Jornalistas no noticiário
Jornalistas são nesta quinta-feira (10) personagens no noticiário.
O Estado de S. Paulo informa que perdeu contato há uma semana com seu enviado à Líbia Andrei Netto. O vice-chanceler de Kadafi afirmou que Andrei provavelmente foi preso, com outro jornalista e um guia líbio, por forças governistas. No Globo, a informação é de que eles teriam sido presos por um líder tribal da região de Zawiya.
A Folha publica artigo de Peter Beaumont, correspondente em Trípoli do jornal inglês The Guardian, no qual ele critica a passividade com que ele e seus colegas aceitam diariamente o jogo do governo de Kadafi. Beaumont escreve: “Somos uma audiência cativa. Ao registrar o que os porta-vozes dizem, damos crédito a suas declarações, por mais extravagantes que sejam”.
A Folha noticia que um saite de São José dos Campos divulgou vídeo feito pelo circuito interno do shopping Pátio Higienópolis no qual aparece um encontro entre o secretário de Segurança de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, e o repórter Mario Cesar Carvalho, da Folha. O saite Veja São José diz que o secretário passou a Carvalho material que seria usado em reportagem na qual era denunciada a venda para particulares, por um funcionário da secretaria, Túlio Khan, de dados sigilosos sobre a criminalidade no estado. Um saite anônimo de policiais reproduziu o vídeo, tornando evidente mais uma briga interna na polícia paulista. A Folha lamenta que “imagens colhidas no circuito interno de um shopping tenham sido utilizadas na tentativa de coibir o trabalho da imprensa”.
Finalmente, a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, levou uma mordida do passarinho do Twitter. Repassou mensagem que lhe chegou na qual um tuiteiro listava, entre os políticos que lhe dão nojo, Lula, Sarney e José Dirceu. Helena se desculpou logo pelo deslize.
O crime em duas dimensões
Bruno Paes Manso é um repórter consagrado em São Paulo. No início de fevereiro, assinou com Marcelo Godoy, no Estadão, reportagem que mostrava intrigante aumento do número de homicídios em bairros do centro de São Paulo, no mesmo período em que esses crimes diminuíam na cidade como um todo. Bruno acompanha esse assunto como repórter e como pós-graduando da USP, matriculado no departamento de Ciência Política. Ele escreve uma tese de doutorado sobre Os Homicídios em São Paulo – Crescimento e Queda entre 1960 e 2000. No Observatório da Imprensa Online, o ouvinte encontrará uma entrevista de Bruno Paes Manso sobre a convivência entre suas atividades acadêmicas e jornalísticas. Aqui, ele fala de seus colegas que cobrem o assunto crime no dia a dia:
Bruno Paes Manso – A criminalidade é um assunto bastante desagradável, que muita gente prefere evitar. Você percebe numa roda de bar, ou numa festa. É um assunto que todo mundo prefere deixar um pouco de lado. No jornal ela sempre fica também a um passo do sensacionalismo, e é sempre necessário ter cuidado para não errar a mão. Mexe com medo, com preconceito, e o risco de escorregar é sempre muito grande. O tema é muito complicado. O cotidiano também é muito difícil. Trabalhar com fonte policial é complicado. As entrevistas muitas vezes são com pessoas que passaram por tragédias recentemente. É difícil chegar, conversar e fazer a pergunta que deve ser feita. Tudo isso torna o cotidiano muito complicado. Aqui no Estadão eu não costumo cobrir o dia a dia do crime. Muitas vezes eu entro mais quando os assuntos são relacionados à segurança pública, como crises no Rio de Janeiro, crises aqui em São Paulo. São temas de que eu gosto mais. Mas eu acho que os repórteres de polícia, o pessoal que consegue tratar esse tema com dignidade, e que camela no dia a dia, são os profissionais que eu mais respeito no jornalismo. Acho que são fundamentais para a profissão.