Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Falta um ombudsman do horário eleitoral
>>Primeiro, o patrimônio

Falta um ombudsman do horário eleitoral


O primeiro dia de horário obrigatório deixou clara a falta que faz um ombudsman da propaganda eleitoral. O Globo desempenha hoje esse papel, com uma crítica impiedosa às embromações produzidas pelos candidatos. Mas quanto são os leitores do Globo, comparados aos telespectadores da rede nacional de televisão?


 


Primeiro, o patrimônio


Na segunda-feira houve uma reunião de empresários de mídia da qual saiu um consenso a favor da decisão tomada pela Globo de divulgar o manifesto dos bandidos que seqüestraram o jornalista Portanova e o auxiliar Calado. Na noite do próprio sábado a emissora já havia recebido apoio de donos de jornais e tevês.


Sintomaticamente, o segundo parágrafo do comunicado de organizações patronais publicado hoje e lido ontem na tevê começa com a defesa do patrimônio e chega depois aos assassinatos. Quem redigiu e aprovou o texto não se deu conta de que civicamente, humanitariamente, a ordem razoável seria: “Assassinatos, seqüestros, vandalismo generalizado contra o patrimônio público e privado vêm colocando a população brasileira na condição de refém das organizações criminosas”.


O país parece ter mais de uma população. Porque uma parte muito expressiva da população, pobre e marginalizada, não começou agora a ser refém de organizações criminosas.


 


Estado é problema


Dois professores da Universidade Federal de Pernambuco, Jorge Zaverucha e Adriano Oliveira, escrevem hoje na Folha de S. Paulo: “O crime organizado está alojado nas entranhas do aparelho de Estado brasileiro com sua irmã gêmea, a corrupção”. Mas o manifesto dos donos da mídia não aborda esse problema. Pede “coordenação das autoridades federais e estaduais na questão da segurança pública”. Se autoridades corruptas estabelecessem coordenação, só haveria a solução preconizada por Chico Buarque de Holanda há três décadas: “Chame o ladrão!”.


 


Jornalismo fiteiro


A Itaipu Binacional ganhou em primeira instância um direito de resposta contra a Veja. Está em matéria paga pubilcada hoje. São histórias de jornalismo fiteiro, aquele que usa gravações ilegais. Segundo o comunicado da Itaipu, o juiz reconheceu “conteúdo adulterado de gravação de conversa telefônica, de forma a transformar uma mera especulação em verdade absoluta”.


Se toda especulação transformada em verdade fosse punida, muito pouca gente no país escaparia. Nas redações de veículos de comunicação, ninguém.


 


Livro sobre Frias de Oliveira


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, assinala o lançamento de uma biografia Octavio Frias, o empresário que revolucionou a Folha de S. Paulo.


Egypto:


– Foi lançado anteontem, em São Paulo, o livro A trajetória de Octavio Frias de Oliveira, de autoria do jornalista Engel Paschoal. Trata-se de um perfil biográfico do publisher da Folha de S. Paulo, que do alto dos seus 94 anos de idade ainda dá expediente diário na sede do jornal.


O livro ajuda a minorar a pobreza da bibliografia sobre o jornalismo brasileiro. Afora o clássico A Regra do Jogo, de Cláudio Abramo; a biografia de Assis Chateaubriand, escrita por Fernando Morais, e a autobiografia de Samuel Wainer, editada por Augusto Nunes – todos surgidos há mais de dez anos–, foi muito pouco o que depois disso se publicou sobre os personagens que marcaram a imprensa brasileira do século 20. Algumas exceções confirmam a regra: Cobras Criadas, de Luiz Maklouf, acurada reportagem biográfica sobre David Nasser, e o volume Eles mudaram a imprensa brasileira, com depoimentos organizados pelo Cpdoc da Fundação Getúlio Vargas.


É bem-vindo este trabalho sobre Octavio Frias de Oliveira. Tomara que estimule outros.


Duelo da baixaria


Combaterão em blogs na Internet os ex-aliados José Dirceu e Roberto Jefferson. Sinal da dificuldade enfrentada pelas instituições brasileiras no novo contexto tecnológico. Os dois foram cassados, portanto perderam a tribuna parlamentar, mas continuarão a ter audiência. Dirceu também assina artigos no Jornal do Brasil. Jefferson aparece no horário eleitoral.


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