Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Franklin nem começou
>>Não à TV Voz do Brasil

A crise e os cargos


A crise aérea tem seis meses e o governo não consegue arrumar a casa. Enquanto isso, PT e PMDB brigam por cargos em bancos estatais.



Geddel é proustiano


O novo ministro da Integração, Geddel Vieira Lima, diz [no jornal Valor] que não vai seguir o modelo de Ciro Gomes na transposição das águas do São Francisco. Geddel usa referêencias proustianas para explicar sua aproximação com o governo Lula. Coisas nossas, como diria Noel Rosa.


Franklin nem começou


O Alberto Dines diz que a mídia deve ser mais prudente ao encarar a ida do jornalista Franklin Martins para o futuro Ministério da Comunicação. Fala, Dines.


Dines:


– A indicação do jornalista Franklin Martins para comandar o recém-criado Ministério da Comunicação Social deixou a imprensa excitada neste fim de semana. A preocupação, evidentemente, não é com a pessoa do futuro ministro, jornalista competente e sério. As aflições relacionam-se com o fato de que pela primeira vez a mesma repartição cuidará da distribuição das informações e da distribuição de publicidade, o que já está sendo chamado de combinação do verbo com verbas.


A excitação é despropositada: o novo ministro ainda não desenhou a estrutura do novo ministério e certamente só a apresentará quando tomar posse. É preciso não esquecer que mesmo em guichês diferentes o governo pode castigar com cortes de publicidade aqueles que o criticam ou privilegiar aqueles que lhe são simpáticos. Isso, aliás, vem acontecendo a partir das revelações do mensalão. É engraçado notar que a mídia não reclama contra as vultosas verbas publicitárias do governo, essa é uma causa que estranhamente não a sensibiliza. Pois devia: o dinheiro do contribuinte só deveria ser gasto em publicidade explícita de serviços públicos ou em projetos comprovadamente culturais, como acontece em tantos países. Ao invés de espernear antes da hora, a imprensa deveria preparar sugestões ao novo ministro. Uma boa ouvidoria evitaria eventuais injustiças, um conselho auto-regulador impediria decisões voluntaristas e assim por diante. Uma coisa é certa: o tal projeto da Rede de TV do Executivo vai sair das mãos do ministro Hélio Costa e a RAI italiana não mais servirá de paradigma para nossa Rede Pública de TV.



Não à TV Voz do Brasil


Hoje o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos se pronuncia categoricamente, em entrevista na Folha, contra uma “TV Voz do Brasil”. Bastos é otimista quanto ao relacionamento do governo com a mídia no segundo mandato de Lula. Franklin Martins publicou em 2005 o livro Jornalismo político, no qual afirma que “democracia (….) implica também aumento do espírito crítico e maior interferência da sociedade em todos os espaços públicos e de formação da opinião pública. A imprensa é um deles, talvez o mais importante deles”.


Operação política


A maior balela que a mídia comprou nos últimos tempos consiste em dizer que a megaoperação das polícias civis de sexta-feira passada foi “contra o crime organizado”. A operação foi política e corporativista, com a colaboração da mídia.


Receitas velhas


O Globo matou a charada da visita dos governadores à Colômbia: foram conhecer programas já aplicados no Rio. Alguns, há mais de vinte anos. Mal aplicados, é claro.


Brasileiros proscritos


O escritor sem-teto Sebastião Nicomedes denunciou há duas semanas, por intermédio da Época e do site da revista, a morte do morador de rua Ricardo de Oliveira, que não foi atendido na Santa Casa de Santo Amaro. Ele opina sobre o trabalho da imprensa.


Sebastião:


– Eu acho que a mídia até fez a parte dela, mas deveria ter um pouco mais de empenho em termos de cobrança. Por exemplo, a mídia no caso da morte daquele garoto no Rio, que é uma situação muito triste, e constrangedora, mas é de uma família de melhor poder aquisitivo. Então, deu uma cobertura e cobrou-se um pouco mais, até provocou discussão sobre a redução da maioridade penal. Num caso como o do Sr. Ricardo, que morava na rua, não se foi tão longe e não se exigiu tanta mudança assim.


Mauro:


– Sebastião Nicomedes aponta um assunto que, em sua verdadeira dimensão, é ignorado pela mídia.


Sebastião:


– Foi em Apucarana, esse caso recente. A Prefeitura, a Polícia, todo mundo verificando quem é de fora da cidade e devolvendo para suas cidades de origem, seus locais de origem. Mas a questão é que quem saiu de sua terra, por alguma dificuldade, da sua cidade, não tem cidade de origem. Ele já está perdendo a nacionalidade, ele não tem direito de ficar no Brasil onde ele quer. Isso está acontecendo muito no Sul, em Santos, no Rio, em Caraguatatuba. E aí as pessoas são transferidas de um lugar para o outro, ou muitos são devolvidos para São Paulo.


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