Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Dia da Consciência Negra
>>Dez anos de Lance! e o futuro do jornal impresso

Dia da Consciência Negra

A Folha de S.Paulo dedicou hoje sua manchete aos negros.

Trata da desigualdade racial na vida e na morte, chamando atenção para o fato de que, no Brasil, as principais causas de mortalidade entre homens negros são externas, com grande destaque para homicídios.

Os brancos morrem mais de doença do que por causas violentas.

A pesquisa, feita por estudiosos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, indica também que, desde 1999 até 2005, melhoraram as condições de saúde para os brancos.

E pioraram para os negros.

Os pesquisadores admitem que é difícil atribuir as causas diretas dessa diferença ao preconceito, mas concordam em que as diferenças de renda  e escolaridade definem o acesso a serviços de saúde de melhor ou pior qualidade.

Um fato estranho é que o Globo usa a mesma pesquisa, mas encontrou números diferentes.

O jornal carioca ignorou a questão da mortalidade e destacou no caderno de Economia um detalhe positivo do estudo, informando que, nos últimos onze anos, os negros conseguiram diminuir a diferença de renda em relação aos brancos, mas enfrentaram o crescimento da taxa de desemprego.

O Estado de S.Paulo também aproveita o Dia da Consciência Negra para discutir a questão étnica no Brasil.

Traz uma pesquisa sobre as diferenças de renda, mostrando que os negros têm rendimento até 44% inferior ao dos brancos em atividades correspondentes.


Completam o esforço do jornal uma entrevista com o historiador Joel Rufino dos Santos e a notícia de que o governo paulista vai propor uma lei específica contra a discriminação racial em órgãos públicos do Estado.

É tudo.

No geral, os jornais navegam na superfície do problema.

Poderiam ter aproveitado a data para discutir o tema que, no geral, ainda provoca desconfortos até mesmo entre intelectuais.

O Brasil é mesmo um dos países onde a desigualdade social e étnica representa um entrave para o desenvolvimento.

Não faltam estudos, como a dissertação do mestrando de História Econômica Ramatis Jacino, que aguarda leitura no banco digital de teses da USP.

Não se espera que os jornais abram páginas para estudos científicos, mas não custa nada incitar a opinião pública a uma conversa sobre o que dizem os antropólogos, sociólogos e economistas e o que pensa, por exemplo, o próprio movimento negro.

Datas como essa não estão aí para esvaziar o sentido dos problemas sociais com mais um dia de folga, mas para preenchê-lo.

Dez anos de Lance! e o futuro do jornal impresso

A incapacidade dos jornais de abordar com profundidade os temas do dia-a-dia e a crescente perda de espaço para a diversidade das notícias, em comparação com a mídia digital, colocam na pauta a questão do futuro do jornalismo impresso.

Esse foi um dos temas de um seminário promovido semana passada em Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil.

O assunto também entrou nos debates promovidos pela Associação Brasileira de Imprensa, no final de semana, durante a primeira Feira do Jornalista Escritor, no Memorial da América Latina, em São Paulo.

O jornal esportivo Lance!, criado justamente no berço da internet, está completando dez anos como um marco na imprensa popular e especializada.

Dines:

– A mídia impressa vai acabar, os jornais estão condenados, não haverá mais lugar para empresas jornalísticas de porte médio? O décimo aniversário do diário esportivo Lance! responde a uma série de perguntas sobre o futuro do jornalismo e, além disso, revela como é difícil enfrentar o rolo compressor da CBF. Convém não esquecer que o Brasil ganhou a Copa de 2014 através de um ‘acórdão’, mas a próxima terá que ser ganha no gramado. Hoje no Observatório da Imprensa, às 22:40, em rede nacional pela TV-Cultura e pela TV-E.