Fatos e factóides
Hoje o plenário julga o deputado João Paulo Cunha. Saiu mais uma denúncia contra a Nossa Caixa sob o governo de Geraldo Alckmin. Esses são fatos. Não factóides, como o plantado ontem em Brasília pelo advogado José Roberto Batocchio.
Hora de valorizar princípios
Cada vez mais é preciso que a mídia e os cidadãos não percam de vista alguns princípios.
Primeiro, o direito de defesa deve ser plenamente assegurado a todos.
Segundo, não podem ser recebidas sem visão crítica encenações praticadas por oposicionistas. Nem por governistas.
Terceiro, não podem ser ignoradas as inclinações políticas e os interesses dos veículos de comunicação. A mídia tem donos. Ela precisa, sim, buscar o máximo de isenção profissional e honrar o compromisso com a democracia, de que é parte essencial.
Aos cidadãos cabe manter aceso o espírito crítico.
A Época, o ministro e o caseiro
O programa de ontem à noite do Observatório da Imprensa na televisão promoveu um debate sobre a edição da Época que vazou o extrato bancário do caseiro Francenildo. O ouvinte encontra aqui a transcrição das principais intervenções.
A Época entrou no jogo de quem quis desmoralizar o caseiro. A questão não era e não é se o caseiro foi estimulado pela oposição a falar. Foi. A questão não seria nem mesmo que alguém tivesse dado dinheiro a Francenildo. Isso não muda a natureza do que ele disse. O caseiro e mais duas pessoas disseram que o ministro freqüentava a casa. Palocci havia dito que não. Essa suposta mentira e a tentativa de desmoralizar o caseiro levaram o presidente Lula a demitir o ministro. Mas não haviam comovido a Época. Que nem se perguntou qual pode ter sido o dedo do Planalto, onde Palocci estava abrigado, nessa história toda.
Distraídos
Para o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil que circulam nesta quarta-feira, 5 de abril, o ex-ministro Palocci ainda é esperado para depor na Polícia Federal. Os dois jornais não souberam que Palocci depôs ontem durante três horas.
Internet e voto
O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, fala da relação entre internet e processos eleitorais.
Egypto:
– O New York Times publicou uma longa matéria sob o título, em tradução livre, “Internet provoca mudança geral na política americana”. Essa alteração é acelerada pela proximidade das eleições para o Congresso, neste ano, e para a Casa Branca, em 2008. O impacto da internet está obrigando os políticos a uma revisão geral nos critérios de propaganda e de coleta de fundos, e também dos mecanismos de mobilização de eleitores.
Estamos diante de uma nova forma de fazer política? E no caso brasileiro? Como a internet vai impactar as eleições gerais deste ano?
Tanto lá como cá, a televisão ainda é o meio de comunicação mais importante das campanhas eleitorais. Mas muitos políticos já perceberam que a Web dá mais resultados do que os meios tradicionais quando se busca o acesso personalizado ao eleitor; e é capaz de garantir que a mensagem do candidato ou partido chegue de maneira mais eficiente a públicos específicos.
Teremos uma campanha dura neste ano e a internet poderá ser uma mídia determinante. Será bom acompanhar com atenção. Muita atenção.
Mauro:
– Ouvinte das rádios MEC AM e FM do Rio de Janeiro: pedimos desculpas pela má qualidade da reprodução do Observatório da Imprensa. Trata-se de problemas técnicos que serão sanados no mais curto prazo possível.
Queixa do presidente
O presidente Lula cobra trabalho do Congresso. Mas a Câmara e o Senado são presididos por aliados do presidente.
A viagem espacial da mídia
Alberto Dines criticou no programa de televisão do Observatório da Imprensa a cobertura da viagem do astronauta Marcos Pontes. Dines perguntou como foi possível esquecer a tragédia de Alcântara e omitir que, antes do brasileiro, cinco outros latino-americanos já haviam participado de missões espaciais.
Que se fabriquem heróis, disse Dines. Esse é o negócio da mídia. Mas não se fabriquem inverdades. E explicou: não existe termo de comparação entre a vida e as façanhas de Santos Dumont e o passeio brasileiro a bordo da nave russa.
A favela estigmatizada
Ferréz, autor do livro Capão Pecado, critica hoje na Folha de S. Paulo o documentário Falcão, meninos do tráfico, e todo o processo de sua divulgação na mídia. O presidente Lula, ao receber no Planalto MV Bill, um dos autores do documentário, tocou em ponto semelhante: o filme projeta da favela, ou do bairro pobre, uma imagem parcial. Como fizera antes Cidade de Deus.
Para o escritor do Capão Redondo, bairro da periferia pobre de São Paulo, “retratar o caos, pura e simplesmente, não é revolução”. Ferréz propõe mudanças, entre elas ‘orientar sobre gravidez precoce e sobre o uso de drogas, montar uma campanha real para meninos e meninas estigmatizados pelos olhos da elite, do próprio povo e de todos os meios de comunicação”.
Pôs o dedo na ferida: o estigma.
# # #
Leitor, participe: escreva para noradio@ig.com.br.