Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Crise ultrapassa partidos
>>Prepotência em São Paulo

Crise ultrapassa partidos


Se os partidos tentarem fazer uso eleitoral dos acontecimentos de ontem no Congresso podem afundar juntos. Trata-se de um ato político, em toda a extensão da palavra, mas suas raízes e repercussões vão muito além do contexto político-partidário eleitoral.



Sem justificativa


O vandalismo foi praticado contra um poder fragilizado por seus próprios crimes, mas seria um erro monumental a imprensa aceitar a tese oportunista de alguns parlamentares de que se trata de merecido castigo contra mensaleiros e assemelhados.



Paisagem brasiliense


Uma pergunta precisa ser respondida rapidamente pela imprensa: os manifestantes já saíram dos ônibus com ânimo de depredar instalações da Câmara dos Deputados?


Outra pergunta é: como os serviços de inteligência do governo não conseguem enxergar uma tal movimentação de 500 pessoas em plena capital federal? Será que isso faz parte da paisagem? E a mídia, onde esteve



Prepotência em São Paulo


Jornalistas não conseguiram ouvir invasores em Brasília. Segundo o Estadão de hoje, o Movimento de Libertação dos Sem Terra deu instrução para ninguém falar. Ontem houve na Assembléia Legislativa de São Paulo um ato de prepotência oficial comandado pelo secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, simétrico ao de Brasília. Repórteres da Folha descobriram que um cabeleireiro integrante da claque de Saulo nem sequer sabia identificar o secretário.


Mortes sem laudos


O advogado Dalmo de Abreu Dallari declarou ontem que o secretário Saulo de Abreu Filho cometeu falta grave ao impedir a divulgação dos laudos sobre as mortes na crise de violência de maio.


A média diária de mortes em oito dias passou de 20 para 50 em São Paulo. Ainda que todos as vinte mortes da média histórica tivessem sido, por hipótese, casos de rotina, sobrariam 30 por dia, ou 240, no total.


Em entrevista ao Observatório da Imprensa, o repórter do Estadão Marcelo Godoy lembrou que nem o então secretário de Segurança coronel Erasmo Dias, em plena ditadura, no ano de 1975, negou-se a divulgar os laudos do famoso caso Rota 66, o assassinato de três estudantes por policiais militares. Os laudos, segundo Godoy, foram divulgados no dia seguinte ao do crime.


(Clique aqui para ler a entrevista.)


Tropa em presídio


O noticiário do Jornal Nacional sobre a ação da Força Nacional de Segurança Pública no presídio de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, descreveu uma ação bem-sucedida, planejada, que surpreendeu os presos.


Mas a reportagem do Estadão de hoje começa com a seguinte frase: ‘Depois de cinco dias vacilante’, a Força Nacional entrou no presídio. O jornal eletrônico Midiamax News, de Campo Grande, afirma que a ação da tropa foi resposta a uma carta do PCC anunciando novas rebeliões na penitenciária, situada em ponto estratégico da rota de tráfico de drogas e armas.


Clientelismo na comunicação


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, chama a atenção para um estudo sobre as ligações entre meios de comunicação e financiamento de campanha eleitoral.


Egypto:


– Muito se fala do clientelismo político, mas pouco se atenta ao fenômeno do clientelismo nos meios de comunicação.


A imbricação da política de varejo com as concessões de radiodifusão, para ficar apenas num exemplo, no Brasil chega às raias do escândalo. E não se conhece nenhum movimento consistente de algum dos poderes da República no sentido de brecar essas práticas lesivas ao interesse público e à democratização das comunicações. Esta, aliás, é uma pauta recorrente nas edições online deste Observatório.


Mas na edição que subiu ontem para a Web, um artigo em especial merece sua atenção: é o estudo do pesquisador Israel Bayma, que cruzou dados obtidos em instituições do Estado para identificar relações entre o setor de comunicação e o financiamento de campanhas eleitorais em 2002. Claro que os recursos de caixa dois não puderam ser considerados, mas naquela eleição essas empresas doaram oficialmente pouco mais de 2 milhões de reais às campanhas – 65% disso para candidatos aos parlamentos estaduais e federal. São números relevantes. Há outros. Confira em nosso site.


Petrobrás ajuda Duda


Mônica Bergamo relata hoje na Folha a ajuda dada pela Petrobrás para o publicitário Duda Mendonça elevar espetacularmente o faturamento de sua agência.


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