Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Jornalista na cadeia
>>Jornalismo e entretenimento
>>Gushiken demissionário
>>Ministério da Saúde
>>Jornalismo marrom
>>Paraisópolis ignorada

Jornalista na cadeia


O crítico de mídia do Washington Post, Howard Kurtz, escreve hoje que enquanto a jornalista Judith Miller, do The New York Times, vai para a cadeia, permanecem livres os integrantes do governo que podem ter violado a lei ao discutir com ela a identidade de uma agente da CIA.


O The New York Times diz que se trata do maior desafio que a imprensa americana enfrenta desde o caso dos papéis do Pentágono, em 1971, quando a Justiça proibiu o jornal de publicar documentos sobre a Guerra do Vietnã. Naquele episódio, o Washington Post desafiou a proibição. Mais adiante, o Post enfrentou o governo de Richard Nixon no caso Watergate. Nixon, como se sabe, renunciou para não ser cassado.


Jornalismo e entretenimento


A confusão entre jornalismo e entretenimento apareceu nua no programa em que o comediante Jô Soares conversou com o primeiro acusado de corrupção em toda essa crise, o ainda deputado Roberto Jefferson. Jefferson usa as palavras com eficiência. Ganha palmas do auditório, como ganhou tapinhas nas costas no Congresso.


Mas não fica atrás a nomeação do senador Hélio Costa como Ministro das Comunicações. Nesse caso é completa a confusão entre jornalismo, entretenimento, política e negócios.


Gushiken demissionário


Graves são também as acusações que envolvem o ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação. Tão graves que O Globo desta quinta-feira, 7 de julho, anuncia que ele decidiu deixar o governo.


Ministério da Saúde


É espantoso que o presidente Lula nomeie para o Ministério da Saúde um político que, como mostrou ontem a televisão, é velho aliado do ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso. Foi Newton que alçou ao primeiro plano da política mineira o banco BMG, da família Pentagna Guimarães, que na era Marcos Valério chegou ao primeiro plano da política nacional. Nenhum jornal menciona esse dado da biografia do novo ministro da Saúde.


Jornalismo marrom


Em alguns casos, o que ameaça a boa prática do jornalismo não é a confusão entre jornalismo e entretenimento. É pior. É a prática do jornalismo marrom, quase tão velho como o próprio jornalismo. O Alberto Dines previu que o ventilador ligado pela mídia chegaria à própria mídia, e agora diz como isso aconteceu.


Dines:


− A CPI dos Correios desmentiu ontem, menos de 24 horas depois, os esclarecimentos do repórter Leonardo Attuch na última edição televisiva do Observatório da Imprensa. Perguntado sobre por que não publicou em setembro do ano passado a matéria com a ex-secretária Fernanda Karina, explicou que na ocasião não tinha as provas. Por isso resolveu esperar. Ontem, o ex-patrão de Fernanda Karina, Marcos Valério, foi taxativo ao informar à CPI que foi convidado pelo dono da Editora Três, Domingo Alsogaray, para examinar a edição com as denúncias de sua ex-secretária e depois disso a matéria foi suspensa. Disse também que pagou ao jornalista Gilberto Mansur, em nome da Editora Três, a quantia de 300 mil reais. Em outras palavras: a matéria foi embargada pelo denunciado pela módica quantia de 300 mil reais.


O repórter Leonardo Attuch também omitiu o fato de que estivera com Marcos Valério depois de obter as informações da ex-secretária. A mentira tem pernas curtas. Comprova-se mais uma vez o que este Observatório vem dizendo desde as primeiras horas: o ventilador ligado pela mídia chegou à própria mídia. Chegou: primeiro à Veja e agora à IstoÉ/Dinheiro.


Paraisópolis ignorada


Ontem os jornais de São Paulo publicaram visita do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra à favela de Paraisópolis, na véspera, para anunciar obras de urbanização. Nem uma palavra sobre a violência crescente que sofre a segunda maior favela paulistana nas últimas semanas. Mal e mal os jornais noticiam ataques armados que produzem mortos e feridos. Embora encravada em bairro de classe média alta, a mídia não chega até lá.