Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>IstoÉ e Vedoin
>>Valorizar a democracia

IstoÉ e Vedoin


A Folha mostra hoje, com destaque, a participação da revista IstoÉ na mal-sucedida aventura do Dossiê Vedoin. A informação está associada à festa, realizada ontem, em que o presidente Lula foi homenageado pela Editora Três, que publica a IstoÉ.



Valorizar a democracia


Alberto Dines fala da relação entre dois acontecimentos nefastos ocorridos num mesmo contexto histórico, o AI-5 e o advento da ditadura de Pinochet no Chile, e da importância de defender a democracia.


Dines:


– A morte do ditador Augusto Pinochet, ocorrida no domingo, deve ser examinada junto com o trigésimo oitavo aniversário do Ato Institucional número 5, que transcorre amanhã. A promulgação do famigerado AI-5 ocorreu em 68. O golpe militar contra o governo Allende, comandado por Pinochet, aconteceu em 73, cinco anos depois. Os dois fatos fazem parte do mesmo processo histórico, estão no mesmo contexto político. O AI-5 foi um golpe dento de um golpe, liquidação dos resquícios de democracia que persistiam no cenário político brasileiro. Já o golpe de Pinochet liquidou uma democracia estável, talvez a mais estável da América do Sul. Pinochet morreu, o AI-5 foi liquidado, mas é preciso reconhecer que a democracia ainda não está assentada em bases definitivas na América Latina. Mais grave do que isso é o desprezo ostensivo de certos grupos e certos dirigentes pelo estado de direito. Apesar de tantos sacrifício e das duas décadas perdidas, apesar do luto e das lutas, a democracia não pode ser encarada com ceticismo, qualificada como burguesa, a serviço das elites. A democracia beneficia a todos, indistintamente. Pinochet é uma página virada da História chilena, junto com a ditadura militar brasileira. A democracia é uma conquista que não pode ser desperdiçada, apesar de tantas tentações autoritárias.


Perguntar não ofende


Por que a imprensa não discute a elevação astronômica do orçamento das obras para o Pan-Americano de 2007?


Brasil no Haiti


O general Augusto Heleno Pereira, ex-comandante brasileiro das tropas da Missão da ONU para Estabilização do Haiti, participou ontem de um curso sobre cobertura em área de conflito promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Abraji, e pela Oboré Projetos Especiais, com apoio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de diferentes veículos de comunicação. Ele avalia os resultados do contato.


General Heleno:


– A oportunidade de nós trocarmos experiências, aqui, principalmente, onde tem jornalistas de órgãos de expressão, com uma vasta experiência na profissão, e eu também me considero experiente, então nós estamos sobretudo colocando na mesa o que eu vivi – alguns já colocaram algumas das suas vivências… Eu acho que faz parte do aperfeiçoamento profissional de ambos, tanto do jornalista quanto do militar, e nós temos muitas coisas em que nós somos muito próximos, e nós temos que nos aproveitar disso para cada vez criar um relacionamento mais cordial, mais aberto, mais franco, porque isso só vai construir.


Mauro:


O jornalista do Diário de S. Paulo Luiz Kawaguti, que esteve no Haiti e escreveu o livro A República Negra, Histórias de um repórter sobre as tropas brasileiras no Haiti, descreve esse trabalho:


Kawaguti:


– O livro fala sobre o cotidiano das tropas, desde acomodações, o que eles fazem no dia-a-dia, a natureza das missões, as patrulhas, os check-points, a interação com a Polícia Nacional do Haiti, que não existe, na verdade, a Polícia Nacional do Haiti ataca a população, e a população vê nos brasileiros a forma de se defender contra a Polícia Nacional do Haiti. A gente fala também sobre uns supostos casos de abuso da violência durante interrogatórios, por tropas brasileiras, da operação bem-sucedida da favela de Bel Air, que se transformou num exemplo de operação de paz para a ONU, e que foi uma estratégia criada pelos brasileiros, pelo general Heleno e pela equipe dele, que deu muito certo no Haiti. E falamos também do cotidiano duro, das batalhas, dos conflitos, de como os brasileiros estão se adaptando a essa situação caótica do Haiti, que é um país com 80% de desemprego, barricadas feitas com lixo, pneus, carcaças de carro, na rua, sem energia elétrica, sem infra-estrutura, sem saúde, e do que o Brasil está fazendo lá.


O ovo da serpente


A farsa montada pelo governo do Irã a título de rediscutir o extermínio dos judeus na Europa mostra como está vivo e atuante o pensamento fascista.