Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

>>Lebres de campanha
>>Pobre “ciência política”

Lebres de campanha


O mais recente Datafolha tende a ser o mote da cobertura jornalística até uma próxima pesquisa, ou até que alguma nova surpresa ligada à famosa pergunta – de onde veio o dinheiro? – embaralhe as cartas do jogo. Jogo nervoso: faltam 19 dias corridos.


Algumas questões relevantes de políticas econômicas e de políticas sociais dão sinal de vida no noticiário. Quase sempre discutidas em clima de campanha. Como hoje na manchete do Globo: “Corte de gastos abre nova frente na guerra presidencial”. A metáfora bélica procura dar urgência a um debate esotérico, a partir de propostas que nem o candidato Geraldo Alckmin encampa.


Pobre “ciência política”


Armam-se no imediatismo da campanha os primeiros e toscos prognósticos sobre o futuro quadro político. Já se deduz do processo eleitoral que, derrotado, Geraldo Alckmin seria o chefe da oposição. Comentaristas dizem que ele ganhou “musculatura”, hipérbole soprada diretamente por áulicos de Alckmin. Ou que, derrotado Lula, o país seria virtualmente ingovernável e o hoje presidente entraria em campanha para a sucessão de 2010, idéia que agrada os interessados no futuro do PT e adjacências.


O contexto mais amplo em que se movem os atores é ignorado. Entre outras razões, porque proliferam profissionais da academia denominados bizarramente “cientistas políticos” e escasseiam intelectuais capazes de fazer análises políticas com P maiúsculo, do velho tipo “balanço e perspectivas”. Com as honrosas exceções de praxe.


No ar, a TV Google


O editor do Observatório da Imprensa Online, Luiz Egypto, chama a atenção para o nascimento da chamada TV Google.


Egypto:


– Anunciada anteontem, a compra do site de vídeos YouTube pelo gigante Google é mais um movimento das grandes empresas de internet na direção estratégica da convergências de mídias. Líder entre os motores de busca, dono do Gmail, Orkut, Google Earth e vários outros serviços de sucesso, ademais pioneiro de um esquema inventivo de venda de publicidade, o Google agora aponta suas baterias para um alvo bem definido: a futura popularização da TV na web. E vai gastar a bagatela de 1,65 bilhão de dólares para controlar o YouTube, empresa que decolou há menos de um ano, oferece mais de 100 milhões de vídeos de acesso gratuito e virou a nova coqueluche da web.


A edição de ontem da Folha de S. Paulo informa que o montante pago pelo Google nessa compra corresponde a dez por cento do valor de mercado da General Motors – uma demonstração eloqüente do que de fato difere a economia física tradicional da economia digital emergente. Por outro lado, iniciativas como essa reforçam o protagonismo do entretenimento nas novas mídias. E como fica o jornalismo nesse novo cenário?


Aí está um bom tema para a meditação. E ação.



Concessões digitais


No noticiário do jornal Valor sobre a data de entrada no ar da TV digital há uma brecha para discutir todo o processo de concessão de canais de radiodifusão. Em especial, a parlamentares, o que fere a Constituição.


A voz do ouvinte de rádio


O gerente nacional de jornalismo da CBN, Giovanni Faria, valoriza a participação do ouvinte de rádio:


Giovanni:


– Diariamente, o que me chama a atenção é a colaboração, é a intimidade com que os ouvintes interferem na nossa programação, com idéias, com sugestões, com críticas, com elogios e, muitas das vezes, com pautas maravilhosas. De uma certa forma, o ouvinte participa de uma maneira muito imediata.



Provocações dinamarquesas


Setores da mídia dinamarquesa continuam a intermediar provocações contra muçulmanos. Um ano atrás foram charges publicadas num jornal. Agora, emissoras de televisão exibiram um vídeo em que militantes antiimigração desenham caricaturas de Maomé. A defesa da liberdade de imprensa não valida provocações raivosas, que servem de álibi para reações raivosas.


À margem do debate


A Polícia de São Paulo foi acusada de seqüestrar, receber o resgate e assassinar um suspeito de envolvimento no roubo do Banco Central de Fortaleza, em 2005. Hoje, o Estadão noticia que a polícia paulista teria assassinado mais um desses suspeitos. No Rio, eliminaram um PM que foi depor sobre a chacina da Baixada Fluminense. Policiais Militares são acusados de ter assassinado lá 29 pessoas em fevereiro de 2005.


As campanhas eleitorais brandem o tema da corrupção e não enfrentam a pior delas.


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