história da Daslu tem muitos pontos de contato com o triste fim da rainha Maria Antonieta. Em primeiro lugar por causa da proximidade das datas. A Bastilha jamais foi reconstruída, mas a Daslu certamente deverá reerguer-se depois do trauma da Operação Narciso. Afinal, os novos ricos precisam torrar o seu dinheiro e quanto mais depressa melhor.


A Daslu foi inventada para satisfazer as necessidades daqueles que não podem carregar malas e malas de dinheiro vivo e por isso preferem comprar uma malinha da Louis Vuitton por 20 mil reais. Novos ricos precisam aparecer, basta ver o luto das colunas sociais nestes dois últimos dias.


Dizem que a doidivanas Maria Antonieta, ao saber que o povo pedia pão, respondeu “Que comam croissants”. Foi a sua maneira de estimular a filantropia. A Daslu também é caritativa, paga bem, tem responsabilidade social, mas sobretudo exibe um crucifixo no seu logotipo. A Daslu é uma dádiva dos céus, e, ao contrário da Bastilha, precisa ser preservada.


Levantar o facho


Na avaliação do executivo Pedro Passos, da Natura, a mídia tem papel decisivo, mas parece refém do curto prazo. Passos sente falta de análises de fundo. Queixa-se da propensão da imprensa a estabelecer dicotomias simplificadoras. A discussão do déficit zero, diz Passos, é uma delas. O executivo pede um visão que ajude a “levantar o facho”, a pensar nas coisas que são essenciais para os rumos do Brasil nos próximos vinte, trinta anos.


Revistas e jornais do fim de semana devem começar a responder a esse desafio. Já deu tempo para pensar. Faz dois meses que estourou a denúncia de corrupção nos Correios.


TV Digital



Foi sensata a decisão do novo ministro das Comunicações, Hélio Costa, de parar de fingir que o Brasil vai criar um padrão próprio de televisão digital. A discussão mais importante não é tecnológica, é sobre o modelo de negócios e o grau de inclusão digital da população que ele permitirá.


Haiti


A situação no Haiti continua a se deteriorar. Ontem, foi encontrado morto um jornalista que havia sido seqüestrado por partidários do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide. Era Jacques Roche.


Escola pública paulistana


A imprensa desconhece a extensão dos problemas da escola pública na capital paulista. Ensino sem qualidade, três turnos, aulas de 45 minutos. E, para complicar, Marta Suplicy deixou como herança uma lei que permite ao professor faltar oito dias por mês mediante apresentação de atestado médico.


Ameaça de epidemia


A edição internacional da revista alemã Der Spiegel informa que desde dezembro de 2003 foram abatidas em dez países asiáticos 140 milhões de aves, para conter a gripe aviária, mas isso não funcionou e a ameaça se torna a cada dia mais alarmante.


O coordenador do programa global de gripe da Organização Mundial da Saúde, Klaus Stohr, afirma que a questão não é saber se haverá epidemia, mas quando ela ocorrerá. Austrália, França, Canadá, Estados Unidos e Inglaterra já tomam providências. Aqui, ao que se saiba, as autoridades se limitam a acompanhar o noticiário, que, por sinal, é escasso nos veículos brasileiros.