De volta à CPI
Hoje é dia de relatório da CPI dos Correios. O senador Pedro Simon denunciou pressões contra o relator, deputado Osmar Serraglio. Manter o equilíbrio num momento como este é uma proeza política.
A bolsa e a urna
Há e haverá pressão para que Guido Mantega siga no Ministério da Fazenda uma espécie de “cartilha do mercado”. Mantega tem o grande trunfo da honradez mas paga pelo que disse nos últimos anos. A maior pressão, porém, virá de dentro do governo. Em ano de eleição é difícil controlar a sede de gastos.
Reação em cadeia
A política de segurança pública do governador Geraldo Alckmin foi colocada em xeque pelas rebeliões em cadeias de São Paulo. A política é questionável, mas é preocupante constatar quem são os questionadores.
Imprensa relâmpago
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala de reportagem que descreve o surgimento de um novo jornal popular no Rio de Janeiro.
Egypto:
– O mercado de jornais populares no Rio está aquecidíssimo. O jornal O Dia, que já teve presença mais forte nesse segmento, anuncia uma reforma gráfica e editorial com vistas à maior qualificação do produto. E as Organizações Globo, que editam O Globo e o líder Extra, lançaram anteontem um novo diário: o Expresso.
Com preço de capa de 50 centavos, o Expresso é uma resposta do Grupo Globo ao rápido crescimento do Meia Hora, jornal popular do grupo que edita O Dia, lançado em setembro do ano passado.
Como informa matéria do jornalista Paulo Oliveira, publicada na edição online deste Observatório, a idéia do Expresso é buscar o público das classes C e D que aumentou sua renda e ainda não tem o hábito de ler jornal. Para ele, então, bolaram um jornal compacto, de leitura fácil. Como um sanduíche… rapidinho.
Debate sério sobre o tráfico
O Observatório da Imprensa fez ontem na televisão o que o Fantástico e o Jornal Nacional deveriam e poderiam ter feito após a exibição do documentário Falcão, meninos do tráfico, de MV Bill e Celso Athayde: reuniu um grupo de debatedores que tinham o que dizer sobre o aliciamento de crianças e jovens pelo tráfico.
MV Bill avaliou que o documentário aumentou a consciência da população sobre a necessidade de melhorar os serviços públicos de educação e saúde. Pediu também maior atenção para os problemas de desestruturação da família.
O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi, mencionou uma série de programas federais e estaduais para a infância e a juventude, mas reconheceu que são insuficientes.
O coordenador do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, Jailson de Souza e Silva, disse que a grande maioria dos favelados não tem nada a ver com o crime e condenou a política de “guerra” às drogas.
O jornalista Fausto Macedo reconheceu que uma parte da polícia não quer que o tráfico acabe, porque vive dele.
Alberto Dines chamou a atenção para o fato de não se dever à imprensa, mas principalmente o cinema, desde o filme Pixote, a ampliação da consciência da opinião pública sobre o problema da violência e a criminalidade.
O programa será reprisado no sábado às oito da noite.
Favelas esquecidas
Boa pista para entender problemas urbanos brasileiros foi dada ontem (28/3) em artigo do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, no jornal Valor. Neri constatou, a partir de dados do IBGE, que os programas de transferência de renda do governo chegam mais às áreas rurais, ao Nordeste, às mulheres e aos afro-descendentes, grupos identificados com a pobreza, mas pouco beneficiam especificamente favelados.
Jornalistas justiceiros
O jornalista Mário Marona previu ontem em seu blog que a revista Época sairá ilesa do episódio do caseiro Francenildo, como passam incólumes todos os jornalistas que costumam fazer das crises o seu momento de glória.
Abre aspas: “Jornalista adora vestir o manto da cruzada moral. Se orgulha das matérias que ajudam a destruir reputações. (….) Vi prazer nos olhos de jornalistas que imputaram a Alceni Guerra crimes que até hoje não se sabe se ele cometeu. (….) Vi a vaidade de um jovem repórter que, na época da crise que apeou Collor do poder, encontrou colegas num fim de tarde num boteco de Brasília, jogou o paletó sobre a cadeira, sorriu, suspirou e, vaidoso, afirmou: ´Derrubar presidente cansa!´.’
Mistificações retóricas
Os discursos cínicos na saída de Antonio Palocci, ontem, quando o presidente da República despediu-se de um “grande irmão” e “eterno companheiro”, sinalizam para a grande onda de mistificação retórica que varrerá o país durante a campanha eleitoral. De todos os lados.
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