Depois vem a conta
Em artigo no jornal Valor, o economista Marcelo Néri mostra que não é Copa do Mundo, mas ano eleitoral, que empurra a economia. Ele estudou a renda per capita desde 1982 e constatou que ela cresce em anos eleitorais e cai depois, quando é necessário desfazer os desequilíbrios inflacionários, orçamentários ou no balanço de pagamentos. A tese é apresentada também na coluna de Merval Pereira, no Globo.
Dias piores virão
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o economista Stephen Roach, do Morgan Stanley, prevê grandes complicações à frente para países como o Brasil quando os consumidores americanos reduzirem seus gastos. Roach diz que a política econômica brasileira olha para trás.
O segredo da boa imprensa
Alberto Dines mostra o caminho para enfrentar a crise do jornalismo impresso.
Dines:
– A televisão mostra o jogo, refaz as jogadas, comenta os desempenhos, mostra detalhes e ainda procura entusiasmar a torcida. Tudo isso em tempo real. Nem sempre os comentários televisivos são os mais isentos e os mais objetivos mas nenhum espetáculo é perfeito. O problema desta Copa é que ficou muito visível o descompasso da chamada crônica esportiva, escrita. Os jornais saem com notícias e comentários às vezes atrasados quase um dia, os jornalistas são obrigados a escrever para três ou quatro veículos diferentes e nem sempre da mesma empresa. Resultado: o jornalismo impresso vive em todo o mundo a sua mais grave crise e a cobertura escrita desta Copa reflete perfeitamente este impasse. Jornais existem há mais de 400 anos, o segredo da sua sobrevivência repousa na qualidade e na intensidade do que relata, mesmo quando dirigidos a públicos mais populares. Convém pensar nisso. Enquanto não aparece a solução vale a pena descobrir como o cinema brasileiro aproximou-se do futebol, há pouco mais de 50 anos. Hoje, no Observatório da Imprensa: onze e meia na TV-Cultura e, antes, ao vivo, às dez e meia na TV-E.
Pacto nacional
Tereza Cruvinel, diante da evidência de que o crime organizado conserva grande poder de fogo nas prisões, apóia hoje a tese de Alberto Dines que a mídia deveria cobrar um pacto nacional contra a violência. Mas lamenta o momento infértil, em que os dois candidatos principais à presidência estão preocupados apenas em se diferenciar e se atacar.
Prisões destruídas
Um relato do jornalista Cláudio Dias, da Tribuna Impressa, de Araraquara, sobre a destruição de um Centro de Detenção moderno na cidade faz pensar na prisão federal de segurança máxima que deve ser inaugurada até o fim da semana e, informa hoje o Estadão, ainda nem foi totalmente equipada.
Dias:
– A penitenciária de Araraquara é dividida da seguinte maneira. Ela tem a penitenciária, para 750 presos, uma ala de progressão penitenciária, com um número pequeno, e um anexo de detenção. É um CDP (Centro de Detenção Provisória), junto à penitenciária. Esse CDP foi o primeiro CDP eletrônico do estado. As portas eram abertas por computador. Água e energia controladas por computador. Tudo isso. Dizia-se [ser] super-seguro. Na primeira rebelião, os presos derrubaram o CDP. Invadiram a sala de controle, destruíram os computadores, arrancaram as portas das celas. O CDP acabou. Cinco milhões e oitocentos mil foram gastos. Na rebelião de agora, do fim de semana, os presos acabaram com a penitenciária. Estouraram parede, arrancaram porta, queimaram, destruíram grade. Para você ter uma idéia, eles destruíram os telhados dos quatro pavilhões. Uma unidade que abriga quase 1.600 presos e não mais condição de manter ninguém lá. E o sistema não tem onde abrigá-los.
Mauro:
– O jornalista Cláudio Dias, de Araraquara, diagnostica que a situação das penitenciárias paulistas está fora de controle. Clique aqui para ler entrevista de Cláudio Dias.
Segurança para a segurança
De um modo ou de outro, a questão da segurança pública está mergulhada em politização. No Rio de Janeiro, a candidata ao governo pelo PPS, deputada federal e ex-juíza Denise Frossard, disse que tem medo de ser morta fazendo campanha em favelas. A inspetora da Polícia Civil Marina Maggessi vai se licenciar para concorrer à Câmara dos Deputados. Pretende fazer campanha na Rocinha, entre outras favelas. Mas com esquema de segurança.
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